Extremista que implementou agenda paranoica que isolou o Brasil, Araújo pede demissão do Ministério das Relações Exteriores após pressão do Congresso.
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O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pediu nesta segunda-feira (29/03) para deixar o cargo. A informação foi repassada pelo chanceler a seus subordinados e a expectativa é de que o anúncio oficial seja feito até o fim do dia.
Extremista de direita e adepto de teorias conspiratórias, Araújo era visto como um obstáculo na diplomacia entre o Brasil e vários países, dificultando acordos comerciais, como compra de vacinas da China e da Índia.
Embora apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, a situação de Araújo ficou insustentável depois que Senado, Câmara, generais, grandes empresários e lideranças do agronegócio se uniram nos últimos dias para tirá-lo da Esplanada. Recentemente, o presidente da Câmara, Arthur Lira, chegou a afirmar que Araújo perdeu a capacidade de dialogar com países.
O pedido de demissão de Araújo da chefia do Itamaraty fez o governo Bolsonaro chegar à marca de 16 ministros substituídos do cargo para o qual foram inicialmente nomeados.
Entre os cotados para substituir Araújo, segundo veículos da imprensa brasileira, estão o embaixador do Brasil na França, Luiz Fernando Serra, e o chefe da Secretaria Especial de Comunicação (Secom), almirante Flávio Rocha. Nenhum desses nomes sinaliza alguma mudança de rumo na condução do Itamaraty.
O primeiro é, assim como Araújo, um diplomata bolsonarista. Serra já deu respostas agressivas para parlamentares franceses que pediram esclarecimentos sobre o andamento da investigação do assassinato de Marielle Franco - a morte da vereadora de esquerda em 2018 costuma ser tratada com desprezo por apoiadores do governo. Já o almirante Rocha, desde que passou a comandar a Secom na primeira quinzena de março, passou a usar a secretaria para propagar narrativas falsas sobre o governo ter apoiado vacinas desde o início da pandemia.
Araújo, no entanto, deve permanecer no cargo até que seu substituto seja definido, como ocorreu com Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde.
Também não há sinais, por enquanto, de que outros nomes que vêm ditando os rumos da diplomacia brasileira, como o deputado Eduardo Bolsonaro, o filho "03" do presidente, e o assessor especial Filipe G. Martins vão diminuir sua influência.
Em carta, diplomatas pediram saída de Araújo
Além de toda pressão externa, a situação de Araújo era insustentável dentro do próprio Itamaraty. No sábado, um grupo de cerca de 300 diplomatas divulgou uma carta na qual criticavam a postura adotada pelo ministro e deram a entender que desejavam que o chanceler deixasse o cargo.
"Nos últimos dois anos, avolumaram-se exemplos de condutas incompatíveis com os princípios constitucionais e até mesmo os códigos mais elementares da prática diplomática. O Itamaraty enfrenta aguda crise orçamentária e uma série numerosa de incidentes diplomáticos, com graves prejuízos para as relações internacionais e a imagem do Brasil", afirma o texto.
A carta não cita nominalmente Araújo, mas deixa claro o desastre diplomático causado pelo ministro desde que assumiu a pasta. A situação teria se agravado com a condução da política externa no contexto da pandemia.
A carta foi divulgada três dias após Araújo ter participado de uma audiência no Senado sobre a atuação da pasta para obter vacinas contra a covid-19 no exterior. O ministro teria se oposto à entrada do Brasil no consórcio global liderado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) Covax Facility, que prevê o envio de 42 milhões de doses de imunizantes para o país.
Durante a audiência, vários senadores criticaram duramente a atuação extremamente ideológica do ministro e defenderam a demissão de Araújo
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Uma gestão que transformou o país em pária internacional
Ao tomar posse no Itamaraty em 2 de janeiro de 2019, Araújo citou que, sob sua chefia, o Itamaraty iria combater o aborto e se insurgir contra o "ódio a Deus". Não havia quase nada sobre a pauta comercial do país no discurso de Araújo, um diplomata apagado, que teve uma carreira discreta antes da vitória de Bolsonaro nas eleições de 2018,
Sua gestão à frente da diplomacia brasileira acabou tendo um comando compartilhado com Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do presidente, e o assessor Filipe G. Martins.
