Erdogan leva ao Parlamento pedido de adesão da Suécia à Otan
23 de outubro de 2023
Solicitação, feita pelos suecos três meses após invasão russa da Ucrânia, vinha enfrentando resistência do presidente da Turquia, que acusava o país europeu de esforços insuficientes contra o que considera "terrorismo".
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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, apresentou nesta segunda-feira (23/10) o pedido de adesão da Suécia à Otan no Parlamento turco, em Ancara, para ratificação. Erdogan assinou o protocolo e o encaminhou à Assembleia Nacional, segundo informações divulgadas pelo gabinete presidencial.
A aprovação é considerada provável, já que a aliança do partido conservador AKP, liderado por Erdogan, tem maioria parlamentar. A medida foi bem recebida por Estocolmo, já que abre caminho para que a Suécia se junte à aliança militar ocidental.
Durante meses, a Turquia, assim como a Hungria, bloqueou a adesão da Suécia à Otan, que só recebe novos países-membros após aprovação de todos os integrantes do grupo.
O bloqueio era justificado pelos turcos devido aos "esforços insuficientes" dos suecos contra o que classifica como "terrorismo". A Turquia acusa a Suécia de abrigar grupos terroristas, incluindo militantes curdos considerados ilegais por Ancara e, por isso, ainda não havia dado o aval para o país ingressar na aliança atlântica.
A Turquia e a Hungria são os únicos Estados-membros da Otan que ainda não ratificaram a proposta da Suécia.
Terminando dois séculos de neutralidade e não alinhamento militar, a Suécia e a Finlândia anunciaram propostas para ingressar na Otan em maio de 2022, três meses depois de a Rússia invadir a Ucrânia.
Enquanto a candidatura da Suécia segue em andamento, a Finlândia conseguiu se tornar o 31º membro da Otan em 4 de abril deste ano.
Suécia comemora, mas não há prazo
O primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, saudou a novidade e disse que Estocolmo espera se tornar membro da Otan o quanto antes: "Agora resta ao Parlamento lidar com a questão", escreveu Kristersson na plataforma X, antigo Twitter.
No entanto, não há um prazo definido para a ratificação. O projeto de lei será colocado na pauta da comissão de relações exteriores do Parlamento, que terá de aprová-lo antes que ele possa ser enviado à Assembleia Geral para ratificação.
A Turquia, que tem o segundo maior exército da Otan, há muito tempo busca a aprovação do Congresso dos EUA para uma venda à Turquia de US$ 20 bilhões em jatos F-16 e kits de modernização. Erdogan já havia vinculado a candidatura da Suécia à Otan ao apoio americano.
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Promessa feita em julho
A mudança de rumo em relação à questão sueca ocorreu em julho deste ano. Na época, durante uma cúpula, Erdogan prometeu enviar o pedido de adesão assim que o Parlamento reabrisse, em 1º de outubro.
Desde que o Parlamento reabriu, porém, autoridades turcas têm insistido para que Estocolmo tome medidas mais concretas para reprimir o que Ancara considera uma milícia proibida, com integrantes ligados ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). O partido é considerado uma organização terrorista pela Turquia, pela União Europeia (UE) e pelos Estados Unidos.
"O Protocolo de Adesão da Suécia à Otan foi assinado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan em 23 de outubro de 2023 e encaminhado à Grande Assembleia Nacional da Turquia", escreveu o gabinete da presidência na plataforma X.
gb/md (AFP, dpa, Reuters)
História da presença militar americana na Alemanha
Desde a Segunda Guerra, o território alemão é ponto estratégico para as Forças Armadas americanas. Mas a parceria transatlântica, antes quase inabalável, ficou estremecida com a chegada de Trump à Casa Branca.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Parceria em xeque
Quase 35 mil soldados americanos estão estacionados na Alemanha - a maioria deles no oeste e no sul do país. Nenhum outro país da Europa tem tantos soldados dos EUA em seu território. Mas isso está prestes a mudar: Donald Trump (na foto acima na base de Ramstein) quer retirar 12 mil militares da Alemanha. Uma ruptura para a aliança militar entre os dois países.
Foto: Reuters/J. Ernst
De inimigo a protetor
O ponto de partida da presença militar americana na Alemanha foi a Segunda Guerra Mundial. Os americanos haviam libertado a Alemanha do nazismo em 1945 junto com três outros aliados. Mas o antigo aliado de guerra, a União Soviética, rapidamente se tornou um novo inimigo. Na Berlim dividida, tanques americanos e soviéticos ficavam frente a frente.
Foto: picture-alliance/dpa
O soldado Elvis
Com os soldados americanos, a cultura americana também veio para a República Federal da Alemanha. O rei do rock, como Elvis Presley viria a ser chamado mais tarde, já foi um simples soldado americano. Em 1958, ele começou seu serviço militar na Alemanha. Na foto, ele acena aos fãs na estação de trem em Bremerhaven.
Foto: picture-alliance/dpa/L. Heidtmann
Residências próprias
Na foto, um militar americano em uma rua da área residencial do Exército dos EUA no aeródromo de Wiesbaden-Erbenheim. No entorno das bases americanas, há conjuntos habitacionais só para os soldados americanos e suas famílias. Isso muitas vezes dificultou a integração deles na população alemã. Em 2019, o Exército americano empregava 17 mil civis americanos na Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Festas de rua
Apesar de os conjuntos habitacionais estarem relativamente isolados, havia encontros entre famílias americanas e alemãs desde o início. Nos primeiros anos, festas nas ruas de Berlim eram organizadas no verão. E no inverno, por exemplo, o Exército americano fazia festas de Natal para crianças alemãs. Houve também Semanas de Amizade Alemanha-EUA.
Durante a Guerra Fria, a localização da Alemanha Ocidental tornou-se particularmente importante: na foto, em 1969, os exercícios anuais da Otan na Alemanha estão em pleno andamento. Na época, os americanos realizavam extensas manobras militares em conjunto com a Bundeswehr. A Alemanha estava dividida. O inimigo era a União Soviética e os Estados do Pacto de Varsóvia.
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Tensão nuclear
Em 1983, os mísseis Pershing 2 foram levados para a base americana em Mutlangen sob guarda pesada. Os mísseis com ogivas nucleares evoluíram para uma questão política: eles se destinavam a preencher uma lacuna na dissuasão do Pacto de Varsóvia por parte da Otan. O movimento pela paz, por outro lado, via tudo isso como uma ameaça e reagia com grandes manifestações.
Foto: picture-alliance/dpa
Discordância sobre Iraque
Cerca de 20 anos depois, o presidente dos EUA, George W. Bush, iniciava uma guerra contra o Iraque alegando que o país do Oriente Médio tinha armas de destruição em massa. O chanceler Gerhard Schröder rejeitou a participação de soldados alemães no conflito – e sabia ter o apoio da maioria dos eleitores. A disputa abalou a relação entre os dois governos.
Foto: picture-alliance/dpa/dpa_pool/A. Altwein
Alemanha: ponto estratégico
Mesmo após a retirada de 12 mil soldados americanos, como Trump pretende, a Alemanha permaneceria importante para os interesses estratégicos dos Estados Unidos. A base americana em Ramstein desempenha um papel-chave como a sede da Força Aérea dos EUA na Europa. As controversas missões de combate com drones contra supostos terroristas na África e na Ásia também são controladas a partir de Ramstein.