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Equilibrando custos de produção

ef11 de outubro de 2003

A despeito dos salários comparavelmente muito mais altos na Alemanha, os custos de produção da fábrica de celular da Motorola em Flensburg alcançaram o nível dos do Brasil.

Filial alemã fabrica celulares de UMTS (como o modelo A820) desde 2002Foto: AP

Com tecnologia de ponta e alta produtividade, a fábrica de celular da Motorola na Alemanha impôs-se frente à produção de países de mão-de-obra barata. A fábrica no Estado alemão de Schleswig-Holstein é a única do conglomerado americano de tecnologia Motolora Inc. que resta nas nações industrializadas.

Fora de Flensburg, a telefonia móvel da empresa só produz no Brasil, México, China e Cingapura. "Apesar dos salários alemães, trabalhamos com o mesmo nível de custo do Brasil e do México", diz orgulhoso o diretor da fábrica Christopher Hollemann. As razões seriam a automatização e os turnos de trabalho. A produção em Flensburg é ininterrupta, em turnos de 12 horas.

UMTS

para o mundo – Desde setembro de 2002, a fábrica perto da fronteira com a Dinamarca produz também telefones celulares do Universal Mobile Telecommunications System (UMTS) para o mercado mundial. A escolha do lugar para instalação da fábrica se deve à forte tradição da região no setor de alta tecnologia, segundo Hollemann. O primeiro telefone digital do mundo foi fabricado em Flensburg.

A fábrica inaugurada em outubro de 1998, depois de 18 meses de construção, foi na época a mais moderna da Europa. Ela ocupa uma área de 178 mil m² e custou mais de 100 milhões de euros. O engajamento da Motorola foi fomentado com 33 milhões de euros, no período de 1994 a 1999. Este dinheiro ainda está acoplado a um determinado número de postos de trabalho, visando frear os custos com mão-de-obra no país de salários altos, mesmo em comparação a alguns países da União Européia.

"Super gente"

– Como motivo para a escolha de Flensburg, o grupo aponta várias vantagens locais: "infra-estruturas de primeira classe, seriedade, flexibilidade e uma força de trabalho de alta qualidade, que proporcionam alta produtividade". No lançamento da pedra fundamental do projeto, em 1977, o Wall Street Journal cometeu o exagero de escrever que "a supergente" (trabalhadores de Flensburg) havia conseguido levar a fábrica de celulares para a Alemanha, após uma comparação internacional.

A fábrica experimentou altos e baixos nos últimos anos. Logo depois de sua inauguração, o empreendimento cresceu muito. O primeiro revés aconteceu no primeiro trimestre de 2001; as vendas fracas de celulares levaram a uma redução da jornada de trabalho e dez dias de férias forçadas. Os trabalhadores em Flensburg não foram atingidos pelos cortes de pessoal em nível mundial, anunciada em abril de 2001. Mas foi fechada a fábrica de telefonia móvel da Escócia com quase 3.100 empregados.

A Motorola é o maior empregador em Flensburg, com quase 1.800 empregados e outros 450 contratados através de terceiros. Por isto, costuma-se dizer que "Flensburg tosse quando a empresa tem um resfriado".

Ranking mundial

– A fábrica pertence à Motorola GmbH alemã, sediada em Wiesbaden. Em 2002, ela contava com 3500 empregados e um faturamento de 2,6 bilhões de euros. Mundialmente, o conglomerado internacional de tecnologia tinha 84 mil empregados e faturou 31,9 bilhões de euros, no ano passado. No ranking mundial, Motorola é o terceiro fabricante no setor de telefonia móvel, o qual corresponde 40% do faturamento global do conglomerado. O grupo fabrica um amplo leque de produtos eletrônicos, desde semicondutores até sistemas de navegação automobilística e infra-estruturas de telecomunicação sem fio.

Durante a gestão de Christopher Galvin foram eliminados 56 mil empregos e fechado um grande número de fábricas do grupo. Galvin renunciou à presidência mundial da Motorola Inc., Schaumburg/Illinois, dando um presente ao conglomerado no 75º aniversário do grupo, em setembro passado.

A renúncia do rebento destacado da família fundadora da Motorola proporcionou uma alta de quase 10% no valor das ações do grupo. Mas a alegria durou pouco. Ante os temores de que as buscas de um sucessor para Galvin pudessem deter os passos para um duro saneamento do grupo, o valor das ações voltou a cair.

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