Todos são seguidores do guru Olavo de Carvalho, que promove teorias conspiratóriascomo a de que o príncipe britânico Charles é secretamente um adepto do islã. Com a influência de Olavo, o trio também passou a alardear, sem provas, de que há uma conspiração comunista internacional que pretende tomar o poder na América Latina - 30 anos após o fim da Guerra Fria.
Assim como Araújo, os outros membros do grupo que dita a política externa brasileira também não têm carreiras notáveis na área. Antes de virar assessor presidencial, Martins atuava como consultor e se destacava mesmo como protegido de Olavo de Carvalho. Já Eduardo Bolsonaro, quando lançou com apoio do pai uma fracassada campanha para ser embaixador em Washington, mencionou como experiência internacional uma proficiência em inglês e um intercâmbio nos EUA, no qual, segundo ele, "fritou hambúrguer". Numa entrevista, ele admitiu que não sabia quem é Henry Kissinger, um dos mais influentes diplomatas do século 20.
Sob Araújo e as diretrizes do clã Bolsonaro, o Itamaraty passou a implementar uma chamada agenda "antiglobalista" na máquina diplomática brasileira, endossando ataques de Eduardo Bolsonaro à China - o maior parceiro comercial do Brasil - e transformando o ministério num palco de palestras para blogueiros propagadores de fake news. O país também se alinhou sem ressalvas ao governo de Trump e passou a colaborar diplomaticamente com regimes ultrafundamentalistas como Arábia Saudita para sabotar iniciativas internacionais de promoção aos direitos humanos.
Muitas das medidas contrariaram práticas que há décadas caracterizaram a diplomacia brasileira, algumas inclusive que remontavam ao regime militar. No primeiro ano da gestão de Araújo, ficaram para trás, além da independência do país em relação aos EUA em assuntos externos, a aproximação com países africanos, a não interferência em assuntos internos de vizinhos na América do Sul e o pragmatismo com os principais países europeus.
No lugar, foi implantado algo mais alinhado com a visão radical de extrema-direita do presidente Jair Bolsonaro. O multilateralismo foi abandonado, e no lugar entrou uma política externa baseada na afinidade pessoal e ideológica com outros líderes. A diplomacia brasileira se tornou imprevisível, gerando crises constantes ao longo dos últimos dois anos.
No segundo ano de Araújo, o Brasil continuou a se distanciar dos seus vizinhos latino-americanos e fez apostas fracassadas como a manutenção de uma pretensa relação especial com o ex-presidente americano Donald Trump. Sob Araújo, a diplomacia brasileira evitou reconhecer a vitória do democrata Joe Biden por semanas. Em janeiro de 2021, Araújo ainda disse que a turba de extremistas que invadiu o Capitólio, nos EUA, seria formada por "cidadãos de bem".
Entre 2019 e 2020, o Brasil se viu excluído de debates em que o país costumava ter voz ativa, como a questão do meio ambiente; e reforçou uma política de hostilidade a grandes parceiros comerciais, como a União Europeia e a China.
Em outubro de 2020, o ministro Ernesto Araújo disse que, se a atual política externa do Brasil "faz de nós um pária internacional, então que sejamos esse pária".
Entre os "resultados" da diplomacia bolsonarista durante a gestão de Araújo também estão a continuidade da perda de apoio para o acordo entre Mercosul e União Europeia mesmo entre países europeus mais simpáticos ao pacto, como a Alemanha; e até a perspectiva da imposição de sanções internacionais ao país por causa da sua gestão relapsa do desmatamento.
Em abril de 2020, ainda na primeira fase da pandemia, Araújo explicou como a diplomacia brasileira deveria encarar a situação. A prioridade não era a busca de cooperação internacional contra o coronavírus ou a fabricação de vacinas, mas o que o ministro chamou de "comunavírus", que seria uma conspiração "comunista-globalista de apropriação da pandemia para subverter completamente a democracia liberal e a economia de mercado".
