Após oito dias de greve, 875 policiais militares se apresentam sem passar pelos quartéis, onde mulheres continuam bloqueando a saída de viaturas. Número de mortos passa de 140 em meio a onda de violência.
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Mais de 870 policiais militares voltaram a patrulhar as ruas do Espírito Santo neste domingo (12/02), amenizando a crise gerada por uma paralisação que já dura oito dias. No período, o estado viveu uma onda de saques e violência, com mais de 140 homicídios.
Os agentes atenderam à chamada do Comando-Geral da corporação, e os que não voltaram ao trabalho poderão sofrer punições administrativas. Os policiais se apresentaram sem passar pelos quartéis.
Assim, eles evitam o bloqueio feito na entrada dos batalhões pelo movimento de mulheres que ainda estão acampadas neste domingo em protesto por melhores salários. A maior parte dos policiais que está retornando ao serviço são oficiais e praças que estavam de férias e de folga e que atenderam ao ultimato da direção da Polícia Militar feito na tarde de sábado e na manhã deste domingo.
Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (SESP), 250 homens se apresentaram para trabalhar na Grande Vitória, 275 na região sul e 350 no norte do estado.
No sábado à tarde, 600 policiais militares atenderam ao chamado da corporação e começaram a realizar policiamento ostensivo a pé nos locais indicados pela PM. À noite, a PM disse que 70 policiais foram retirados de helicóptero do Quartel do Comando-Geral, em Maruípe, na região central de Vitória. Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública, esses agentes queriam voltar ao trabalho e foram impedidos de sair pelo movimento das mulheres.
Punição para policiais
O governo do estado acredita que o anúncio de punições aos policiais feitos desde sexta-feira pode ter influenciado na decisão dos militares de atender ao chamado do comandante-geral da corporação.
A ofensiva contra os grevistas inclui o indiciamento de 703 PMs, o anúncio de que tropas federais permanecerão no estado por tempo indeterminado e a promessa do governo Michel Temer de que a base aliada no Congresso não votará a anistia aos policiais.
O acordo entre as associações de policiais militares e o governo estadual fechado na noite de sexta-feira não foi suficiente para colocar fim à paralisação que mantém há oito dias os policiais militares e os bombeiros fora das ruas do Espírito Santo. As mulheres dos policiais não participaram das negociações com o governo.
Enquanto os policiais estavam aquartelados, o estado vivia uma onda de roubos, saques e violência. Segundo a imprensa local, o número de homicídios no estado, depois de oito dias de paralisação da PM, já passa de 140.
FC/abr/ots
Greve da PM gera caos no Espírito Santo
A paralisação dos policiais militares no estado provoca onda de violência, saques e depredação. Mais de cem pessoas morrem de forma violenta na primeira semana do protesto. População vive clima de insegurança nas ruas.
Foto: picture-alliance/Photoshot
Medo de sair às ruas
A paralisação dos policiais militares no Espírito Santo provocou uma onda de violência, saques e depredação. Mesmo patrulhamento ostensivo das Forças Armadas não conseguiu devolver a tranquilidade à população. Mais de cem pessoas foram mortas de forma violenta no estado na primeira semana do protesto, e a população evita sair de casa.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/W. Junior
Bloqueio de batalhões
A greve dos PMs começou de forma inusitada, quando familiares dos policiais, em especial mulheres, ocuparam o acesso de uma companhia militar, impedindo a saída de viaturas. A partir de então, o movimento se espalhou rapidamente, com a criação de grupos de WhatsApp. As portas de praticamente todos os 14 batalhões militares e oito companhias foram ocupadas por famílias de soldados.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Ajuda do Exército e da Força Nacional
Para ajudar a conter a onda de violência, o governo federal liberou as Forças Armadas para atuar no patrulhamento no estado e enviou 200 militares da Força Nacional para a região. Mas a situação continua caótica. Aulas em escolas e atendimentos em postos de saúde continuam suspensos.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/W. Junior
Dificuldade para comprar alimentos
O secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, afirmou, após a chegada das Forças Armadas, que as ocorrências diminuíram, mas números oficiais não foram divulgados. A população enfrenta dificuldades até mesmo para comprar alimentos. Os poucos supermercados abertos lotam, com consumidores disputando mercadorias para estocá-las.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/W. Junior
Paralisação de policiais civis
Em meio ao caos na segurança pública, policiais civis do Espírito Santo fizeram uma paralisação de doze horas nesta quarta-feira (08/02), em protesto pela morte de um investigador na cidade de Colatina. Organizações da classe não descartaram também entrar em greve por reajuste salarial e melhores condições de trabalho.
Roubos, assaltos, saques e atos de vandalismo são registrados em várias regiões do estado. Ônibus da região metropolitana de Vitória chegam a voltar à circulação, mas motoristas interrompem o trabalho horas depois, devido à insegurança, ameaças e após a morte do presidente dos sindicatos dos Rodoviários de Guarapari, Wallace Barão. Ele é achado morto a tiros dentro de um carro em Vila Velha.
Secretários do governo capixaba e representantes das associações de classe de policiais militares iniciaram negociações para acabar com a crise. Segundo o secretário de Direitos Humanos, Julio Pompeu, as lideranças do movimento exigem anistia geral para todos os policiais, que são proibidos de fazer greve, e 100% de aumento para toda a categoria.
Foto: Getty Images/AFP/V. Moraes
Acordo sem efeito
O acordo entre associações de policiais militares e o governo estadual não foi suficiente para pôr fim à paralisação. As mulheres dos policiais não participaram da negociação com o governo. No acordo firmado, o governo não concedeu aumento salarial. Na proposta apresentada pelas mulheres, elas pediam 20% de reajuste imediato e 23% de reajuste escalonado. A segurança continua nas mãos do Exército.