Equipes de resgate retomam buscas no sul da França
25 de março de 2015
Região dos Alpes onde caiu o Airbus A320 da Germanwings é de difícil acesso e resgate dos corpos pode durar dias. Merkel, Hollande e Rajoy vão à região do acidente.
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Equipes de resgate começaram cedo nesta quarta-feira (25/03) os trabalhos no local da queda do avião da empresa alemã Germanwings, nos Alpes franceses. Elas buscam os restos mortais de passageiros e tripulantes e também peças da aeronave que possam ajudar a esclarecer as causas da tragédia com o Airbus A320 nesta terça-feira.
Ao todo, mais de 300 policiais e 380 bombeiros recolhem restos mortais das 150 vítimas do acidente, a fim de que elas possam ser identificadas o mais rapidamente possível e levadas para seus países de origem. Um grupo de 30 agentes montanhistas vai tentar chegar à região, que é de difícil acesso, de helicóptero. Outros 65 agentes seguiram a pé até a área. Cinco peritos passaram a noite acampados no lugar.
As imagens do local do acidente são desoladoras. Na área montanhosa, coberta de neve em algumas partes, destroços do Airbus A320 que saiu de Barcelona com destino a Düsseldorf estão espalhados por toda a área. Há pedaços espalhados por até 4 hectares, em alturas que variam em até 200 metros. Os trabalhos devem durar pelo menos uma semana, estimam as autoridades.
"Tudo está pulverizado. Não se pode identificar nada. Não dá para reconhecer que se tratava de um avião", afirmou um bombeiro citado pelo jornal francês Le Monde. "As partes de corpos que encontramos até agora não são maiores do que uma maleta", afirmou um investigador, segundo a agência de notícias AFP.
Entre as vítimas, de diversas nacionalidades, estão dois bebês e 16 estudantes alemães que voltavam de um programa de intercâmbio. A Germanwings divulgou que ao menos 67 vítimas são alemãs. O governo espanhol disse que havia 45 espanhóis a bordo. A Austrália confirmou a morte de duas australianas. A bordo estavam ainda dois argentinos e dois colombianos. Havia cidadãos da Turquia, da Bélgica, da Dinamarca e do Reino Unido. Não há confirmação de brasileiros até o momento.
Nesta quarta-feira, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, irá até a região do acidente, juntamente com o presidente francês, François Hollande, e o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy. Parentes das vítimas também são aguardadas.
Caixa-preta danificada
As gravações de voz no cockpit e o registro dos dois minutos que se seguiram após o piloto perder contato com os controladores de voo são fundamentais para entender as causas da queda do voo 4U-9525.
O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, afirmou nesta quarta-feira que a caixa-preta encontrada no local do acidente no dia anterior está danificada. "Ela será reconstituída nas próximas horas para que possa ser usada", afirmou Cazeneuve. Especialistas em Paris tentam remontar a caixa-preta.
Para os peritos, os minutos registrados a partir das 10h30 da manhã desta terça-feira, quando o contato com a torre de comando foi cortado, são cruciais para ajudar a entender o que levou a aeronave – que estava em voo de cruzeiro, momento em que um acidente é menos provável – a perder altitude e descer continuamente durante oito minutos. As autoridades de aviação da França disseram que os pilotos não enviaram qualquer sinal de alerta.
Especulações sobre causas
Tanto Cazeneuve quanto a ministro de Energia da França, Ségolène Royal, voltaram a afirmar nesta quarta-feira que a possibilidade de se tratar de um ato terrorista é muito pequena. Segundo Cazeneuve, o fato de os destroços estarem espalhados por uma área de apenas 1,5 hectare seriam um indício, no entanto, de que o avião provavelmente não explodiu no ar, o que também descartaria a hipótese de terrorismo.
De acordo com as autoridades francesas, fatores climáticos não devem ter motivado o acidente, pois as condições estavam boas no momento da queda. O presidente da Germanwings, Thomas Winkelmann, disse que o avião havia passado por uma inspeção de rotina nesta segunda-feira, e que a última grande revisão foi feita no meio do ano de 2013. Ele ressaltou que piloto tinha mais de dez anos de experiência e seis mil horas de voo com um Airbus.
MSB/rtr/afp/dpa/ap
A tragédia do voo da Germanwings
Um Airbus 320, que fazia a rota entre Barcelona e Düsseldorf, caiu nos Alpes franceses. Havia 144 passageiros, dois pilotos e quatro comissários a bordo. Não há sobreviventes.
Foto: Reuters/Diego Crespo/Moncloa
Copiloto derrubou avião
As gravações de áudio do cockpit indicam que o copiloto do voo 4U-9525 voluntariamente colocou o avião em rota de queda num momento em que o piloto havia se ausentado da cabine de comando. Andreas Lubitz, de 28 anos e nacionalidade alemã, não abriu a porta da cabine para que o piloto voltasse ao comando do Airbus A320.