Ao longo da pandemia, o Brasil também seguiu sem ressalvas Donald Trump em uma ofensiva contra a OMS. O comportamento permaneceu intocado até mesmo depois da derrota eleitoral do republicano.
"Nenhum país da estatura do Brasil tem reputação tão ruim", diagnosticou o diplomata Rubens Ricupero em abril de 2020. "A imagem positiva acabou", apontou no ano passado Friedrich Prot von Kunow, presidente da Sociedade Brasil-Alemanha (DBG) e que foi embaixador no Brasil entre 2004 e 2009.
Mas Araújo não pareceu ligar para esses diagnósticos. "Esse pária aqui, esse Brasil, essa política do povo brasileiro, tem conseguido resultados", completou Araújo em um discurso em outubro.
le/jps (ots)
As principais baixas do governo Bolsonaro
Em meio a sucessivas polêmicas, nomes do primeiro e segundo escalão do governo não resistiram a críticas e pressões. Relembre alguns.
Foto: picture-alliance/dpa/NurPhoto/A. Borges
Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência
A primeira baixa de ministros foi a de Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, em 18 de fevereiro de 2019. Importante articulador da campanha de Bolsonaro, Bebianno esteve envolvido em denúncias de que o PSL, partido que ele presidiu de janeiro a outubro de 2018, teria usado candidaturas laranjas. Além disso, entrou em confronto com Carlos Bolsonaro. Floriano Peixoto assumiu a vaga.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Correa
Vélez Rodríguez, ministro da Educação
Pelo Twitter, Bolsonaro anunciou, em 8 de abril de 2019, a saída do então ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, após uma onda de demissões no alto escalão da pasta. Rodríguez acumulou atitudes polêmicas, como declarar que os livros didáticos sobre ditadura militar seriam revisados, além de pedir que as escolas filmassem os alunos cantando o hino. Seu substituto foi Abraham Weintraub.
Foto: Marcelo Cassal Jr. /Abr
Santos Cruz, da Secretaria de Governo
O terceiro ministro – e o primeiro da ala militar – a cair foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo, em 13 de junho de 2019. A demissão foi atribuída à falta de alinhamento político-ideológico com o governo. Santos Cruz era alvo de ataques regulares de Olavo de Carvalho, guru do presidente, e acumulava intrigas com Carlos Bolsonaro. Assumiu a vaga Luiz Eduardo Ramos.
Foto: DW/M. Estarque
Ribeiro de Freitas, presidente da Funai
O general da reserva Franklimberg Ribeiro de Freitas foi exonerado da presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai) em 12 de junho de 2019. Segundo ele próprio alegou, sua queda se deveu à pressão dos ruralistas. À época da demissão, Ribeiro de Freitas denunciou que Bolsonaro está sendo mal assessorado nas questões indígenas e que a Funai sofre com orçamento limitado e déficit de pessoal.
Foto: Abr/M. Camargo
Juarez da Cunha, presidente dos Correios
Bolsonaro anunciou em público a demissão do presidente dos Correios, o general Juarez da Cunha, em 14 de junho de 2019. Em encontro com jornalistas, o presidente disse que o chefe da estatal vinha se comportando como "um sindicalista". O ministro da Secretaria-Geral da Presidência Floriano Peixoto assumiu o cargo e, para a antiga vaga de Peixoto, foi designado Jorge Antonio de Oliveira Francisco.
Foto: Agencia Brasil/José Cruz
Joaquim Levy, presidente do BNDES
Joaquim Levy renunciou à presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 16 de junho de 2019, após embate público com o presidente. No dia anterior, Bolsonaro havia dito que Levy estava com "a cabeça a prêmio" – o motivo foi a nomeação por Levy do executivo Marcos Barbosa Pinto para a diretoria de Mercado de Capitais do BNDES. O substituto foi Gustavo Montezano.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Ricardo Galvão, diretor do Inpe
Logo após o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgar aumentos dramáticos no desmatamento da Floresta Amazônica, Bolsonaro acusou o então diretor do instituto, Ricardo Galvão, de mentir. Galvão rebateu as críticas do presidente e acabou sendo exonerado em 2 de agosto de 2019. O oficial da Força Aérea Darcton Policarpo Damião foi oficializado como diretor interino.
