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Epidemia de ebola já afeta economia da África Ocidental

Philipp Sandner (msb)7 de agosto de 2014

Voos cancelados, fronteiras fechadas: medo do vírus muda a rotina na Libéria, na Guiné e em Serra Leoa – e atinge em cheio economia dos países mais afetados pela doença.

Foto: picture-alliance/dpa

Desde que a Libéria registrou o primeiro caso de contaminação pelo vírus ebola, em março passado, a rotina da população local mudou. "O ebola está atrapalhando a nossa vida", reclama Caesar Morris, proprietário do cyber café I-Café, na capital Monróvia. "Desde que o governo apertou as medidas de segurança, ninguém pode mais andar livremente por aqui", lamenta o comerciante.

Houve mudanças até mesmo dentro de seu estabelecimento. Antes de passarem pela porta, os clientes precisam pisar num pano encharcado com cloro. Depois, têm que lavar bem as mãos numa pia para, só então, poderem entrar no I-Café.

As novas regras – que valem para todos os estabelecimentos – estão reduzindo o número de clientes, diz Morris, que ainda têm que gastar mais com desinfetantes. Mas a desconfiança e o medo da população são os maiores vilões dos negócios nos últimos meses. "As pessoas não querem mais chegar nem perto uma das outras. Nem apertar a mão", diz o empresário.

Para ele, há uma explicação bem simples para o seu negócio continuar de portas abertas: "as pessoas precisam do meu serviço de internet". Já outros setores que oferecem itens não tão "essenciais", especialmente os que têm contato direto com o público, estão sofrendo mais com as consequências da epidemia.

Fronteiras fechadas

Os primeiros casos de ebola foram registrados na Guiné, em março passado. Em seguida, a presença do vírus também foi confirmada nas vizinhas Libéria e Serra Leoa. A doença tem um alto índice de fatalidade – segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ao menos 932 pessoas já morreram com o vírus. Mais de 1.700 foram infectadas.

Há pouco tempo, a Nigéria também foi atingida. No fim de julho, um liberiano morreu na cidade nigeriana de Lagos após chegar de um voo de Monróvia. O episódio fez com que as companhias aéreas africanas Arik e Asky decidissem suspender os voos para a Libéria e Serra Leoa.

"As pessoas estão com medo de viajar agora, quando se fala de uma doença tão perigosa", afirma Michel Balam, funcionário da Asky em Conacri, capital da Guiné. Por isso, diz ele, a empresa têm tido menos passageiros desde o início do ano, quando a primeira suspeita de contaminação por ebola foi divulgada.

As companhias aéreas internacionais Emirates e British Airlines também divulgaram que, até o fim de agosto, os voos para os países atingidos pelo vírus serão cancelados. Elas explicaram que a prioridade no momento é zelar pela segurança dos passageiros e de seu pessoal em terra e no ar.

Grandes perdas

A suspensão dos voos deverá gerar grandes perdas econômicas para os países do oeste africano, avalia Nelson Agbagbeola, da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Ecowas, sigla em inglês). Segundo ele, o isolamento dos países onde os casos estão concentrados, assim como o fim do comércio entre vizinhos, também devem contribuir para isso.

A fim de evitar a disseminação do ebola para os países vizinhos, as fronteiras da Libéria e de Serra Leoa foram fechadas. "Nenhum produto agrícola da Guiné pode mais ser importado. Com isso, em Serra Leoa, os preços já subiram muito", diz Agbagbeola.

A luta contra a epidemia é prioridade máxima nos três países afetados pelo ebola. Os países vizinhos também estão engajados. Em julho, a Ecowas, com sede na capital nigeriana, Abuja, criou um fundo para ajudar os Estados a reduzirem os efeitos da epidemia em suas economias. A Nigéria depositou 3,5 milhões de dólares neste fundo. O Banco Mundial, mais 200 milhões de dólares.

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