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Erdogan é reeleito presidente da Turquia

24 de junho de 2018

Há 15 anos no poder, exercendo chefia de governo e de Estado, político ficará mais cinco anos no cargo, agora com poderes executivos totais. Aliança conservadora-nacionalista garante maioria parlamentar absoluta.

Homem carrega retrato de presidente turco, Erdogan, diante da bandeira da Turquia
Desejo ou ameaça? "Eu espero que ninguém tente lançar uma sombra sobre os resultados e prejudicar a democracia"Foto: picture-alliance/dpa/O.Weiken

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, foi reeleito em primeiro turno neste domingo (24/06).

O Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), de Erdogan, obteve 52,5% dos votos, informou a agência de notícias Anadolu, após apuração de 99% das urnas. O Partido do Movimento Nacionalista (MHP), com que forma aliança, obteve 11%. Juntos, eles deterão maioria absoluta no Parlamento.

Os resultados finais devem ser divulgados ainda nesta semana, mas o presidente da Comissão Eleitoral Suprema da Turquia, Sadi Guven, declarou Erdogan vencedor do pleito.

"Nosso povo nos deu a tarefa de manter os postos presidencial e executivo", disse, em breve discurso em Istambul. "Eu espero que ninguém tente lançar uma sombra sobre os resultados e prejudicar a democracia, de forma a esconder o próprio fracasso."

O principal oposicionista, o Partido Republicano do Povo (CHP), obteve 30,7%. Pouco depois do encerramento das urnas, seu líder, Muharrem Ince, acusou a agência estatal de notícias Anadolu de manipulação, advertindo seus adeptos que não se deixassem impressionar pelas primeiras contagens, pois, as autoridades sempre divulgavam primeiro os resultados de municípios próximos do partido de Erdogan.

De fato: nas primeiras fases da apuração o AKP apresentava maioria absoluta, segundo fontes próximas a Ancara. Além disso, enquanto o governo afirmava já terem sido aprovadas mais de 95% das urnas, um porta-voz do CHP rebatia que apenas 39% dos votos haviam sido contados e que a eleição iria ao segundo turno.

Erdogan fez breve discurso em Istambul, se declarando vencedor do pleitoFoto: Reuters/A. Konstantinidis

O terceiro na disputa foi o candidato esquerdista Selahattin Demirtas, que cumpre prisão preventiva há um ano e meio, com 8,4% dos votos, seguido por Meral Aksener, ex-ministra do Interior, com 7,3%.

No Parlamento, o Partido Democrático dos Povos (HDP), socialista e pró-curdo, saiu com cerca de 11%, superando a cláusula de barreira de 10% e, assim, habilitando-se a ocupar assentos no Parlamento – indício de que alguns eleitores não curdos podem ter votado estrategicamente no partido. Seu candidato, Selahattin Demirtas, conduziu a campanha a partir da prisão, contando com o respaldo não apenas dos curdos, mas também da esquerda turca.

Cerca de 56 milhões de cidadãos foram pela primeira vez chamados às urnas para eleger simultaneamente o presidente e um novo Parlamento. A participação eleitoral foi de 88%. Este pleito é considerado um passo decisivo para a implementação da reforma constitucional aprovada em 2017, que entrega todos os poderes executivos ao chefe de Estado.

Entre a chefia de governo e de Estado, Erdogan já dirige os destinos da Turquia há 15 anos, de forma crescentemente autoritária. O líder turco começa o próximo mandato sob um novo sistema presidencialista. A reforma constitucional para esse fim foi aprovada em referendo, em abril de 2017.

Na concepção de sistema presidencial de Erdogan, o poder de formar e dirigir o governo deve ser transferido do Parlamento para o presidente. Ele também pode vir a acumular o comando dos setores de inteligência e militar, e todos os ministros também deverão ser escolhidos por ele.

AV/rtr,ap,lusa,dpa

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