Erdogan desafia UE e se nega a mudar lei antiterrorismo
6 de maio de 2016
Um dia após a renúncia do premiê turco, presidente rechaça demandas do bloco europeu, diz que não vai mudar polêmica legislação de segurança e defende troca rápida para um sistema presidencialista.
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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta sexta-feira (06/05) que não vai alterar a lei de terrorismo de seu país, conforme exigido pelos termos de um acordo com a União Europeia (UE) para conter a imigração.
Erdogan fez um pronunciamento incendiário transmitido ao vivo na televisão, um dia depois da renúncia do primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, que negociou o pacto imigratório com a Europa e que vinha cumprindo os compromissos de seu país até agora.
Dos 72 critérios preestabelecidos do acordo UE-Turquia, ainda há cinco questões que Ancara precisa resolver, incluindo "a revisão da legislação e das práticas relacionadas ao terrorismo, em conformidade com as normas europeias".
"Vamos seguir o nosso caminho, e vocês sigam o de vocês", alertou Erdogan, dirigindo-se ao bloco europeu. "Bem quando a Turquia está sob ataque de organizações terroristas e das potências que as apoiam diretamente, ou indiretamente, a UE está nos pedindo para mudar a lei de terrorismo."
Na quarta-feira, a Comissão Europeia pediu a seus países-membros que dispensem os vistos de entrada a cidadãos turcos como retribuição por Ancara estar impedindo a entrada na Europa de migrantes vindos da Grécia. O bloco disse, porém, que a Turquia precisa primeiro mudar algumas leis, e também alinhar suas leis antiterrorismo aos padrões europeus.
A saída de Davutoglu consolida o poder de Erdogan, que já criticou muito a UE no passado e que é visto em Bruxelas como um parceiro de negociações muito mais duro e menos comprometido com a ambição turca de se filiar ao bloco.
Grupos de direitos humanos dizem que a Turquia utiliza leis antiterrorismo abrangentes para silenciar os dissidentes, entre eles jornalistas e acadêmicos que criticam o governo. Mas Ancara insiste que as leis são essenciais para o combate a militantes curdos em seu território e à ameaça do "Estado Islâmico" na Síria e no Iraque.
Mais poderes
No pronunciamento desta sexta-feira, Erdogan também anunciou que deseja realizar, "o mais rápido possível", um referendo para modificar a Constituição do país e introduzir o sistema presidencialista, expandindo, assim, seu poder.
O presidente afirmou que somente um sistema presidencialista "garantiria estabilidade e segurança", e que essa é uma necessidade urgente, e não um objetivo pessoal. Para a realização de um referendo sobre a questão é necessário o apoio de 60% do parlamento.
Enquanto isso, o partido governista AKP deve se reunir no dia 22 de maio, em congresso extraordinário, para decidir quem substituirá Davutoglu como primeiro-ministro. O ministro dos Transportes, Binali Yildirim, tem sido citado como a preferência de Erdogan para o cargo.
EK/afp/dpa/rtr
2015, o ano dos refugiados
Nunca tantas pessoas estiveram em fuga como em 2015. Muitos delas seguiram para a Europa, com o objetivo de chegar à Alemanha ou à Suécia. Confira uma restrospectiva fotográfica do "ano dos refugiados".
Foto: Reuters/O. Teofilovski
Chegada à União Europeia
Esses jovens sírios superaram uma etapa perigosa da sua viagem: eles conseguiram chegar à Grécia e, assim, à União Europeia. O objetivo final, porém, ainda não foi alcançado: eles querem continuar a jornada para o norte, em direção a outros países-membros do bloco. Em 2015, a maioria dos refugiados seguiu para a Alemanha e para a Suécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Perigosa travessia do Mediterrâneo
O caminho que eles deixam para trás é extremamente perigoso. Vários barcos com refugiados, nem sempre aptos à navegação, já viraram durante a travessia do Mar Mediterrâneo. Estas crianças sírias e seu pai tiveram sorte: eles foram resgatados por pescadores gregos na costa da ilha de Lesbos, na Grécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
A imagem que comoveu o mundo
Aylan Kurdi, de 3 anos, não sobreviveu à fuga. No início de setembro, ele se afogou no Mar Egeu, juntamente com o irmão e a mãe, ao tentar chegar à ilha grega de Kos. A foto do menino sírio, morto na praia de Bodrum, espalhou-se rapidamente pela mídia e chocou pessoas de todo o mundo.
