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Erdogan discursa na Alemanha em momento conturbado das relações bilaterais

Baha Güngör (md)23 de maio de 2014

Visita do premiê turco é esperada com expectativa e apreensão na Turquia. Mídias próximas ao governo alertam contra "armadilha", enquanto analistas veem na viagem uma chance para melhorar cooperação com Berlim.

Foto: imago/epd

A Alemanha não é uma terra estranha para o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan. Ele se sente até mesmo responsável pelos cerca de três milhões de cidadãos de raízes turcas que vivem no país. Isso já fez com que ele até mesmo se atrevesse a ligar para a chanceler federal alemã, Angela Merkel, para oferecer ajuda em caso de possíveis problemas com os imigrantes. Claro que Merkel recusou educadamente e deu a entender que pode resolver seus problemas na Alemanha sozinha, inclusive aqueles envolvendo turcos.

O que acontece na Alemanha é imediatamente registrado pelas mídias tradicionais e redes sociais na Turquia. Os ataques neonazistas contra instituições e moradias turcas chamam tanto a atenção da opinião pública como as manifestações anti-Erdogan durante os protestos do parque Gezi, em meados do ano passado.

Críticas ao governo

A aparição de Erdogan em Colônia neste sábado (24/05) também provoca bastante expectativa e até alguns temores entre a mídia turca. O jornal pró-governo Sabah, por exemplo, adverte contra possíveis "armadilhas" para Erdogan na Alemanha. Ele critica que as autoridades alemãs permitiram manifestações contra o chefe de governo turco durante o evento em que ele discursará na cidade e classifica a medida como uma espécie de incentivo à "provocação".

Partidários de Erdogan na Alemanha: evento deve reunir cerca de 15 mil pessoas em ColôniaFoto: Getty Images

Já o diário Hürriyet, crítico ao governo, tem outro ponto de vista. Ele cita o ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier, que criticou como impróprios para as relações entre Ancara-Berlim os alertas de políticos alemães para que Erdogan desista da viagem.

O cientista político Hüseyin Yayman, da Universidade Gazi, em Ancara, acompanha a delegação de Erdogan. Ele acredita que o discurso do líder turco em Colônia "não será afiado ou crítico" e que o político não fará críticas à mídia ou a políticos alemães que o consideram "antidemocrático."

"Há três milhões de turcos na Alemanha. Eles desejam a melhoria das relações entre os dois países", sublinha Yayman. Por isso, ele acredita que Erdogan dará uma mensagem para promoção da integração e cooperação bilateral.

Fatma Yilmaz, especialista em UE do Instituto de Estudos Estratégicos Internacionais, da capital turca, teme que Erdogan leve a Colônia a campanha para as eleições presidenciais em agosto e exacerbe as tensões e perturbações das relações Alemanha-Turquia.

Yilmaz também não descarta que Erdogan dê na Alemanha uma resposta às críticas ao seu governo expressadas pelo presidente da Alemanha, Joachim Gauck, durante visita à Turquia, no final de abril. Na ocasião, o chefe de Estado alemão denunciou abertamente deficiências na área de liberdade de expressão e de imprensa na Turquia.

Chance de melhora

Desde então, as relações entre Ancara e Berlim têm estado tensas. "Elas precisam de um reparo", opina o cientista político Tunay Ince, presidente do Centro para as Atividades da UE, na Turquia, acrescentando que a visita de Erdogan pode ser "uma grande oportunidade" para isso.

Por outro lado, Ince lembra que o partido de Erdogan chegou ao poder há 12 anos com o objetivo levar a Turquia à UE. "Mas se a vontade por reformas continuar a esmorecer, a dissociação completa da Turquia em relação à Europa será apenas questão de tempo", alerta.

Ferido durante protestos em Istambul: acidente na mina de carvão de Soma é mais um motivo de revoltaFoto: picture alliance/AP Photo

Para a União de Democratas Europeus-Turcos (entidade próxima ao partido de Erdogan, cujo aniversário de dez anos serve de pretexto para a visita do líder turco a Colônia), não será difícil encher o ginásio Lanxess-Arena, em Colônia, com pelo menos 15 mil pessoas. Vários canais de televisão turcos transmitirão o discurso ao vivo.

Enquanto isso, duas pessoas já morreram em Istambul durante confrontos entre manifestantes e forças de segurança. Após o grave acidente da mina de carvão de Soma, que causou a morte de mais de 300 mineiros, prosseguem os protestos contra o governo turco.

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