Quito passa a exigir passaporte de todos os estrangeiros que desejam ingressar no país. Medida aparentemente visa conter entrada de venezuelanos. Fluxo migratório levou Equador a declarar estado de emergência.
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O governo do Equador anunciou nesta quinta-feira (16/08) que passará a exigir a apresentação de passaporte a todos os estrangeiros que desejam entrar no país. A mudança entra em vigor no sábado e aparentemente visa conter o crescente fluxo migratório de venezuelanos.
"A partir deste sábado, o governo exigirá de qualquer pessoa que entre no Equador um passaporte”, afirmou o ministro do Interior, Mauro Toscanini.
Devido a acordos internacionais, o Equador exigia, até então, de turistas dos países que compõem o Mercosul, incluindo o Brasil, e das nações membros da Comunidade Andina, que inclui a Venezuela, apenas um documento de identidade.
Aos jornalistas, Toscanini evitou comentar se a medida visa conter a crescente migração venezuelana e pediu que o governo de Nicolás Maduro busque uma saída para crise humanitária que o país enfrenta.
Na conta do ministério no Twitter, porém, Toscanini confirmou a preocupação com o fluxo migratório. "O governo equatoriano preocupado com a grave situação humanitária de milhares de venezuelanos que entram no país e para garantir a segurança passará a exigir a apresentação do passaporte como requisito de ingresso ao Equador", destacou.
Até agora, venezuelanos podiam atravessar a fronteira equatoriana apenas com um documento de identidade. Com a crise econômica e política, obter um passaporte na Venezuela pode demorar meses devido à falta de material e trâmites burocráticos.
Diante do aumento do número de venezuelano que chega ao país pela fronteira ao norte com a Colômbia, Quito declarou estado de emergência institucional em três províncias no início de agosto. Segundo as autoridades equatorianas, até 4.200 venezuelanos cruzam a fronteira diariamente.
A principal passagem de fronteira entre Colômbia e Equador, a ponte de Rumichaca, ficou completamente congestionada. Dali, parte dos migrantes rumam para a capital, Quito, e outras cidades do país em busca de trabalho. Outros seguem viagem até Peru, Chile e Argentina.
Em meio à crise econômica e política que assola a Venezuela, cerca de 288 mil cidadãos do país chegaram ao Equador em 2017, cifra que provavelmente será superada este ano.
Nos últimos anos, milhares de pessoas deixaram a Venezuela em meio à grave crise econômica, ao desemprego e à escassez de alimentos e medicamentos no país governado por Nicolás Maduro. Dados do governo colombiano citados pela Acnur apontam que há mais de 870 mil venezuelanos na Colômbia.
No Brasil, estima-se que, em média, 500 venezuelanos entrem no país pela fronteira de Roraima todos os dias. O estado já recebeu cerca de 50 mil venezuelanos. Devido ao grande fluxo migratório, a fronteira chegou a ficar fechada por 17 horas no início de agosto após a determinação de um juiz federal.
CN/rtr/efe/ots
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Brasil como esperança para refugiados venezuelanos
Despotismo estatal, crise de abastecimento, violência: esses são apenas alguns dos motivos por que milhares de venezuelanos abandonam seu país. Para muitos, o vizinho Brasil significa o começo de uma nova vida.
Foto: Reuters/N. Doce
Boa Vista: abrigos emergenciais em barracas
Muitos refugiados da Venezuela primeiro encontram abrigo no Brasil em barracas. As desta foto foram armadas pela Defesa Civil da cidade de Boa Vista, em Roraima. Em plena região amazônica, a cerca de 200 quilômetros da fronteira com a Venezuela, os refugiados recebem alojamento improvisado. A Igreja Evangélica local distribui refeições aos necessitados.
Foto: Reuters/N. Doce
Próxima parada: ginásio poliesportivo
O primeiro teto sobre a cabeça de muitos refugiados é o de um ginásio poliesportivo. Para o Brasil, que também enfrenta uma crise econômica, o acolhimento dos refugiados é tarefa complicada. Inúmeras cidades brasileiras já anunciaram a falta dos recursos necessários. Manaus, capital do Amazonas, já declarou estado de calamidade social.
Foto: Reuters/N. Doce
Aparência digna, mesmo na necessidade
Um cabeleireiro se ocupa de outro refugiado ao ar livre. Muitos jovens venezuelanos tentam a sorte no lado brasileiro da fronteira ou em outros países. Estima-se que cerca de 34 mil abandonaram a Venezuela em 2016. Em 2018, são esperados mais de 2 milhões de refugiados.
Foto: Reuters/N. Doce
Dar à luz no Brasil
Esta venezuelana deu à luz seu bebê no Brasil e recebe assistência no hospital. Em seu país, a assistência médica é extremamente restrita. Em situação econômica desoladora, o Estado venezuelano está incapacitado de adquirir os medicamentos e tecnologia médica necessários para assistir a população.
Foto: Reuters/N. Doce
Trabalho a todo custo
Nem bem chegam ao Brasil, os refugiados buscam alguma oportunidade de trabalho. As poucas economias que trazem consigo, em bolívares, não têm valor algum no Brasil. Por não encontrarem com facilidade empregos correspondentes a sua qualificação, mesmo venezuelanos com boa formação acadêmica têm que aceitar trabalhos informais.
Foto: Reuters/N. Doce
Vendedores ambulantes
Como a situação econômica no Brasil também é tensa, os refugiados concorrem com os vendedores ambulantes locais. Este homem portando uma mochila com as cores da bandeira nacional da Venezuela vende na rua pequenos acessórios para automóveis, como limpadores de para-brisa, protetores solares para vidros e sets de limpeza.
Foto: Reuters/N. Doce
Abrigos nas ruas
Atrás de um ginásio poliesportivo onde refugiados venezuelanos estão abrigados, esta família descansa em redes montadas na rua. Em muitos países sul-americanos, as redes são o lugar preferido para se dormir. A presença desses refugiados em Boa Vista, Roraima, vem gerando fortes sentimentos xenófobos entre a população local.
Foto: Reuters/N. Doce
Na mira das autoridades
Policiais de Boa Vista, Roraima, controlam regularmente os lugares onde vivem e se reúnem os refugiados venezuelanos. Sua situação de vida complicada acaba empurrando-os para a ilegalidade. A fim de melhorar suas condições financeiras, alguns se tornam criminosos, outros se prostituem – um desafio para forças de segurança e sociedade locais.