Foto: DW/N. Pontes
Marcos Cintra, secretário da Receita Federal
A demissão de Marcos Cintra, secretário da Receita Federal desde o início do governo Bolsonaro, foi anunciada em 11/09/2019. A decisão de Paulo Guedes, ministro da Economia, teria sido motivada por divergências com a "nova CPMF". A crise fora deflagrada pela divulgação antecipada de estudos para a cobrança de um imposto semelhante à extinta Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira.
Foto: Agência Brasil/Arquivo/W. Dias
Roberto Alvim, secretário da Cultura
O dramaturgo de extrema-direita Roberto Alvim foi demitido por Bolsonaro em 17 de janeiro, três meses depois de assumir a Secretaria Especial da Cultura. Ele perdeu o cargo após divulgar um absurdo vídeo repleto de referências ao nazismo. Inicialmente, Bolsonaro relutou demitir Alvim, mas a repercussão do caso selou o destino do secretário, que atribuiu sua queda a uma "ação satânica".
Foto: Secretaria Especial da Cultura
Gustavo Canuto, ministro do Desenvolvimento Regional
Bolsonaro trocou, em 6 de fevereiro de 2020, o ministro do Desenvolvimento Regional. Gustavo Canuto foi substituído por Rogério Marinho, que era secretário de Previdência e articulou a reforma da aposentadoria. Servidor de carreira do Ministério da Economia, Canuto teria pedido para deixar o cargo. Ele era alvo de críticas de Bolsonaro, que não estaria satisfeito com o Minha Casa Minha Vida.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Osmar Terra, ministro da Cidadania
Osmar Terra foi tirado do cargo de ministro da Cidadania e retomou o mandato como deputado federal. No dia 13 de fevereiro de 2020, Bolsonaro anunciou a saída do ministro Onyx Lorenzoni da Casa Civil para assumir o Ministério da Cidadania no lugar de Terra. Como novo chefe da Casa Civil foi escolhido o general do Exército Walter Souza Braga Netto.
Foto: picture-alliance/dpa/I. Franco
Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde
Bolsonaro demitiu seu ministro da Saúde em 16 de abril de 2020, em plena pandemia de covid-19. Luiz Henrique Mandetta e o presidente vinham protagonizando um embate público desde que o Brasil entrou no compasso do coronavírus, semanas antes. Ao contrário de Bolsonaro, Mandetta defendia o isolamento social para conter o avanço da pandemia. Para o seu lugar, foi escolhido o oncologista Nelson Teich.
Foto: picture-alliance/dpa/Zumapress/P. Jacob
Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, renunciou ao cargo em 24 de abril de 2020, depois de um embate com Bolsonaro sobre o comando da Polícia Federal (PF). Nomeado com a promessa de ter "carta branca" à frente de um superministério, o ex-juiz da Lava Jato acusou o presidente de interferir na PF para ter acesso a informações de inquéritos.
Foto: Reuters/A. Coelho
Nelson Teich, ministro da Saúde
Menos de um mês após ter assumido o cargo, em meio à pandemia de covid-19, Nelson Teich pediu demissão. Apesar de ter dito que tinha um "alinhamento completo" com o presidente, o médico teve divergências com Bolsonaro, que pressionou o ministro para aprovar um uso mais amplo da cloroquina no tratamento da covid-19, apesar de não haver evidências científicas da eficácia e segurança do medicamento.
Foto: picture-alliance/AP Photo/E. Peres
Regina Duarte, secretária da Cultura
A atriz Regina Duarte deixou a Secretaria Especial da Cultura em 20 de maio de 2020, menos de três meses depois de assumir o cargo. À frente da pasta, ela acumulou atritos com a ala ideológica do governo, que via sua atuação como muito branda com "a esquerda". Já a classe artística criticou a gestão errática e os comentários de Duarte que minimizaram os crimes da ditadura militar.
