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Era uma vez um tigre de papel

ef15 de outubro de 2003

Com sua nova tropa de ataque, a OTAN deixa de ser um tigre de papel. Mas há divergências sobre as tarefas da força de reação rápida; aliados moderados rejeitam exigência dos EUA por ações dela em crises e guerras.

Quartel-general da OTAN em BruxelasFoto: NATO

A partir desta quarta-feira (15), a OTAN dispõe da primeira unidade de sua nova tropa de ataque, a Nato Reaction Force (NRF). Seis mil soldados foram declarados de prontidão numa cerimônia na base dos aliados em Brunssun, na Holanda. Dentro de cinco dias, a tropa estará pronta para atacar em qualquer parte do mundo. Mas não há unanimidade sobre as ações da NRF. Persiste, todavia, uma grande polêmica sobre um papel na tropa em eventuais guerras preventivas, como prevê a doutrina do aliado mais forte, os Estados Unidos.

Os EUA pressionam para que a tropa seja usada em guerras como a do Afeganistão ou do Iraque e muitos aliados moderados, como Alemanha, não concordam. A maioria prefere libertação de reféns, evacuação de pessoas em perigo e ajuda humanitária. Inicialmente, Washington viu a idéia da tropa com desconfiança, mas o governo do presidente George W. Bush fez questão que ela fosse criada para usá-la também na luta contra o terrorismo internacional. Sua formação foi aprovada pelos chefes de Estado e de governo dos 19 países membros em novembro de 2002.

Por etapas - A formação completa da tropa será progressiva, em cinco etapas, devendo contar com 21 mil homens até outubro de 2006. As Forças Armadas da Alemanha (Bundeswehr) irão contribuir com 5 mil soldados. Outros contingentes grandes serão fornecidos pela França e pelos EUA. A força de reação rápida é o primeiro passo para uma unidade flexível e pronta para agir mundialmente a curto prazo. Como disse o secretário-geral da OTAN, George Robertson, no último encontro dos ministros da Defesa, no Colorado, semana passada, a aliança militar transatlântica terá soldados prontos para combater, deixando de ser um tigre de papel.

Forças Armadas alemãs no exteriorFoto: Bundesbildstelle

Os contingentes dos parceiros europeus na OTAN somam 1,4 milhão de homens e mulheres, mas só 55 mil se encontram no momento no exterior, como Afeganistão, Macedônia, Bósnia e Kosovo, por exemplo. Mesmo assim, muitos aliados, sobretudo a Alemanha, se queixam de sobrecarga. Na opinião de Robertson, trata-se de um mal-entendido que tem de mudar.

Estrutura nova

- Isto foi decidido pela cúpula da OTAN em Praga, no outubro europeu de 2002, quando foi encomendada a criação da tropa de reação rápida como centro de uma nova estrutura militar da aliança. Na prática, significa que os aliados precisam de melhores equipamentos e treinamento de soldados.

Tropas blindadas, que eram indispensáveis para a segurança dos países nos tempos da Guerra Fria, tornaram-se supérfluos. Importante agora são unidades que possam ser transportadas facilmente de helicóptero e aviões de transporte militar. Esta reforma é cara e requer longo tempo.

Pai da idéia

- O secretário da Defesa americana, Donald Rumfeld, reivindica para si a idéia da Reaction Force. Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 e da conseqüente guerra no Afeganistão, os EUA pressionaram muito para a OTAN abandonar o papel clássico de aliança de defesa e passar a combater, com todo tipo de armas, terroristas, regimes criminosos e Estados malogrados.

A NRF é constituída de partes das tropas já existentes e seguirá um processo complexo de rotação, de 18 meses cada uma. São seis meses de preparativos, com formação militar e manobras, igual tempo de prontidão ou em ação e mais seis meses de preparativos posteriores.

A primeira unidade alemã compreende aviões do tipo Tornado, um esquadão de detetores de minas e unidades de defesa contra armas atômicas, biológicas e químicas. O primeiro comandante é o general britânico Jack Deverell, que deverá ser substituído por um almirante americano.

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