Equipe vê Trump como criança e idiota, diz autor de livro
5 de janeiro de 2018
Em entrevista à televisão americana, autor de controverso livro garante veracidade de tudo o que escreveu, apesar de o presidente ter afirmado que a obra está "cheia de mentiras".
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O autor do novo livro sobre o presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (05/11) que os membros da equipe do mandatário o veem como uma criança e o chamam de idiota.
Em sua primeira entrevista desde a controvérsia sobre seu livro, cujas vendas começaram nesta sexta, o jornalista de 64 anos agradeceu ironicamente a Trump por suas críticas e pela tentativa de seus advogados de impedirem a publicação. "Para onde devo enviar a caixa de chocolates?", perguntou, sarcástico, em entrevista ao programa Today, da emissora americana NBC.
"Ele não apenas está me ajudando a vender livros, ele está mostrando que a conclusão do livro é verdadeira. É extraordinário que o presidente dos Estados Unidos esteja tentando parar a publicação de um livro", disse o jornalista.
Ele ressaltou que sustenta "absolutamente" a veracidade de todo o conteúdo do livro, apesar das alegações da Casa Branca de que ele está cheio de "falsidades", e disse que "100%" dos assessores de Trump têm uma opinião negativa sobre ele, incluindo sua filha Ivanka e seu genro, Jared Kushner.
"Como uma criança"
"Todos dizem que ele é como uma criança", disse Wolff. "Dizem que ele é um imbecil, um idiota. Há uma competição para tentar chegar ao fundo de quem é esse homem", acrescentou. "Este homem não lê, ele não escuta, é como uma bola de fliperama, indo para todos os lados."
Wolff também ironizou as críticas que recebeu de Trump. "Quem está questionando minha credibilidade é um homem que neste momento tem, talvez, a credibilidade mais baixa do que qualquer um que já tenha pisado na Terra", disse.
O jornalista declarou-se "confortável" com tudo que incluiu no livro, chamado Fire and Fury (fogo e fúria) e cuja venda foi adiantada em quatro dias devido à enorme demanda gerada pelo confronto público entre Trump e seu ex-conselheiro Steve Bannon, a partir de declarações contidas no livro.
No entanto, Wolff enfatizou que a publicação "não é sobre Steve Bannon, mas sobre Donald Trump", embora o ex-conselheiro seja o "exemplo mais claro" daqueles que achavam que o magnata poderia ser um bom presidente e chegou "à conclusão de que ele não pode fazer esse trabalho".
Em um tuíte na quinta-feira, Trump disse que o livro está "cheio de mentiras, falsas declarações e fontes que não existem" e que ele "muitas vezes" rejeitou os pedidos de entrevista de Wolff.
O jornalista assegurou, no entanto, que conversou um total de cerca de três horas com Trump para seu livro, durante a campanha eleitoral e após Trump ter tomado posse. "Se ele percebeu que se tratava de uma entrevista, eu não sei", assegurou o escritor, frisando que não houve acordo para que o conteúdo da conversa não fosse publicado. Ele sublinhou que tem gravações e anotações de tudo.
MD/efe/ap/afp
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Trechos de "Fogo e Fúria", o livro sobre os bastidores da Casa Branca de Trump
Mesmo antes de sua publicação, livro do jornalista Michael Wolff já causa irritação em Washington. Com base em mais de 200 entrevistas, obra oferece rara visão interna da Casa Branca e da campanha eleitoral.
Foto: picture-alliance/AP/B. Anderson
"Fogo e fúria"
Trechos já publicados do livro do jornalista americano Michael Wolff "Fogo e Fúria: por dentro da Casa Branca de Trump" revelam o que acontece nos bastidores do centro do poder nos EUA, da busca por segurança em hambúrgueres aos sonhos presidenciais de Ivanka Trump.
Foto: picture-alliance/AP/B. Camp
"Melania em lágrimas"
"O filho de Trump, Don Jr., disse a um amigo que pouco depois das 20h, na noite da eleição, quando parecia confirmada a inesperada tendência de que Trump realmente poderia vencer, seu pai parecia ter visto um fantasma. Melania caiu em lágrimas – que não eram de alegria. Em pouco mais de uma hora, um Trump confuso se transformou num Trump incrédulo e depois num Trump assustado."
Foto: picture-alliance/AP/V. Mayo
Ivanka Trump, "primeira mulher presidente"
"Comparando riscos e ganhos, tanto Jared (Kushner) quanto Ivanka decidiram aceitar cargos na Casa Branca, contrariando o conselho de quase todos que conheciam... Ambos fizeram um acordo sério: se algum dia surgir a oportunidade, ela será a candidata à presidência. A primeira mulher presidente, brincou Ivanka, não seria Hillary Clinton, mas Ivanka Trump."
Foto: picture-alliance/AP/M. Sohn
Buscando refúgio em "fast food"
"Ele tinha um medo antigo de ser envenenado, e essa é uma das razões pelas quais ele gostava de comer no McDonald's: ninguém sabia que ele iria aparecer, e a comida já estava pronta, o que era seguro."
Foto: Instagram
As teorias de Bannon
"O verdadeiro inimigo, segundo Bannon, era a China. A China seria a primeira frente numa nova Guerra Fria. A China é tudo. Nada mais importa. Se não lidarmos direito com a China, não vamos lidar direito com nada. Tudo é muito simples. A China está onde a Alemanha nazista estava em 1929 e 1930. Os chineses, como os alemães, são as pessoas mais racionais do mundo, até deixarem de ser."
Foto: picture-alliance/AP/B. Anderson
Bannon: Donald Jr. foi "traidor"
"Donald Trump Jr., Jared Kushner e o chefe da campanha, Paul Manafort acharam uma boa ideia se encontrar com um governo estrangeiro na sala de conferências no 25º andar do Trump Tower – e sem advogados... Mesmo se você acha que não se tratava de traição, falta de patriotismo ou uma bosta ruim, e eu acho que foi tudo isso, você deveria ter chamado o FBI imediatamente", disse Bannon.
Foto: picture-alliance/AP/C. Kaster
"Perder era ganhar"
"Se tivesse perdido a eleição, Trump se tornaria muito famoso e ao mesmo tempo um mártir da Hillary Idiota. Sua filha Ivanka e o genro Jared se tornariam celebridades internacionais. Steve Bannon se tornaria o chefe de fato do movimento Tea Party. Melania Trump, que havia obtido do marido a garantia de que ele não seria presidente, poderia voltar a ter almoços discretos. Perder era ganhar."