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Entenda o desfecho da eleição na Alemanha

25 de setembro de 2017

Apesar de perder apoio, partido de Merkel mantém liderança e garante quarto mandato para chanceler federal. Novidade é ascensão dos nacionalistas de direita, que entram pela primeira vez no Parlamento em mais de 50 anos.

Simpatizantes da CDU em Berlim
Simpatizantes da CDU em Berlim reagem à boca de urnaFoto: Reuters/F. Bensch

Os alemães foram às urnas em todo o país neste domingo (24/09) para eleger os novos membros do Parlamento. O resultado da eleição legislativaseguiu as previsões, mantendo os partidos que estão no governo como líderes de voto, apesar das perdas significativas, e trazendo pela primeira vez em mais de 50 anos os populistas de direita ao Parlamento, aonde chegam como a terceira maior força política do país.

Cobertura completa: eleição na Alemanha em 2017

Confira os principais pontos da eleição parlamentar:

Alerta a Merkel

A União Democrata Cristã (CDU) e sua ramificação bávara União Social Cristã (CSU), que tinham a atual chanceler federal, Angela Merkel, como candidata à reeleição, mantiveram a liderança na votação deste domingo, mas viram cair de forma significativa seu apoio.

Foram 33% dos votos para CDU/CSU, com perda de 8,5 pontos percentuais em comparação com a última eleição, em 2013. Esse é o pior resultado da legenda desde 1949.

Em pronunciamento após a divulgação das primeiras projeções, Merkel, que garante, assim, um quarto mandato, reconheceu que "esperava resultados melhores", mas se disse feliz por fazer parte do "partido mais forte". Ao todo, a CDU/CSU deve ocupar 246 cadeiras no Parlamento.

Dia difícil para social-democratas

Atual parceiro de coalizão de Merkel, o Partido Social Democrata (SPD), do candidato Martin Schulz, ficou em segundo lugar, com 20,5% dos votos. O resultado corresponde a 5,2 pontos percentuais de queda em relação à eleição passada, há quatro anos.

O número também não agradou aos social-democratas, que, assim como a CDU/CSU, obtiveram seu pior resultado em eleições legislativas desde o pós-Guerra. O partido deve ocupar, ao todo, 153 cadeiras no Parlamento.

"Hoje é um dia difícil e amargo para a social-democracia alemã. E vou dizer diretamente: nós não atingimos o nosso objetivo nestas eleições", reconheceu Schulz em pronunciamento durante a noite.

Do governo à oposição

Assim que saíram os primeiros resultados, o SPD anunciou que não deve continuar apoiando a chanceler federal e que pretende voltar à oposição. "Este é um resultado muito ruim para o SPD, uma derrota muito dura. Para nós, a grande coalizão acaba aqui", afirmou a vice-presidente do partido, Manuela Schwesig, anunciando o divórcio que mais tarde foi confirmado por Schulz.

A vitória sem margem de conforto deve render dificuldades para Merkel formar uma nova coalizão governista. Com a saída do SPD, resta à chanceler federal tentar negociar com os liberal-democratas, que já foram seus parceiros de coalizão antes de 2013, e provavelmente os verdes.

Questionada se teria um governo formado antes do fim do ano, Merkel se negou a fazer previsões, mas descartou a formação de um governo minoritário. "Tenho a intenção de chegar a um governo estável na Alemanha", declarou a chanceler federal.

Em 2013, as negociações para a formação da coalizão da CDU de Merkel com os social-democratas se estenderam por dois meses. Enquanto uma nova parceria entre as legendas não se forma, mantém-se o atual governo.

Schulz e Merkel se cumprimentam em debateFoto: imago/photothek/T. Imo

Nacionalistas no Bundestag

A grande novidade da eleição legislativa deste domingo foi a ascensão da Alternativa para Alemanha (AfD), o partido populista de direita fundado há pouco mais de quatro anos. Ele ingressa pela primeira vez no Parlamento, como a terceira maior bancada.

Com 12,6% dos votos, a AfD deve ocupar 94 cadeiras no Bundestag, à frente de grupos tradicionais que atuam há décadas, como A Esquerda e os verdes. Independentemente de como Merkel rearranjar sua coalizão governista, a legenda populista, que teve um avanço de 7,9 pontos percentuais em relação a 2013, será um dos principais partidos de oposição.

A última vez que a Alemanha do pós-Guerra viu um partido nacionalista chegar tão longe foi no início da década de 1960, quando agremiações como os extintos Partido Alemão e o BHE (o braço político da liga dos alemães expulsos do leste da Europa) chegaram a ocupar cadeiras no Parlamento, mas nenhum deles teve uma votação tão expressiva como a da AfD neste domingo.

Retorno dos liberais

O Bundestag será composto por seis bancadas. O Partido Liberal Democrático (FDP) vem logo atrás da AfD, e volta ao Parlamento após um hiato de quatro anos. Ao conquistar 10,7% dos votos, desta vez os liberais mais que dobraram seu resultado na eleição anterior, de 4,8%, e portanto abaixo da cláusula de barreira de 5% para conseguir mandatos no Parlamento. Na próxima legislatura, eles devem ocupar 80 cadeiras no Bundestag. 

Verdes e A Esquerda mantêm apoio

Outras duas bancadas no Parlamento serão do A Esquerda e do Partido Verde. O primeiro é fruto da fusão de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS) – criado em 1989 e que sucedeu ao Partido Socialista Unitário da extinta Alemanha Oriental (SED) – e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG) – criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas. Já o Partido Verde tem a questão ambiental como principal agenda.

Ambos aumentaram seu apoio em apenas alguns décimos em relação a 2013. A Esquerda obteve 9,2% dos votos e, com isso, ocupará 69 cadeiras no Bundestag, e os verdes terão 67 assentos, com 8,9% dos votos. 

Três quartos dos eleitores nas urnas

O voto na Alemanha não é obrigatório. Ainda assim, 76,2% dos eleitores compareceram às urnas neste domingo para exercer seu direito democrático. A participação foi maior do que na eleição passada, em 2013, quando ficou em 71,5%.

EK/dw

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