Em referendo, escoceses decidem permanecer no Reino Unido, com o "não" vencendo por vantagem de cerca de 10 pontos percentuais. Nacionalistas reconhecem derrota, e Cameron volta a prometer mais poderes à Escócia.
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Num referendo histórico, os escoceses optaram por permanecer no Reino Unido. Após a contagem dos votos de 31 dos 32 círculos eleitorais, o "não" já não podia mais ser derrotado pelo "sim" nas primeiras horas desta sexta-feira (19/09), estando à frente por uma margem de cerca de 10 pontos percentuais.
Com a apuração dos votos quase concluída, os resultados mostraram que cerca de 55% dos eleitores votaram pelo "não" à independência, contra cerca de 45% que votaram pelo sim. As últimas pesquisas de opinião já haviam colocado o "não" à frente, porém, com uma margem menor de vantagem.
Logo após a constatação da vitória do "não", Alex Salmond – primeiro-ministro do país e presidente do Partido Nacional Escocês (SNP) – reconheceu a derrota da campanha nacionalista. "Em nome do governo escocês, aceito o resultado e comprometo-me a trabalhar construtivamente."
Salmond classificou o referendo – no qual cerca de 85% dos eleitores compareceram às urnas – como "um triunfo para o processo democrático e para a participação política", insistindo que os políticos de Londres agora cumpram suas promessas e concedam mais poderes à Escócia.
Doze curiosidades sobre a Escócia
A Escócia vai mesmo se separar do Reino Unido? Antes do referendo, vale lembrar algumas peculiaridades dos escoceses, passando por Harry Potter, o "Ginger Pride" e um brasão um tanto quanto diferente.
Foto: Lisa Maree Williams/Getty Images
O unicórnio
Se a Escócia optou ou não pela independência só será conhecido nesta quinta-feira (18/09), mas uma coisa já é certa: o país tem lá suas peculiaridades. A começar pelo brasão: desde o século 12, o animal mítico é estampado nos escudos de líderes escoceses. Este unicórnio se encontra no Palácio de Holyrood, em Edimburgo.
Foto: picture-alliance/dpa/U. Gerig
Uma capital modesta
Glasgow pode até ser um pouco maior, mas Edimburgo, que fica mais ao norte, é a capital da Escócia. Também é lá que fica o Parlamento, que em 1999 se reuniu como uma representação popular independente pela primeira vez em quase 300 anos.
Foto: picture-alliance/dpa
Sons e cores do Fringe
O clima fica animado em Edimburgo na época do Fringe, o maior festival cultural do mundo. Ao longo de 25 dias de agosto, os melhores comediantes e atores são atraídos para a capital, onde mais de 2,5 mil apresentações acontecem em palcos, salas ou simplesmente nas ruas.
Foto: Danny Lawson/PA Wire/picture alliance/empics
Muito além de Harry Potter
Apesar de Hogwarts, a famosa escola de magia dos livros de J.K. Rowlings, ficar na Escócia, a literatura escocesa oferece mais do que isso. Um exemplo é "O médico e o monstro", famoso romance de Robert Louis Stevenson. No entanto, o título de "pai" da literatura escocesa é de Robert Burns, um poeta do século 18 cujo aniversário, no dia 25 de janeiro, é celebrado ainda hoje pelos escoceses.
Foto: Lisa Maree Williams/Getty Images
Meu nome é Bond
...James Bond. Por duas décadas, o papel do agente 007 foi incorporado pelo escocês de carteirinha Sean Connery. Atualmente, outros nomes escoceses fazem sucesso nas telonas dos cinemas, como Ewan McGegor, Robbie Coltrane, James McAvoy, Robert Carlyle e Gerard Butler.
Foto: AFP/GettyImages
Murray para a Escócia?
