Novo tremor provoca deslizamentos de terra e desabamentos, dificultando a chegada de ajuda humanitária a comunidades isoladas. Sismo deixa dezenas de mortos e milhares de feridos, e ONU alerta que cifras devem aumentar.
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Após o segundo terremoto em pouco mais de duas semanas atingir o Nepal, equipes de resgate retomaram as buscas por sobreviventes nesta quarta-feira (13/05). Segundo o Ministério do Interior, 65 mortes foram confirmadas em decorrência do tremor, que provocou deslizamentos de terra e destruiu casas e edifícios.
Milhares de sobreviventes passaram a noite nas ruas, com medo de retornar às suas casas após o terremoto desta terça-feira. O tremor de magnitude 7,3 ocorreu apenas 17 dias após o pior sismo dos últimos 80 anos atingir o país.
Somadas, as mortes em consequência dos dois terremotos já passam de 8,2 mil. O novo tremor dificultou ainda mais a chegada de ajuda a comunidades isoladas em áreas montanhosas, carentes de água, alimentos e abrigo.
O Exército nepalês retomou as buscas por um helicóptero da Marinha americana desaparecido durante uma missão de ajuda humanitária no distrito de Dolakha, próximo à região abalada pelo último terremoto. O Pentágono informou que pode ter havido problemas com o combustível da aeronave, que levava seis militares americanos e dois nepaleses.
"Ainda não encontramos o helicóptero desaparecido, Quatro helicópteros foram enviados para procurá-lo", afirmou Laxmi Prasad Dhakal, porta-voz do ministério do Interior do Nepal.
"Estávamos nos concentrando na distribuição de ajuda humanitária, porém, desde ontem nossos recursos foram novamente empregados nas operações de resgate", acrescentou.
Número de vítimas deve aumentar
Além das dezenas de mortos, terremoto desta terça-feira, cujo epicentro estava localizado a 76 quilômetros de Katmandu, deixou ao menos 2 mil feridos. Na Índia, os tremores desta terça-feira deixaram 17 mortos.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Unocha, na sigla em inglês) afirmou que esses números ainda poderão aumentar, uma vez que continuam a surgir relatos de pessoas isoladas nas comunidades do Himalaia e de vilarejos soterrados pelos escombros.
Os distritos de Dolakha e Sindhupalchowk, que estavam entre os mais afetados pelo terremoto do dia 25 de abril, foram os mais abalados pelo sismo desta terça-feira.
A Cruz Vermelha informou ter recebido relatos de mortes em larga escala na cidade de Chautara, em Sindhupalchowk, onde um hospital de campo foi montado. "Centenas de pessoas estão no local. Os médicos já realizaram dezenas de cirurgias", afirmou a porta-voz da organização, Nichola Jones.
Cientistas afirmam que o terremoto desta terça-feira foi parte de uma reação em cadeia iniciada pelo abalo sísmico de abril.
"Terremotos de grande magnitude são normalmente seguidos por outros, às vezes com a mesma intensidade", diz Carmen Solana, vulcanóloga da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido. "Isso se deve ao movimento produzido pelo primeiro tremor, que adiciona pressão sobre as demais falhas e as desestabiliza."
RC/ap/afp
Patrimônio Mundial destruído no Nepal
Terremoto devastador matou e feriu milhares de pessoas. Tremor também foi duro golpe contra a rica herança cultural do país asiático.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Vale de Katmandu
O terremoto no Nepal danificou bastante o coração cultural e espiritual do país. No vale de Katmandu, no sopé do Himalaia, há sete monumentos considerados Patrimônio Mundial da Unesco ao longo de poucos quilômetros. Na foto, tirada antes do terremoto, vê-se um deles: os mosteiros de Swayambhunath.
Foto: Imago
As estupas budistas de Swayambhunath
As estupas e os mosteiros budistas de Swayambhunath (foto) formam um centro espiritual no Nepal. A estupa de Bodhnath, as praças Durbar das três cidades reais e os templos hindus de Pashupatinath e Changu Narayan, fora de Katmandu, também estão na lista de Patrimônios Mundiais.
Antigamente, famílias reais viviam nos palácios da praça Durbar de Bhaktapur (foto), da praça Durbar em Katmandu e da praça Durbar de Patan. Foi somente no final de 2007 que o Nepal aboliu a monarquia e proclamou a república no ano seguinte.
Foto: picture alliance / ZUMAPRESS/P. Gordon
Praça Durbar de Bhaktapur, após o terremoto
Nas cidades reais de Bhaktapur (foto), Patan e no centro de Katmandu, vários templos e estátuas dos séculos 12 até o 18 foram danificados ou completamente destruídos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/N. Shrestha
Praça Durbar de Katmandu, antes do terremoto
Na Praça Durbar de Katmandu, capital do Nepal, havia vários pagodes característicos do país, com dois ou três andares.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Praça Durbar de Katmandu, após o terremoto
O terremoto destruiu os pagodes. O especialista P. D. Balaji, da Universidade de Madras, na Índia, questiona se os prédios poderão ser totalmente reconstruídos. "É uma perda irreparável para o Nepal e para o resto do mundo."
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Torre Dharahara, antes do terremoto
Entre as atrações de Katmandu estava esta torre de nove andares e 62 metros de altura. Ela também desabou durante o terremoto, no último sábado (25/04) à tarde.
Foto: imago
Torre Dharahara ,após o terremoto
Da torre, que tinha uma escada em espiral de 200 degraus, só restou a base. Equipes de socorro tentaram resgatar cerca de 50 pessoas que ficaram sob os escombros, noticiou uma emissora de televisão. O forte terremoto de 1934 já havia destruído a torre de doze andares, construída em 1826 e que, mais tarde, foi reconstruída.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Templos de Changu Narayan
Os quatro templos e três palácios, reconhecidos pela Unesco em 2006 como Patrimônio Mundial, são testemunhos da história política e religiosa do Nepal.
Foto: imago
Templo de Pashupatinath
O templo hindu é um dos mais importantes do gênero no Nepal. Hinduísmo e budismo se disseminaram ao longo dos séculos no Nepal e levaram à construção de templos magníficos, a partir do século 5.
Foto: picture alliance/ANN/The Star
Local de nascimento de Buda
No total, há no Nepal, além do vale de Katmandu, três outros locais com Patrimônios Mundiais: Lumbini (foto), o parque nacional de Chitwan e o parque nacional de Sagarmatha . A Unesco busca informações sobre a situação de Lumbini. A cidade, cerca de 280 quilômetros a oeste de Katmandu, é considerada o local onde Buda nasceu.
Foto: AFP/Getty Images/K. Knight
Um dos países mais pobres da região
O epicentro do terremoto no último sábado fica cerca de 80 quilômetros a oeste da capital Katmandu. O terremoto, com 7,8 de magnitude, ocorreu a uma baixa profundidade, tendo consequências mais graves. O Nepal é um dos países mais pobres do sul da Ásia. O país tem 28 milhões de habitantes, e a economia é quase totalmente dependente do turismo.