Escócia perdoa homens condenados por homossexualidade
15 de outubro de 2019
Medida possibilitará que centenas limpem seu registro criminal, estima organização. Segundo governo, anistia visa corrigir um erro histórico. Até a década de 1980, relação sexual entre homens era proibida no país.
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O governo da Escócia concede a partir desta terça-feira (15/10) perdão a todos os homens homossexuais e bissexuais que foram condenados por terem cometido relações sexuais com indivíduos do mesmo sexo, sob uma legislação que vigorou até a década de 1980.
Segundo o governo, a medida visa corrigir um erro histórico. "Não há mais lugar para homofobia, ignorância e ódio na Escócia moderna", afirmou o secretário escocês de Justiça, Humza Yousaf. O perdão só foi possível graças a uma lei aprovada pelo Parlamento escocês em 2018.
"A legislação cumpre os compromissos assumidos pela primeira-ministra, que pediu desculpas pelas leis discriminatórias e agora ultrapassadas e pelos danos causados a muitos", acrescentou Yousaf.
Em 2017, a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, pediu desculpas publicamente aos homens afetados pelo "erro histórico" das condenações.
A relação sexual entre indivíduos do mesmo sexo foi descriminalizada no país em 1980. Somente em 2001, a idade mínima referente ao consentimento foi igualada entre casais heterossexuais e homossexuais.
Centenas de homens na Escócia possuem registro criminal devido a condenações por essa lei discriminatória, que punia também o beijo entre homens e até mesmo o flerte homossexual. "Uma condenação dessa poderia significar o fim da carreira, a perda de amigos e da família. Todos esses enormes impactos", afirmou o diretor da organização Equality Network, Tim Hopkins.
A Equality Network estima que milhares de homens tenham sido processados por serem homossexuais nos últimos 150 anos. O ato sexual entre mulheres nunca foi criminalizado em vários países e, na maioria das vezes, nem era reconhecido como tal.
De acordo com a medida que entrou em vigor, todos os afetados receberão o perdão, incluindo aqueles que já morreram. Os impactados devem, no entanto, entrar com um processo administrativo, que será gratuito, para receber a anistia e limpar o registro criminal.
A Inglaterra e o País de Gales já aprovaram leis semelhantes, mas foram criticados por seu escopo limitado. O sistema jurídico escocês é independente do sistema dos outros integrantes do Reino Unido.
A Escócia tem sido regularmente conceituada como um dos países mais avançados da Europa em relação às proteções legais para membros da comunidade LGBTI – apesar de ter descriminalizado a homossexualidade somente 13 anos depois da Inglaterra e do País de Gales.
Em 2016, a então líder do Partido Trabalhista Escocês, Kezia Dugdale, descreveu a Escócia como o país com "o Parlamento mais gay do mundo". Na época, quatro dos seis líderes partidários do país se identificavam como lésbica, gay ou bissexual – incluindo a própria Dugdale.
Dicas em Edimburgo, para além dos kilts e gaitas de fole
Capital da Escócia é um dos pontos mais apreciados das ilhas britânicas, acolhendo ao ano sete vezes mais turistas do que sua população. Ela é ideal para os fãs de teatro, locais históricos, praia, gim e muito mais.
Foto: Imago/Westend61/W. Dieterich
Verão é tempo de festivais
Edimburgo é uma mistura de altiva história escocesa e monumentos nacionais, como o de Calton Hill (foto), de estilo urbano hipster com feiras de alimentos veganos e uma animada cena criativa. Com apenas meio milhão de habitantes, a capital escocesa recebe 3,5 milhões de turistas ao ano. E é nos festivais de verão que ela realmente desabrocha.
Foto: Imago/Westend61/W. Dieterich
Fringe: divertido, colorido, criativo
A mostra Fringe se estabeleceu em 1947, como alternativa ao Festival Internacional de Edimburgo de artes cênicas. E acabou se consagrando como o maior dos 12 eventos da cidade. Em agosto ela transforma Edimburgo num gigantesco palco para humorismo, acrobacia e performance. Em seus 300 locais de apresentação, o foco do Fringe é no inusitado e polêmico.