Foto: picture alliance/landov
Sons dos últimos instantes
Em entrevista coletiva, o promotor de Marselha, Brice Robin, revela o conteúdo dos registros de áudio dos últimos minutos da aeronave. Até o avião se chocar contra o chão, "só era possível ouvir o som da respiração dele", informou, se referindo ao copiloto. "O tempo todo (da queda), ele não falou uma única palavra", acrescentou.
Foto: Pennant/AFP/Getty Images
Perplexidade
Thomas Winkelmann, presidente da Germanwings, e Carsten Spohr, presidente da Lufthansa durante entrevista coletiva. Executivos afirmam que notícia de que copiloto derrubou avião deixa empresa em estado de choque. "Não temos informação sobre o que teria motivado essa atitude terrível", afirmou Spohr. "Estamos diante de um enorme mistério."
Foto: Reuters/W. Rattay
Registros legíveis, apesar dos danos
Uma das caixas-pretas do Airbus 320 da Germanwings, encontrada no lugar da queda. Equipamento foi danificado pelo acidente. Porém, técnicos afirmaram que leitura de dados não ficou impossibilitada.
Foto: Reuters/BEA
Homenagem às vítimas
Presidente francês, François Hollande, chanceler alemã, Angela Merkel, e premiê espanhol, Mariano Rajoy, se encontraram em Seyne-les-Alpes e fizeram uma homenagem solene aos 150 mortos, nas proximidades da área onde o avião caiu.
Foto: Getty Images/P. Macdiarmid
Luto no colégio
Velas e cartaz com a pergunta "por quê"? expressam a consternação dos habitantes da pequena Haltern am See. Um grupo de 16 alunos e duas professoras de um colégio da cidade no norte da Alemanha retornava no voo acidentado da Germanwings de uma semana de intercâmbio na Espanha.
Foto: DW/J. Walter
Parentes buscam informações
Há muita tensão nos aeroportos de Barcelona e de Düsseldorf, onde parentes de passageiros buscam informações sobre o voo que caiu no sul da França. Equipes de atendimento emergencial estão de prontidão no aeroporto de Düsseldorf para dar assistência a parentes de vítimas. O aeroporto de Barcelona também colocou equipes à disposição de familiares.
Foto: DW/N. Martin
Líderes mobilizados
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, realizou um pronunciamento pela manhã. Ela afirmou que o acidente foi um "choque" e que viajará nesta quarta-feira ao local da queda da aeronave. Os governos de Alemanha, França e Espanha unirão esforços para ajudar no resgate e nos esclarecimentos sobre as causas da queda do voo 4U-9525.
Foto: Reuters/H. Hanschke
Contato perdido
De acordo com autoridades francesas, o avião emitiu um sinal de emergência às 10h47. O site flightradar24.com divulgou que o avião estava a 38 mil pés (11.582 metros), e o contato foi perdido a uma altura de 5 mil pés (1.524 metros).
Foto: Reuters/J.P. Pelissier
Área de difícil acesso
O porta-voz do Ministério francês do Interior, Pierre-Henry Brandet, confirmou que os destroços do avião foram localizados a 2 mil metros de altitude, nos Alpes. Ele afirmou que as buscas e as operações de resgate devem ser "extremamente longas e difíceis", pois o acidente ocorreu em uma área remota.
Foto: Reuters/J.P. Pelissier
Piloto tinha 6 mil horas de voo
O piloto tinha mais de dez anos de experiência e cerca de 6 mil horas de voo acumuladas. O Airbus 320 começou a cair um minuto depois de alcançar a velocidade de cruzeiro. O avião perdeu altitude continuamente durante oito minutos. Entre as vítimas há 67 alemães e 45 pessoas com sobrenome espanhol. A nacionalidade dos demais não foi divulgada.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Christiansen
Pilotos não enviaram sinal de alerta
Segundo as autoridades francesas, os pilotos não enviaram qualquer alerta aos controladores. "Foi o controlador que enviou um alerta, porque havia perdido contato com o avião, por volta das 10h30", disse um porta-voz da Direção Geral de Aviação Civil.
A Germanwings confirmou o número de passageiros e tripulantes a bordo do voo 4U-9525: 144 passageiros e seis tripulantes. Um grupo de 16 estudantes e dois professores de uma escola na cidade de Haltern estava a bordo.
Foto: Reuters/J.P. Pelissier
De Barcelona para Düsseldorf
O Airbus 320 da Germanwings, subsidiária de baixo custo da Lufthansa, fazia o trajeto entre Barcelona, na Espanha, e Düsseldorf, na Alemanha. O acidente ocorreu na região Alpes-de-Haute-Provence, nos Alpes franceses. O avião seria uma das versões mais antigas do modelo A320 e teria sido entregue em 1990 pela Airbus para a Lufthansa.