Presidente da Turquia afirma que diversos governos ocidentais, incluindo a Alemanha, receberam e ouviram as gravações relacionadas ao assassinato do jornalista saudita.
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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse neste sábado (10/11) que seu país compartilhou os "registros" das gravações relacionadas com o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi com governos de EUA, França, Reino Unido e Alemanha, entre outros, e que estes "ouviram as conversas".
"Demos os registros à Arábia Saudita, aos Estados Unidos, à Alemanha, à França, ao Reino Unido, a todos. Eles os ouviram e sabem das conversas. Eles sabem, com certeza, quem é ou quem são os assassinos", ressaltou Erdogan, se referindo às supostas discussões que teriam antecedido o assassinato do jornalista.
O presidente lembrou que as investigações turcas revelam a chegada de uma equipe de 15 agentes sauditas a Istambul no mesmo dia do assassinato de Khashoggi no consulado de seu país, em 2 de outubro.
"Não temos documentos, não há achados. Mas há informações. Essas 15 pessoas, com toda certeza, sabem tanto quem é o assassino como para onde o corpo foi levado", disse Erdogan durante uma entrevista em Ancara, antes de partir rumo a Paris para participar da comemoração dos 100 anos do armistício da Primeira Guerra Mundial.
Erdogan lembrou que, segundo Riad, o corpo foi entregue a um "colaborador local" e insistiu que a Arábia Saudita informe quem é esse colaborador caso ele realmente exista.
O presidente disse que a Turquia tinha conseguido que Riad enviasse seu procurador-chefe a Istambul para se reunir com seu colega turco, mas se queixou que o único resultado foi um convite ao procurador turco para ir à Arábia Saudita.
"O que o nosso procurador poderia fazer lá? O local do crime é aqui. É preciso falar aqui", disse o líder turco. "O assassino está entre esses 15. Não se precisa buscar em outro lugar", concluiu Erdogan.
Khashoggi, colaborador do jornal The Washington Post, foi morto em 2 de outubro no consulado da Arábia Saudita em Istambul, onde foi buscar documentos para seu casamento.
Depois de inicialmente negarem os fatos e sustentarem que o jornalista saiu a pé do consulado, as autoridades sauditas finalmente afirmaram que ele morreu durante uma ação "não autorizada".
A versão foi considerada uma tentativa de inocentar o poderoso príncipe herdeiro Mohammed bin Salman e o rei Salman, que não teriam conhecimento do plano. A alegação foi considerada internacionalmente como pouco digna de crédito.
Em um artigo publicado em 2 de novembro pelo The Washington Post, Erdogan acusou os "mais altos níveis" do governo de Riad de ordenar a execução, embora não tenha mencionado o rei Salman.
MD/efe/dpa
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Desde o golpe militar fracassado contra o presidente Erdogan, em julho de 2016, relações entre Ancara e Berlim têm se deteriorado constantemente. Mas o processo já começara antes, e não há fim à vista.
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Caso Böhmermann
31 de março de 2016: O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, apresenta queixa contra o humorista alemão Jan Böhmermann por seu "poema difamatório" a respeito dele, envolvendo bestialidade, entre outras acusações. Em 4 de outubro, os promotores encerraram o caso, mas um conflito diplomático entre Ancara e Berlim estava desencadeado.
2 de junho de 2016: Parlamento alemão aprova quase unanimemente resolução classificando como genocídio o massacre de centenas de milhares de armênios pelo Império Otomano, em 1915. Ancara retira seu embaixador de Berlim, a comunidade turca promove protestos em várias cidades alemãs. Segundo a Turquia, o número de mortes seria exagerado, e também havia muçulmanos turcos entre as vítimas.
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Tensões após golpe fracassado
15 de julho de 2016: Uma facção das Forças Armadas turcas tenta derrubar o presidente turco, mas fracassa. Ancara acusa Berlim de não se posicionar contra a tentativa de putsch nem fazer algo contra a organização do pregador exilado Fethullah Gülen, acusado por Erdogan de orquestrar o golpe militar.
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Alemanha critica purgação pós-golpe
Logo em seguida à tentativa de golpe, as autoridades turcas fizeram uma devassa no Exército e no Judiciário, detendo milhares de pessoas. Logo em seguida, a purgação foi expandida, incluindo funcionários públicos civis, diretores e professores universitários. Políticos alemães criticaram as detenções. Diplomatas, acadêmicos e militares turcos fugiram do país e pediram asilo na Alemanha.
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Manifestações curdas em Colônia
A devassa de Erdogan pós-golpe foi também condenada por ativistas curdos em manifestações na cidade de Colônia, no oeste alemão. Em muitas delas se exigia a libertação de Abdullah Öcalan, líder encarcerado do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Ancara Turquia acusa Berlim de não fazer esforços suficientes para sustar as atividades do grupo. que classifica de terrorista.
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Prisões de cidadãos alemães na Turquia
14 de fevereiro de 2017: Deniz Yücel, correspondente do jornal "Die Welt", é colocado sob custódia policial na Turquia. Outros cidadãos alemães, como a jornalista Mesale Tolu e o ativista de direitos humanos Peter Steudtner, são detidos pelo que Berlim define como "razões políticas". Todos os três foram acusados pelas autoridades turcas de apoiar organizações terroristas.
Março de 2017: Municipalidades alemãs proíbem ministros turcos de realizarem comícios a favor do referendo de abril na Turquia, para ampliar os poderes presidenciais de Erdogan. Este acusa a Alemanha de empregar "táticas nazistas" contra cidadãos turcos em seu território e deputados turcos em visita. Dirigentes alemães condenam severamente o líder turco, acusando-o de ter ido longe demais.
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Espionagem
30 de março de 2017: A Alemanha acusa a Turquia de espionar centenas de adeptos de Gülen, assim como mais de 200 associações e escolas ligadas ao movimento do pregador na Alemanha. Paralelamente, requerentes de asilo turcos acusam o departamento de imigração BAMF de repassar as informações deles para veículos de imprensa ligados ao governo turco.
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Erdogan insta turco-alemães a não votarem em "inimigos"
18 de agosto de 2017: O presidente chama três dos principais partidos políticos da Alemanha de inimigos da Turquia e insta os alemães de origem turca a não votarem neles na eleição geral de setembro. Seus alvos são a União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal Angela Merkel, o Partido Social-Democrata (SPD) e o Partido Verde. A chefe de governo acusa Erdogan de se imiscuir na eleição.
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Merkel contra Turquia na UE
4 de setembro de 2017: A chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirma, durante debate eleitoral, ser contra a Turquia se tornar membro da União Europeia e promete conversar com outros líderes da UE sobre o fim das negociações com Ancara nesse sentido. Em outubro, ela apoia a iniciativa de cortar os fundos pré-filiação da Turquia.
Foto: Reuters/F. Bensch
Ofensiva militar turca em Afrin
20 de janeiro de 2018: Forças Armadas turcas e seus aliados rebeldes sírios lançam a Operação Ramo de Oliveira contra o enclave curdo de Afrin, no norte da Síria. A ofensiva é criticada por políticos alemães e desencadeia protestos de comunidades curdas na Alemanha.
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Deniz Yücel é libertado da prisão
16 de fevereiro de 2018: A Turquia liberta o jornalista turco-alemão Deniz Yücel, depois de mantê-lo preso por mais de um ano sem acusações formais. Segunda a mídia estatal turca, o turco-alemão foi libertado da detenção pré-julgamento sob fiança. A promotoria exige para ele pena de 18 anos de prisão, por "propaganda terrorista" e incitação popular.