Foto: picture alliance/dpa/Palacio do Planalto/M. Correa
Abraham Weintraub, ministro da Educação
Após dias de especulações e uma escalada do desgaste político com o STF, Abraham Weintraub confirmou sua saída do Ministério da Educação em 18 de junho de 2020, em vídeo ao lado de Bolsonaro. Sua passagem pela pasta durou pouco mais de 14 meses e foi envolta em polêmicas, tendo acumulado desafetos e disputas públicas, além de se tornar alvo de inquéritos.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Camargo
Carlos Decotelli, ministro da Educação
Havia expectativa de que Carlos Decotelli imprimisse normalidade ao MEC após a gestao tumultuada de Weintraub. Mas as credenciais acadêmicas do novo ministro logo passaram ser questionadas. Ele dizia que tinha doutorado, mas foi desmentido. Ainda exagerou sobre ter completado um pós-doutorado na Alemanha. E foi acusado de plágio. Pediu demissão cinco dias após ser indicado, sem ter tomado posse.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Correa
Eduardo Pazuello, ministro da Saúde
No pior momento da pandemia no Brasil, com recordes de mortes diárias e hospitais em colapso, Bolsonaro anunciou a saída de Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde, em 16 de março de 2021. Pazuello vinha sendo pressionado pelo agravamento da crise sanitária e pela lentidão da vacinação. Para a vaga foi escolhido o médico Marcelo Queiroga, quarto ministro a ocupar o cargo em menos de um ano.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores
Um dos mais polêmicos aliados de Bolsonaro, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, anunciou sua saída em 29 de março de 2021. Extremista de direita e adepto de teorias conspiratórias, era visto como um obstáculo na diplomacia com vários países, dificultando, inclusive, a compra de vacinas da China e da Índia. Sua saída desencadeou uma reforma ministerial, com seis trocas em um dia.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa
Horas depois do anúncio de Araújo, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, também deixou o cargo, sem explicar os motivos. "Agradeço ao presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao país. Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado", afirmou em nota.
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
José Levi, Advocacia-Geral da União
Pouco depois, o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), José Levi, também entregou o cargo. A saída de Levi teria sido pedida por Bolsonaro, após o chefe da AGU ter se recusado a assinar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade do Planalto ao STF contra restrições impostas por alguns governadores para conter a pandemia. Para sua vaga, foi designado o ministro da Justiça, André Mendonça.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Comandantes das Forças Armadas
Em 30 de março de 2021, o Ministério da Defesa anunciou a troca simultânea e inédita dos três comandantes das Forças Armadas. Edson Pujol (à direita na foto), do Exército, Ilques Barbosa, da Marinha, e Antônio Bermudez, da Aeronáutica, já haviam cogitado colocar seus cargos à disposição, como sinal de que não compactuariam com tentativas do presidente de usar as Forças Armadas em seu benefício.
Foto: picture-alliance/AP Photo/E. Peres
Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente
Em 23 de junho de 2021, após muita pressão, Ricardo Salles pediu demissão do Ministério do Meio Ambiente. Ele foi substituído por Joaquim Álvaro Pereira Leite, até então secretário da Amazônia e Serviços Ambientais da pasta. Com gestão marcada por polêmicas, "boiadas" e desmatamento e queimadas recordes, Salles é alvo de dois inquéritos no STF, ambos envolvendo comércio de madeira ilegal.
Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República do Brasil
Milton Ribeiro, ministro da Educação
Em 28 de março de 2022, após vir à tona a "farra dos pastores", o ministro da Educação Milton Ribeiro pediu exoneração. Ele é suspeito de favorecer prefeituras na liberação de recursos do MEC, tendo dois pastores como intermediários. Sua situação ficou ainda mais frágil após a revelação de um áudio em que ele admitia que favorecia os pastores a pedido do presidente Jair Bolsonaro.
Bento Costa Lima Leite de Albuquerque, ministro de Minas e Energia
Em 11 de maio de 2022, o presidente Jair Bolsonaro trocou a chefia do Ministério de Minas e Energia, ao exonerar Bento Costa Lima Leite de Albuquerque. O novo titular nomeado para a pasta foi Adolfo Sachsida, aliado de Paulo Guedes. A mudança ocorreu após críticas de Bolsonaro à política de preços da Petrobras, estatal ligada ao Ministério de Minas e Energia.