Quando ele ganha, é britânico; quando perde, é escocês. Mas Andy Murray sofre derrotas com pouca frequência. Em 2013, o tenista foi o primeiro britânico a vencer o Torneio de Wimbledon desde Fred Perry. Nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, conquistou duas medalhas para o Reino Unido. E se vier a independência? "Eu jogarei para a Escócia", diz Murray.
Foto: Julian Finney/Getty Images
Nos gramados
Os times de futebol escoceses não são tão conhecidos como os de Londres ou de Manchester. Mas o Celtic Football Club constantemente representa o país nas competições europeias. E a seleção nacional possui fãs excepcionais: o "Exército Xadrez" é famoso pelo uso de "kilts" e pela alta cantoria – mas também pelo elevado consumo de álcool.
Foto: Getty Images
Consequências da resistência ao álcool
Os escoceses bebem quase um quinto a mais de álcool que seus vizinhos do sul, afirma um estudo feito em 2012. E isso tem efeitos colaterais significativos: em algumas partes de Glasgow, a expectativa de vida chega a ser tão baixa quanto na Faixa de Gaza. A pobreza relativamente elevada em alguns bairros também traz consigo um número mais elevado de doenças cardíacas e outros males.
Foto: Getty Images
Os Strathearn
Um estudo diz que os escoceses são o povo mais qualificado da Europa. Há 15 universidades no país, e até o príncipe William escolheu uma para sua formação: a St. Andrews University, onde ele estudou História da Arte e Geografia e ainda teve tempo livre para conhecer a futura mulher, Kate, hoje Duquesa de Cambridge. Na Escócia, aliás, o casal é conhecido como o Conde e a Condessa de Strathearn.
Foto: picture-alliance/dpa
Ruivos com orgulho
Um em cada sete escoceses tem cabelos vermelhos – uma taxa sem igual no mundo. As explicações são controversas, mas a falta de sol pode ser uma das razões para a elevada proporção de ruivos na Escócia. Em outros países, eles representam apenas 1% da população. Mas é graças a esses "marginalizados" que existe a Ginger Pride Parade (Parada do Orgulho Ruivo) em Edimburgo.
Foto: picture-alliance/dpa
Libra escocesa
Apesar da moeda comum, os escoceses já cunham a própria libra. Nas notas vindas da Escócia lê-se "Banco da Escócia", o que costuma causar estranhamento no comércio do sul do Reino Unido. Mas a coisa vai ficar séria mesmo se a Escócia realmente se tornar independente. Aí vai surgir a questão se os escoceses vão poder manter a libra britânica.
Foto: Jeff J Mitchell/Getty Images
A Muralha de Adriano
As ruínas da fortificação ao sul da fronteira entre Inglaterra e Escócia ainda podem ser vistas. Foi o imperador Adriano que mandou construí-la para proteger a província britânica do Império Romano das tribos escocesas e irlandesas, no segundo século depois de Cristo. Será que essa região será novamente dividida por uma fronteira de verdade?
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/S. Görlich
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Em Edimburgo, capital do país, o "não" venceu por 61% a 38%. Na cidade natal de Salmond, Aberdeen, o "sim" também foi derrotado, por 59% a 41%. Já em Glasgow, a maior cidade da Escócia, 53,5% votaram pela independência, mas isso não foi suficiente para alterar o resultado geral.
Ainda antes da vitória decisiva do "não", o primeiro-ministro britânico, David Cameron, parabenizou Alistair Darling, que encabeçou a campanha contra a independência escocesa. "Falei com Alistair Darling para parabenizá-lo por uma campanha bem disputada." Em Glasgow, Darling festejou a vitória: "Hoje é um dia memorável para a Escócia e para o Reino Unido".
Ao discursar pouco depois da vitória do "não" vir à tona, Cameron voltou a prometer que vai conceder novos poderes para todas as partes do Reino Unido, assegurando que os compromissos serão honrados. "Assim como a população da Escócia terá mais poder sobre seus assuntos, as populações da Inglaterra, do País de Gales e da Irlanda do Norte também precisam ter mais poder sobre os assuntos delas."
