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Envelhecimento populacional é desafio na Ásia

Hans Spross md
6 de setembro de 2018

Aumento das médias de idade pesa sobre sistemas de seguridade social de países asiáticos. Enquanto China planeja abolir limite de filhos por casal, Japão cria mecanismos para incentivar maternidade.

Idosa com bengala no Japão
Um quarto da população do Japão tem mais de 65 anosFoto: AFP/Getty Images

Em muitos países asiáticos, as preocupações com o declínio da taxa de natalidade se sobrepõem ao medo de uma superpopulação global. As sociedades em geral estão envelhecendo em um ritmo que as taxas de natalidade não conseguem acompanhar – um fato que representará um grande desafio para muitos sistemas de seguridade social.

Com exceção da Índia, as mulheres em muitos países industrializados e emergentes têm menos de 2,1 filhos, em média, taxa considerada necessária para manter uma população. Os governos tentam influenciar o desenvolvimento demográfico de várias maneiras.

Política do filho único

A China introduziu sua política de um só filho após a era Mao, porque o crescimento populacional ilimitado não era compatível com os planos do presidente Deng Xiaoping de aumentar a prosperidade. Mas autoridades perceberam que a China, ainda o país mais populoso do mundo, pode enfrentar problemas sociais maciços caso a taxa de natalidade continue baixa.

Como resultado, em 2015, Pequim relaxou oficialmente a política do filho único – na verdade, várias exceções a haviam transformado numa política do 1,5 filho – e começou a permitir que as famílias tivessem dois filhos. Agora, parece que o governo planeja abandonar os limites de quantas crianças as famílias podem ter, de acordo com um projeto de lei que deve ser adotado em 2020.

Para encorajar as mulheres a ter mais filhos, no entanto, o governo precisa facilitar o equilíbrio entre trabalho e vida familiar. Desconfiadas da nova política mais favorável à maternidade, muitas empresas tentaram evitar empregar mulheres em idade fértil para economizar custos.

Por outro lado, parece que muitas famílias se contentam em ter apenas um filho pensando nos custos – em particular, quando se considera uma educação de primeira classe – e tendo em vista das obrigações que os casais têm em relação a seus próprios pais.

"Total absurdo"

Um ano depois de a política do filho único ser relaxada, houve um aumento nos nascimentos, embora mais fraco do que o esperado, com 1,3 milhão de crianças nascidas, em vez dos 3 milhões projetados pelas autoridades chinesas de planejamento familiar.

Dois cientistas sociais da Universidade de Nanjing apresentaram recentemente uma proposta para aumentar as taxas de natalidade. Trabalhadores sem filhos com menos de 40 anos poderiam pagar uma porcentagem de seus salários em um fundo para bebês recém-nascidos. Se eles tiverem dois filhos, teriam direito a benefícios; mas caso tenham apenas um filho, só teriam direito ao reembolso de suas contribuições ao fundo após atingirem a idade legal de aposentadoria.

"Um total absurdo", foi o comentário da CCTV. A emissora estatal argumentou que melhorar as opções para as famílias jovens para incentivá-las a ter mais filhos é o caminho a se trilhar – e não adicionar encargos financeiros.

"E se o estado assumisse uma porcentagem dos custos de educação, saúde e custo de vida desde o nascimento de uma criança até ela atingir a maioridade?", propôs o pedagogo Xiong Bingqi, no jornal Beijing News. "Ter um filho não custa nada no início, mas depois fica caro", disse, argumentando que o plano poderia ser testado em regiões subdesenvolvidas.

Altos e baixos no Irã

O Irã, onde as taxas de natalidade diminuíram rapidamente em meados do século 20, mesmo sem limites obrigatórios, também testou várias políticas de planejamento familiar. Durante o governo do xá Mohammad Reza Pahlavi, o país lançou um programa de planejamento familiar apoiado pelos EUA, que, no entanto, não teve muito efeito sobre o comportamento reprodutivo das pessoas.

Na época da Revolução Iraniana, em 1979, as iranianas tinham uma média de seis filhos, e até um recorde de 6,5 crianças por mulher nos anos 80, uma reação patriótica aos apelos do líder religioso do país, o aiatolá Ruhollah Khomeini, durante a guerra com o Iraque, para criar um exército de 20 milhões de pessoas.

Diante de uma economia em desaceleração e do desafio de uma população cada vez mais jovem após a guerra, o Irã mudou de rumo sob os presidentes reformistas Akbar Hashemi Rafsanjani e Mohammad Khatami. Dois filhos tornaram-se a norma, graças a um programa de planejamento familiar.

Em 2005, o linha-dura conservador Mahmoud Ahmadinejad assumiu a presidência, e ter um grande número de crianças filhos foi novamente declarado uma bênção, enquanto o planejamento familiar foi descartado como estratégia do Ocidente para enfraquecer o Irã. O sucessor de Khomeini, o aiatolá Ali Khamenei, chamou as políticas dos governos anteriores de um "erro que precisava ser corrigido".

Fim dos controles de natalidade gratuitos, proibição de esterilização, incentivos financeiros para famílias maiores, menos programas de educação sexual para adolescentes, admissão limitada em faculdades para mulheres que buscam determinadas profissões – até 2014, o Irã tentara várias formas diferentes de forçar um baby boom. Em vão, no entanto: as mulheres iranianas têm, em média, dois filhos.

O Irã está numa fase demográfica favorável: crescimento populacional moderado, junto com uma grande população produtiva. No entanto, com o país novamente atormentado pelas sanções dos EUA, muito precisaria melhorar economicamente para o Irã se beneficiar desse "dividendo demográfico".

Dividendo demográfico da Índia

A Índia também tem um grande número de jovens. No entanto, com o crescimento econômico em declínio, a automação em ascensão e menos empregos no setor agrícola, o país não conseguiu criar empregos suficientes.

Diferentemente de China, Irã e Japão, a Índia possui uma população em crescimento, e não houve flutuações súbitas – mesmo que a tendência geral tenha sido uma diminuição gradual desde 1965. Ainda assim, não se espera que a taxa de natalidade da Índia caia abaixo da marca de 2,1 até 2040.

Atualmente, limitar o crescimento populacional não é prioridade na agenda hindu-nacionalista do primeiro-ministro Narendra Modi.

Japão planeja com antecedência

O Japão já tem uma população relativamente idosa. Uma em cada quatro pessoas tem mais de 65 anos, e sua proporção está aumentando. Espera-se que a população atual do Japão, de 128 milhões, caia para 112 milhões até 2045.

Em 2005, o Japão criou um posto de gabinete responsável por elevar a taxa de natalidade. Há alguns anos, especialistas criaram mecanismos para ajudar a remover os obstáculos que impedem as pessoas de se casarem e promoveram incentivos financeiros – o que não resultou num aumento da taxa de natalidade.

Ao contrário da Índia e do Irã, no entanto, o Japão tem mais vagas de emprego do que pessoas procurando emprego. Muitas empresas tentam atrair os trabalhadores oferecendo benefícios – desde recreação e horários flexíveis até aconselhamento matrimonial e folga para procriação.

Nenhuma dessas iniciativas, no entanto, parece trazer uma mudança significativa, e algumas empresas já estão se preparando para adotar linhas de montagem completamente automatizadas para serem executadas 24 horas por dia, sete dias por semana. O Japão tem até planos de robôs e inteligência artificial assumirem tarefas de enfermagem no futuro.

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