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Equador espera chegar no mínimo às quartas-de-final

Daniel Martínez (as)8 de maio de 2006

Em entrevista exclusiva para a DW-WORLD, o técnico do Equador, Luis Fernando Suárez, se mostrou confiante nas chances de sua equipe de ficar entre as oito melhores seleções do Mundial.

Suárez credita o sucesso dos equatorianos ao trabalho coletivoFoto: DW

O técnico do Equador, Luis Fernando Suárez, é uma pessoa muito séria, cujo senso de humor dificilmente se percebe durante o trabalho. Seu sorriso surge rara e rapidamente no seu rosto: um, dois, no máximo três segundos antes de sumir novamente atrás da expressão fria e compenetrada. Quem não prestar atenção durante esses três raros segundos somente se lembrará de um homem que cumprimenta as pessoas de uma distância respeitosa.

Este ex-jogador de futebol nascido em Medellín, na Colômbia, está prestes a dar o grande passo da sua carreira profissional, uma recompensa por quase dez anos de fidelidade ao Equador, um país que o recebeu de coração aberto e que ele levou pela segunda vez a uma Copa do Mundo.

DW-WORLD: o grupo do Equador é, por um lado, confortável (Polônia e Costa Rica como adversários), e, por outro lado, desconfortável, já que nele está a anfitriã Alemanha.

Suárez: Confortável e desconfortável não são as palavras mais adequadas, para mim o grupo é antes de mais nada normal. Quando se observa quais opções estavam reservadas para as seleções sul-americanas no sorteio das chaves, fica claro que teríamos como adversários dois europeus e um asiático ou um centro-americano.

Acho que o grupo é difícil caso não seja feita uma boa preparação, mas o certo é que nós dependemos de nós mesmos, depender dos outros é que seria um problema. Nós sabemos que a passagem para a próxima fase só será obtida com trabalho duro. Mas sabemos também que participaremos da Copa por merecimento.

Antes do sorteio, o senhor havia dito que, se pudesse escolher os adversários, o único que gostaria de evitar era a Alemanha.

Isso mostra que não devemos falar alto nossos desejos. Na verdade, não era um desejo, a pergunta me foi feita tantas vezes que eu quis me livrar dela e respondi "a Alemanha, por ser a anfitriã". Fica a lição: não responder única e exclusivamente por responder, senão se acaba respondendo besteiras.

Até onde o Equador pode chegar neste Mundial?

Tenho muita fé que a equipe passará da primeira fase. Depois, vamos ver. No Equador, as pessoas já estariam satisfeitas com isso, mas eu não. Eu quero mais, quero classificar a equipe entre as oito melhores. Eu conheço as dificuldades para se chegar lá, mas acredito que meu time trabalhará duro e dará o máximo de si para que se possa chegar lá.

Por que motivos o Equador pode acreditar que ficará entre as oito melhores seleções do Mundial?

A equipe é muito forte do ponto de vista coletivo, muito consciente de sua capacidade quando joga unida. A equipe joga com muita tática, não há estrelas, dessas que chamam a atenção, que podem salvar um jogo e que carregam o time nas costas. Por isso, cada jogador dá o máximo de si. Esse é o nosso ponto forte.

O senhor repete que o Equador é muito forte coletivamente. Onde se percebe isso?

No campo. Há uma situação que é simbólica: quando uma equipe não se defende em conjunto e não vai para o ataque em conjunto, é certo que não existe solidariedade. Na nossa seleção, todos voltam para ajudar na defesa e o fazem bem feito. Esse é um grupo que joga muito bem do ponto de vista tático e que se apresenta como uma verdadeira equipe.

Quando questionados sobre o Equador, muitos treinadores dizem que não têm opinião sobre a equipe, que se trata de uma surpresa, que não a conhecem muito bem e que certamente será um adversário incômodo.

É lógico que nos considerem uma surpresa. O Equador não tem uma grande participação em Copas do Mundo. Passar da primeira fase pela primeira vez já será um feito histórico e certamente causará surpresa. Certo é que o Equador não será um adversário fácil para nenhuma equipe pela forma como marca, porque é agressivo, técnico e sabe o que fazer quando tem o domínio de bola. Temos muitas coisas boas para mostrar e vamos mostrá-las dentro de campo.

O senhor poderia definir os seus três rivais da primeira fase com três palavras?

Alemanha: força, futebol aéreo, obstinação. Polônia: bom contra-ataque, ataque veloz, rápida troca de passes. Costa Rica: experiência, tranqüilidade, confiança no seu treinador.

O que o Equador ainda precisa melhorar?

O Equador tem pouca experiência em jogos contra equipes européias. São poucos os jogadores equatorianos que possuem essa experiência. Essa situação pode tornar difíceis os primeiros minutos de jogo contra uma equipe européia. É um ponto fraco que tentaremos superar, trabalharemos para que nossos jogadores saibam como enfrentar poloneses e alemães.

Quais são os pontos fortes do Equador?

Isso eu não posso dizer (risos)! É difícil explicar a riqueza técnica da equipe. Fizemos muitos progressos na velocidade com que jogamos, sobretudo no ataque.

Não é um paradoxo que um de seus melhores amigos, Alexandre Guimarães, treinador da Costa Rica, seja seu adversário na primeira fase?

Não, é uma situação normal. Ambos buscamos a classificação para o Mundial e não são muitos os que conseguem. Não é um paradoxo, é uma coincidência.

Qual o seu sonho para este Mundial?

Este é o meu primeiro Mundial. O que eu mais espero, no nível pessoal, é um reconhecimento internacional, creio que já o conquistei na América Latina, mas também o quero em âmbito mundial, e fazer uma boa campanha na Copa do Mundo me ajudará a alcançar esse objetivo.

Qual a colaboração do Equador para o Mundial?

Depende. Se não passarmos da primeira fase, não acrescentaremos nada, mas somente o feito de chegar a uma segunda ou terceira fase mostrará que na América Latina não existem apenas equipes como Brasil e Argentina, que sempre serão as maiores.

Até onde chegará a Alemanha?

Creio que é uma das favoritas, como Brasil e Argentina, como todos os ex-campeões. Eu também acrescentaria a Holanda, que me agrada, que evoluiu e tem uma equipe jovem, renovada, interessante.

Como você definiria a seleção do Equador?

Como uma equipe.

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