O premiê também falou a favor da unidade, dizendo que, com o referendo, a questão da dependência foi resolvida "por uma geração". "Agora é a hora do Reino Unido se unir. [...] Teria partido meu coração ver nosso Reino Unido chegar ao fim."
A rejeição à independência impediu a ruptura de uma união de 307 anos. Também significa que o Reino Unido não perderá uma parte substancial de seu território e de suas reservas de petróleo e não terá que buscar uma nova base para seu arsenal nuclear, alojado na Escócia.
Com a independência escocesa, o Reino Unido também poderia perder influência em instituições internacionais, incluindo a União Europeia e a ONU. A decisão também significa que o Reino Unido evitará um período prolongado de insegurança financeira, previsto por muitos no caso de uma separação da Escócia.
Escoceses vivem noite de expectativa
Num referendo histórico, eleitores da Escócia decidiram pela permanência do país no Reino Unido. Campanha foi acirrada, mas, ao final, o "não" venceu com uma vantagem de cerca de 10 pontos percentuais.
Foto: Reuters/D. Martinez
Viva o Reino Unido!
A vitória do "não" foi festejada nas ruas do país. Cerca de 55% dos escoceses optaram pela permanência do país no Reino Unido. Na capital, Edimburgo, o "não" venceu por 61% a 38%.
Foto: LEON NEAL/AFP/Getty Images
Contagem emocionante
Defensores do "sim" e do "não" acompanharam a apuração dos votos com ansiedade. Por volta das 6h (horário local), a vitória do "não" se confirmou após a contagem dos votos de 31 dos 32 círculos eleitorais do país.
Foto: Reuters/D. Martinez
Não, não e não
A rejeição à independência foi maior do que o previsto nas últimas pesquisas de opinião reveladas antes do referendo. Três enquetes divulgadas às vésperas do pleito previam uma vantagem de 4 pontos percentuais para a permanência do país no Reino Unido. No final, a vantagem verificada sobre o "sim" foi de cerca de 10 pontos percentuais.
Foto: Reuters/D. Martinez
Decepção para o "sim"
Defensores da independência do país tiveram que se conformar com a continuidade de uma união que já dura 307 anos. Em Glasgow, a maior cidade da Escócia, 53,5% votaram pela independência, mas isso não foi suficiente para alterar o resultado geral.
Foto: Getty Images/J. J. Mitchell
Fim de um sonho
Em Glasgow, apoiadores do "sim" queimaram bandeiras quando a vitória do "não" estava próxima. Milhares de escoceses defendiam uma maior autonomia do país.
Foto: Getty Images/M. Runnacles
Promessa de mais poderes
"Teria partido meu coração ver nosso Reino Unido chegar ao fim", disse o primeiro-ministro britânico, David Cameron, após a confirmação da vitória do "não". O premiê prometeu cumprir a promessa de conceder mais poderes à Escócia, assegurando que os compromissos serão honrados.
Foto: Reuters/Suzanne Plunkett
Triunfo para participação na política
Ao reconhecer a derrota da campanha pelo "sim", Alex Salmond – primeiro ministro e presidente do Partido Nacional Escocês (SNP) – classificou o referendo como "um triunfo para o processo democrático e para a participação na política". Cerca de 85% dos eleitores compareceram às urnas.
Foto: Reuters/Russell Cheyne
Continuidade da libra
A permanência da Escócia no Reino Unido significa que o país continuará usando a libra esterlina. Caso vencesse a independência, o país provavelmente teria de lidar com um grande desafio: a criação de um banco central e de uma nova moeda.
Foto: DW/B. Riegert
Fim de temores
A rejeição da independência significa que o Reino Unido não perderá uma parte substancial de seu território e de suas reservas de petróleo. Com a independência escocesa, o Reino Unido também poderia perder influência em instituições internacionais, incluindo a União Europeia e a ONU.