Epidemia de sarampo ameaça os yanomami, afirma ONG
29 de junho de 2018
Survival International alerta que indígenas têm baixa imunidade à doença e que surto pode ter origem no garimpo ilegal em regiões remotas da Amazônia no Brasil e na Venezuela.
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Entidades que lutam pela defesa dos povos indígenas no Brasil e na Venezuela alertaram nesta quinta-feira (28/06) para um grave surto de sarampo que estaria ameaçando os yanomani, a maior comunidade isolada na Amazônia.
A ONG Survival International alertou que os yanomani têm baixa imunidade à doença, o que poderia resultar em centenas de mortes caso medidas de emergência não sejam adotadas.
Segundo a ONG, milhares de garimpeiros invadiram a região, e eles podem ser a fonte do surto. A entidade denunciou que as autoridades não tomaram as providências necessária para removê-los do local.
"Estamos enfrentando muitos problemas, principalmente com o aumento do garimpo", afirmou Dario Kopenawa Yanomami, da ONG Yanomami Hutukara. "Sabemos que aproximadamente 10 mil garimpeiros estão na terra indígena yanomani."
"Estamos correndo riscos, nossos rios estão poluídos, contaminados com mercúrio. Os peixes morrem, a crianças pegam diarreia e essa série de doenças que estão aparecendo", afirmou.
Ao menos 23 indígenas foram levados para um hospital em Boa Vista, no estado de Roraima, mas a maioria dos que foram contaminados pela doença vive em locais remotos, sem cuidados médicos. Na Venezuela, a Survival International pediu que as autoridades enviem assistência médica para as comunidades mais isoladas.
"Quando indígenas são afetados por doenças comuns, como sarampo e gripe, às quais eles não conheciam, muitos morrem, e populações inteiras podem ser exterminadas. Estes povos são os mais vulneráveis do planeta. A assistência médica urgente é a única coisa prevenindo essas comunidades de serem devastadas", afirmou Stephen Corry, diretor da Survival International.
RC/ots
Áreas protegidas na Amazônia continuam ameaçadas
A Amazônia ocupa cerca de 50% do território brasileiro e tem mais de 300 unidades de conservação, que incluem reservas biológicas e terras indígenas. Veja quais são e que desafios enfrentam as reservas na Amazônia.
Foto: picture alliance /dpa/Prisma
Uma floresta de superlativos
Com uma área de quase sete milhões de km², a Amazônia coleciona recordes mundiais. É a maior bacia hidrográfica do mundo e concentra cerca de um quinto do volume total de água doce do planeta. São 25 mil quilômetros de águas navegáveis. O bioma Amazônia se estende por nove países sul-americanos: Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
Foto: ICM/Leonardo Milano
Biodiversidade inigualável
A Amazônia é a maior floresta tropical e reserva de biodiversidade do mundo, com mais de 30 mil espécies de plantas e animais. Os produtos da floresta são explorados de forma sustentável em reservas específicas. "Também há recursos não tão palpáveis, como carbono, importante para manter o regime climático", diz Ane Alencar, diretora científica do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
Foto: ICM/Luciano Malanski
Tipos de reservas
No Brasil, existem as chamadas Áreas Protegidas, para preservar a natureza e tradições culturais. Elas são compostas por Unidades de Conservação (UCs) e Terras Indígenas. Há 334 UCs na Amazônia, incluindo reservas biológicas, parques nacionais, reservas extrativistas e de desenvolvimento sustentável, onde vivem populações tradicionais que exploram os recursos naturais sem esgotá-los.
Foto: WWF Brasil/Luciano Candisani
Ameaça permanente
O relatório de 2017 do WWF sobre Unidades de Conservação sob Risco aponta que o Brasil é "líder mundial em extensão de áreas protegidas". Mas a ONG internacional denuncia uma ameaça permanente a essas regiões por produtores rurais, empresas de mineração ou grileiros de terras públicas. Esses perigos são cada vez maiores por causa de ofensivas no Congresso Nacional contra unidades de conservação.
Foto: Imazon/Araquém de Alcântara
Redução das áreas de preservação
Um dos exemplos citados pelo WWF é a Floresta Nacional do Jamanxin, no Pará. A organização não governamental denuncia que, por causa de medidas provisórias publicadas pelo presidente Michel Temer e propostas aprovadas em comissões especiais no Congresso Nacional, calcula-se que a floresta poderá perder mais de oito mil km² de sua extensão.
Foto: Luciano Candisani
Ofensiva da mineração?
Após Temer revogar a liberação de uma região rica em cobre para mineração, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia divulgou que a atividade poderia causar danos a cerca de 5 milhões de hectares em áreas protegidas. Isso pode acontecer se forem aprovados três projetos em debate no Congresso. Na foto,um sapo na Estação Extrativista do Jari, que fica na área que seria liberada para mineração.
Foto: ICM/Rubens Matsushita
Desmatamento em alta nas Unidades de Conservação
Dados atuais do Imazon mostram que o desmatamento em Unidades de Conservação na Amazônia Legal aumentou drasticamente. "Em 2015 [as taxas de desmatamento] já superavam as de 2012 em 79%", diz a organização. A taxa se traduz na destruição de 136 milhões de árvores e na morte ou deslocamento de 4,2 milhões de aves e 137 mil macacos. A Floresta Nacional do Jamanxin é a mais desmatada.