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Escolas católicas

2 de fevereiro de 2010

Mais casos de abuso por parte de padres contra alunos de escolas católicas na Alemanha vêm à tona após escândalo sobre caso em colégio berlinense nos anos 1970 e 1980. Um dos acusados vive no Chile.

Canisius Kolleg, em Berlim: série de abusos nas décadas de 1970 e 1980Foto: AP

Ex-alunos da escola jesuíta Canisius Kolleg, em Berlim, acusaram a antiga direção do colégio de haver ocultado casos de abusos de alunos por parte de sacerdotes ocorridos nas décadas de 1970 e 1980. Antigos estudantes do colégio acusam a direção de ter sido informada acerca dos abusos na época, sem ter, contudo, tomado qualquer providência.

Segundo Stefan Dartmann, da ordem dos jesuítas na Alemanha, nos anos 1980 havia realmente indícios de possíveis abusos contra alunos do Canisius Kolleg. Os religiosos, no entanto, não entraram com queixa oficial contra os padres acusados. De acordo com Dartman, os abusos cometidos por ex-professores do colégio não foram registrados somente em Berlim, mas também em outras quatro cidades do país.

Dartmann confirma que a ordem religiosa tentou resolver o problema internamente. Um relatório a ser concluído pela advogada Ursula Raue deverá apontar as razões pelas quais não foram realizadas investigações oficiais para averiguar os atos ilícitos dos padres.

Abusos por trás da fachada idílicaFoto: cc-by-sa/Quantité/Wikipedia

"Pedagogia sexual"

De acordo com o diretor do Canisius Kolleg, em Berlim, foram registrados ali 20 casos de abusos cometidos por sacerdotes em escolas alemães. Além destes, há registros de três casos na escola St. Ansgar, em Hamburgo, pelo menos dois no Colégio Jesuíta St. Blasien na Floresta Negra, um número ainda desconhecido de casos em Göttingen e um em Hildesheim.

Além disso, no ano de 1981, alunos do Canisius Kolleg escreveram uma carta aberta à ordem dos jesuítas, acusando a "pedagogia sexual" do padre Peter R. de homofóbica, afirma Dartmann. Jovens homossexuais foram, relata ele, "seriamente pressionados" e acusados de praticar uma sexualidade "degenerada e não natural".

Dados biográficos

Segundo afirmações da advogada Raue à emissora Deutschlandfunk, um dos acusados teria confessado a prática dos abusos, enquanto o outro teria revidado as acusações. Dartmann divulgou oficialmente os dados biográficos dos dois padres acusados, ambos já desligados da ordem dos jesuítas.

Peter R., hoje com 69 anos, era na época professor de religião no Canisius Kolleg. A partir de 1981 trabalhou em Göttingen, onde um aluno tentou matá-lo no ano de 1986. R. saiu ileso da tentativa de homicídio e o aluno cometeu suicídio a seguir. R. trabalhou depois disso no México e em Hildesheim, onde uma mulher denunciou à ordem abusos sexuais por parte do sacerdote contra sua filha de 14 anos. Em 1995, ele se desligou dos jesuítas.

O outro acusado, Wolfgang S., deixou o Canisius Kolleg em 1979 para dar aulas na escola St. Ansgar, em Hamburgo, onde foram registrados três casos de abusos sexuais cometidos por S. Após dar aulas em St. Blasien, ele se mudou no fim dos anos 1980 para o México e de lá para o Chile, tendo se desligado tanto da ordem dos jesuítas quanto da Igreja em 1991. Num documento entregue nesta ocasião, S. confessou os abusos.

Denúncias subestimadas

Uma das vítimas dos abusos em Berlim, hoje com 45 anos, deu declarações ao jornal popular B.Z. desta terça-feira (02/02), afirmando ter recebido, por cinco vezes, dez chicotadas nos glúteos quando despido. "Naquela época nunca imaginaria que se tratava de um abuso sexual", afirmou a vítima ao jornal.

Matthias Kopp, porta-voz da Conferência dos Bispos Alemães, que se reúne em assembleia dentro de três semanas, afirmou que ainda não está claro se o tema será tratado pelos bispos do país na ocasião. A iniciativa de base "Nós somos a Igreja" conclamou a Igreja católica a reformular suas diretrizes quanto à conduta sexual.

"Do ponto de vista atual, levamos muito pouco a sério as denúncias de então e subestimamos claramente o alcance do que se sucederia", afirmou Josef Homeyer, bispo berlinense na época. "Lamento profundamente", disse o religioso.

SV (dpa/afp/epd/ap)

Revisão: Simone Lopes

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