Foto: Reuters/Stringer
Onde as diferenças são visíveis
A ilha grega de Kos, a menos de 5 quilômetros de distância da Turquia continental, é o destino de muitos refugiados. As praias geralmente cheias de turistas servem de ponto de desembarque, como no caso deste grupo de refugiados paquistaneses que chegou à costa da Grécia com um bote de borracha.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Em meio ao caos
Porém, muitos refugiados não conseguem simplesmente seguir viagem quando chegam a Kos. Eles somente podem seguir para o continente após serem registrados. Durante o verão europeu, a situação se agravou quando as autoridades fizeram com que os refugiados esperassem pelo registro num estádio, sob o sol escaldante e sem água.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Um navio para refugiados
Por causa da condições precárias, tumultos eram frequentes na ilha de Kos. Para acalmar a situação, o governo grego fretou um navio, que permaneceu ancorado e foi transformado em alojamento temporário para até 2.500 pessoas e em centro de registro de migrantes.
Foto: Reuters/A. Konstantinidis
"Dilema europeu"
Mais ao norte, na fronteira da Grécia com a Macedônia, policiais não permitiam mais a passagem de pessoas, entre elas crianças aos prantos, separadas de seus pais. Esta foto tirada pelo fotógrafo Georgi Licovski no local, e que mostra o desespero de duas crianças, foi premiada pelo Unicef como a imagem do ano, já que mostra "o dilema e a responsabilidade da Europa".
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem conexões para refugiados
No final do verão europeu, Budapeste se transformou em símbolo do fracasso das autoridades e da xenofobia. Milhares de refugiados estavam acampados nas proximidades de uma estação de trem da capital húngara, pois o governo do país os proibira de seguir viagem. Muitos decidiram seguir a pé em direção à Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Fronteiras abertas
Uma decisão na noite de 5 de setembro abriu caminho para os refugiados: a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o chanceler austríaco, Werner Faymann, decidiram simplesmente liberar a continuação da viagem por parte dos migrantes. Como consequência, vários trens especiais e ônibus seguiram para Viena e Munique.
Foto: picture alliance/landov/A. Zavallis
Boas vindas em Munique
No primeiro final de semana de setembro, cerca de 20 mil refugiados chegaram a Munique. Na estação central de trem da capital da Baviera, inúmeros voluntários se reuniram para receber os refugiados com aplausos e lhes fornecer comida e roupas.
Foto: Getty Images/AFP/P. Stollarz
Selfie com a chanceler
Enquanto a chanceler federal Angela Merkel era aplaudida por refugiados e defensores de sua política de asilo, muitos alemães se voltavam contra a política migratória. "Se tivermos de pedir desculpas por mostrar uma face acolhedora em situações de emergência, então este não é mais o meu país", respondeu a chanceler. A frase "Nós vamos conseguir" se tornou o mantra de Merkel.
Foto: Reuters/F. Bensch
Histórias na bagagem
No final de setembro, a polícia federal alemã divulgou uma imagem comovente: o presente que uma menina refugiada deu a um policial da cidade alemã de Passau. O desenho mostra o horror que vários migrantes vivenciaram e o quão felizes eles estavam por, finalmente, estarem em um local seguro.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundespolizei
O drama continua
Até o final de outubro, mais de 750 mil refugiados haviam chegado à Alemanha. Mas o fluxo não parava. Sobrecarregados, os países da chamada Rota dos Bálcãs decidiram fechar suas fronteiras. Apenas sírios, afegãos e iraquianos estavam autorizados a passar. Em protesto, migrantes de outros países chegaram a costurar seus lábios.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem fim à vista
"Ajude-nos, Alemanha" está escrito em cartazes de manifestantes na fronteira com a Macedônia. Na Europa, o inverno se aproxima, e milhares de pessoas, entre elas crianças, estão presas nas fronteiras. Enquanto isso, até mesmo a Suécia retomou o controle temporário de fronteiras. Em 2016, o fluxo de refugiados deverá continuar.