Foto: edinburgh.org
Castelo de Edimburgo, marco histórico
O Royal Edinburgh Military Tattoo, uma das festividades de agosto, tem como impressionante pano de fundo o Castelo de Edimburgo, o mais visitado da Escócia. Marcada por kilts e gaitas de fole, a parada é organizada pelo Real Regimento da Escócia. O clímax é o evento "Massed Pipes and Drums", encerrado com uma mostra de fogos de artifício atrás da icônica fortaleza medieval.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Hirth
Patrimônios da Unesco
O castelo fortificado medieval não é o único Patrimônio Cultural da cidade. Construído no século 18, o New Town também foi escolhido pela Unesco em 1995. Ele abriga construções neoclássicas, como a Galeria Nacional (centro), com obras de Rembrandt a Monet. E quem escala os 61 metros do Scott Monument (dir.) é recompensado com uma vista panorâmica das cidades nova e antiga.
Foto: picture-alliance/robertharding/N. Clark
Visita à Rainha em Holyrood Palace
Nenhuma viagem à capital escocesa está completa sem uma visita à residência oficial da família real britânica no país, o Palace of Holyroodhouse. As dependências oficiais da atual monarca britânica e as câmaras históricas de Maria Stuart, Rainha dos Escoceses, podem ser visitadas durante quase todo o ano. E também vale conhecer o prédio futurista do Parlamento, situado logo em frente
Foto: picture-alliance/dpa/M. Locke
Royal Mile: rua de passagem com vida subterrânea
Defronte do Holyrood Palace começa a Royal Mile, uma série de ruas de paralelepípedos de quase dois quilômetros de extensão. Ela passa pela igreja mais antiga da capital, a Saint Giles' Cathedral (dir.), levando até o Castelo de Edimburgo. Sob os imponentes edifícios e becos transversais, encontra-se um emaranhado de ruelas onde os cidadãos mais pobres viviam até o século 18.
Foto: Imago/robertharding/N. Clark
Grassmarket, nas pegadas de Harry Potter
Antes tanto mercado de pecuária e comércio de cavalos quanto praça de execuções públicas, o Grassmarket é hoje um ponto de encontro badalado, repleto de pubs, restaurantes e cafés. Todo sábado há uma feira vegana. Consta que J.K. Rowling teria trabalhado num dos cafés locais no que se tornaria a série Harry Potter, tirando inspiração da vista do castelo e de uma escola particular próxima.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Hirth
Greyfriars Bobby, lealdade e devoção canina
O fato de que cães são bem-vindos em muitos pubs, cafés e hotéis de Edimburgo pode ter a ver com este: Bobby, o skye terrier que guardou fielmente o túmulo de seu dono. Uma pequena estátua recorda o animal na entrada do velho cemitério Greyfriars Kirkyard. Diz a lenda que esfregar seu focinho traz boa sorte.
História sanguinolenta e design art nouveau, ciência e alta engenharia: no Museu Nacional da Escócia encontra-se tudo o que seja tipicamente escocês. Isso inclui a ovelha provavelmente mais famosa do mundo, Dolly – o primeiro mamífero clonado a partir de uma célula adulta. Subindo ao terraço do museu, tem-se uma das mais belas vistas do Castelo de Edimburgo.
Foto: National Museum Scotland
Portobello, idílio à beira-mar
A praia de Portobello, com seus mais de três quilômetros de areia fina em Firth of Forth, é o paraíso balneário de Edimburgo. Cafés, barraquinhas de comida e restaurantes povoam a avenida beira-mar. Casas vitorianas acrescentam charme nostálgico a esse subúrbio costeiro do século 19.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Milligan
Vida noturna à moda escocesa
Com arte feita de ossos de animais nas paredes e uma mesa de operação ajustável no bar, Summerhall é um local de eventos onde antes ficava a Escola Veterinária da Universidade de Edimburgo. Durante o Fringe, lá se realizam shows de humorismo e música, exposições de arte e cursos de dança. O gim vem da destilaria da casa. Então, à saúde! Ou como dizem os escoceses: "Slàinte Mhath!".