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Equador afasta vice envolvido em escândalo da Odebrecht

4 de agosto de 2017

Presidente decide remover Jorge Glas de todas as suas funções após ele apresentar lista de críticas ao governo. Vice é citado em denúncias de corrupção envolvendo construtora brasileira e é investigado pelo MP.

Jorge Glas, vice-presidente do Equador
Glas afirmou que decisão do presidente foi "retaliação política" por criticá-lo abertamenteFoto: picture-alliance/AP Photo/D. Ochaa

O presidente do Equador, Lenin Moreno, afastou nesta quinta-feira (03/08) de todas as suas funções o vice-presidente do país, Jorge Glas, envolvido em denúncias de corrupção que incluem o escândalo envolvendo a empreiteira brasileira Odebrecht. 

A decisão tomada por Moreno, que assumiu a presidência no dia 24 de maio, veio após o vice apresentar uma lista de críticas, o acusando, entre outras coisas, de entregar o controle da imprensa estatal a representantes da iniciativa privada. Glas chegou a dizer que Moreno tinha uma "maneira perversa de lidar com dados econômicos".

Glas desafiou a decisão do presidente de afastá-lo, destacando o caráter político da medida. "Fui eleito vice-presidente [...] e vou terminar meu mandato", afirmou em comunicado. "Esta é uma clara retaliação política por agir de acordo com o que minha consciência dita."

O vice não será destituído do cargo. Uma das funções da qual foi afastado era a de supervisionar um projeto de milhões de dólares para a reconstrução de casas destruídas num terremoto devastador ocorrido no país em 2016, que matou 600 pessoas.

No mês passado, Glas depôs ao Ministério Público (MP) sobre as denúncias envolvendo a Odebrecht. Ele nega as acusações. De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, a construtora pagou 33,5 milhões de dólares de propinas ente 2007 e 2016 às autoridades equatorianas.

Também nesta quinta-feira, o MP do Equador informou que, além do vice-presidente, investiga mais de 20 funcionários e ex-agentes públicos por supostas irregularidades num contrato de 2012 para a exploração de um campo de petróleo na região amazônica.

A decisão do MP se baseou num relatório do Tribunal de Contas do país sobre o contrato assinado entre o governo equatoriano e o Consórcio DGC, integrado pela companhia Dygoil Consultoría y Servicios Petroleros Cia. Ltda.

Na época, Glas ocupava o cargo de ministro-coordenador de Setores Estratégicos, durante o governo do ex-presidente Rafael Correa, no qual ele também ocupava a vice-presidência. A jornalistas, ele explicou que seu nome estaria vinculado ao caso por ele ter participado de uma "etapa pré-contratual", antes da assinatura do convênio.

Glas apontou que, seguramente, virão à tona muitos casos de supostas práticas de corrupção envolvendo funcionários do governo anterior, inclusive ele próprio. Ele afirmou ter pedido ao ex-ministro de Hidrocarbonetos, Wilson Pastor, também alvo das investigações, que retorne ao país para apresentar as provas de sua inocência que já haviam sido enviadas ao Tribunal de Contas e que deverão ser encaminhadas ao Ministério Público.

RC/efe/ap

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