“Ninguém pode pisar no direito dos nossos taxistas", disse presidente. País aprovou lei que determina suspensão de habilitação de motoristas flagrados transportando passageiros por meio do aplicativo.
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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou na noite de sexta-feira (01/06) que o Uber "acabou” no país. O anúncio ocorre em meio à pressão de taxistas, que acusam o aplicativo de concorrência ilegal.
"Apareceu uma coisa chamada Uber ou algo assim. Isso acabou. Já não existe", disse Erdogan durante um jantar que contou com a presença de representantes do sindicato de motoristas de ônibus de Istambul.
"De onde isso saiu? Há na Europa, mas aqui nós decidimos. Temos um sistema de táxis. O Ministério do Interior deu as instruções. Se eles se meterem no nosso trânsito, faremos o necessário. Ninguém pode pisar no direito dos nossos taxistas", afirmou o presidente.
Na terça-feira, o governo aprovou uma lei que praticamente inviabiliza as operações do aplicativo no país. Ela determina a suspensão das carteiras de motoristas de pessoas que trabalham para aplicativos como o Uber. Pela lei, a primeira infração será punida com multa. Caso seja pego pela segunda vez, o motorista pode ter a carteira suspensa por dois anos.
Nos últimos meses, sindicatos de taxistas organizaram vários protestos contra o Uber, criticando a empresa por promover concorrência desleal. Em Istambul, a polícia registrou várias agressões de taxistas contra motoristas do aplicativo.
O Uber começou a operar em Istambul em 2014. A principal cidade da Turquia conta com 17,4 mil táxis credenciados. No entanto, a notória má qualidade do serviço vinha abrindo caminho para aplicativos como o Uber. Além de Istambul, o Uber opera em cidades turísticas como Bodrum e Cesme.
Segundo o Uber, pelo menos 2 mil motoristas utilizam o aplicativo no país para encontrar passageiros. Outros 5 mil motoristas utilizam o UberXl, que oferece vans para transportar grupos de passageiros.
Na última quarta-feira, a empresa afirmou que continuará na Turquia, apesar da nova legislação aprovada pelo governo do país.
A Turquia não é o único país a entrar em choque com o Uber. O aplicativo já foi banido ou forçado a abandonar os mercados da Bulgária, Dinamarca e Hungria. O Uber também funciona de maneira limitada na França, Itália, Alemanha, Japão e Taiwan.
JPS/efe/rt
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Quão europeia é Istambul?
Apesar da crise de relacionamento, Europa e Turquia têm muito em comum. Istambul, por exemplo: a metrópole de 15 milhões de habitantes não é apenas geograficamente parte da Europa. Uma viagem pela cidade dos contrastes.
Foto: Rena Effendi
Para além das categorias convencionais
Istambul é a única cidade do mundo localizada em dois continentes: Europa e Ásia. Na metrópole do Bósforo, tradição e modernidade, religião e estilo de vida secular colidem como em nenhum outro lugar. Muitos dizem que exatamente isso faz a magia da cidade.
Foto: Rena Effendi
Quase 3 milênios de existência
Uma história de mais de 2.600 anos molda a paisagem urbana da Istambul de hoje. Diversos líderes se alternaram na luta pelo poder: persas, gregos, romanos, otomanos. "Constantinopla" era o centro do Império Bizantino e posteriormente do Império Otomano. Só em 1930 a cidade foi batizada "Istambul".
Foto: Rena Effendi
Entre mundos
O Bósforo é a alma azul de Istambul. O estreito separa a parte europeia da parte asiática da cidade. Todos os dias, balsas levam dezenas de milhares de um lado para o outro. Gaivotas gritam ao vento. A bordo, há chá e "simit" (anéis de gergelim). A travessia leva cerca de 20 minutos, de Karaköy, na Europa, para Kadiköy, na Ásia.
Foto: Rena Effendi
Pontes conectam
A partir da ponte Galata, é possível observar bem os navios – e outras coisas mais. Aqui, pescadores se apinham na esperança de uma boa pesca. Entre eles: comerciantes, turistas, engraxates, vendedores de milho. A primeira ponte foi construída aqui em 1845 – quando Istambul ainda se chamava Constantinopla.
Foto: Rena Effendi
"Europa é um sentimento"
"Meu nome é Vefki", diz um dos pescadores, acenando. "Eu me sinto europeu. Queremos mais liberdade, e por isso a Turquia e a UE devem se aproximar." Vefki é aposentado e a pesca é seu hobby, mas também uma renda extra. Por dois quilos de peixe, ele consegue no mercado o equivalente a cerca de oito euros.
Foto: Rena Effendi
Minaretes no coração da cidade
Na Praça Taksim, no coração da cidade, zunem máquinas de construção. Aqui, uma nova mesquita é erguida a alta velocidade, com uma cúpula de 30 metros de altura e dois minaretes. Tudo deve estar pronto até as eleições de 2019. Críticos acusam o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de impor uma nova identidade à praça: islâmico-conservadora e neo-otomana, ao invés de secular e europeia.
Foto: Rena Effendi
Europeia e devota
O tom é mais conservador no bairro de Fatih, apesar de ele se situar na parte europeia de Istambul. Muitos que vivem aqui imigraram da Anatólia, procurando trabalho e uma vida melhor. Alguns também chamam Fatih de "bairro dos devotos": aqui são muitos os adeptos fiéis do presidente turco e de seu partido conservador-islâmico AKP.
Foto: Rena Effendi
Compras à sombra da mesquita
Quarta-feira é dia de mercado em torno da mesquita de Fatih. Tem empurra-empurra e regateio por eletrodomésticos, roupas, lençóis, frutas e legumes. Os preços são mais baixos do que em outros lugares, assim como os aluguéis. Atualmente muitas famílias sírias vivem em Fatih. Desde o início da guerra, em 2011, a Turquia recebeu mais de 3 milhões de refugiados – mais do que qualquer outro país.
Foto: Rena Effendi
"Pequena Síria" no coração de Istambul
Fatih é agora conhecida por seus restaurantes sírios: O kebab daqui vem com alho extra. "Misafir" (hóspedes) é como os refugiados são oficialmente chamados na Turquia. O status de asilo vigente na UE não existe aqui. Mas o governo prometeu cidadania turca para dezenas de milhares de sírios. Críticos veem nisso uma tentativa de angariar votos adicionais.
Foto: Rena Effendi
Vida noturna em "Hipstambul"
Quem quiser sair, fazer festa, beber álcool, tem que procurar outros bairros de Istambul. Por exemplo Kadiköy, do lado asiático. Ou vir aqui para Karaköy, um dos bairros mais antigos, mas hoje extremamente encarecido. Moradores e turistas se encontram em cafés, lojas conceituais e galerias. A política islâmica conservadora do governo não encontra muitos entusiastas por aqui.
Foto: Rena Effendi
Esperança no turismo
"Istambul mudou muito", diz Ayşegül Saraçoğlu. Ela trabalha numa loja de grife no bairro turístico de Galata. "Há alguns ano,s muitos europeus vinham para cá de férias", agora são principalmente turistas árabes. "Isso é ruim para o nosso negócio", reclama, "espero que mude em breve".