Colégio da linha Waldorf gera alvoroço ao recusar matrícula de aluno por ele ser filho de um membro do partido populista de direita. Secretária de Educação de Berlim critica decisão e convoca administração da escola.
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Uma escola em Berlim foi alvo de críticas no domingo (16/12) ao rejeitar a matrícula de uma criança porque o pai é membro do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD).
A escola da linha Waldorf, também conhecida como escola de Steiner, teria realizado longas reuniões com o político e sua esposa, além de cerca de 20 professores, até decidir contra a aceitação do menino, apesar de ele já estar frequentando o jardim de infância da instituição. Nas reuniões, os pais teriam sido questionados sobre suas opiniões políticas.
A escola particular, que incentiva intensa participação dos pais, concluiu que havia muito potencial para conflitos constantes caso eles aceitassem a criança, informou o diretor administrativo da associação responsável pelas escolas Waldorf.
"Buscou-se uma solução consensual para o conflito, mas isso não pôde ser alcançado", disse ele. "Em vista desse conflito, a escola não vê a possibilidade de aceitar a criança com a necessária abertura e imparcialidade – ambas são pré-requisitos básicos para promover adequadamente o desenvolvimento da criança."
O partido populista de direita criticou repetidamente professores por doutrinarem alunos contra suas opiniões xenófobas e nacionalistas, criando inclusive um sistema on-line anônimo para os alunos denunciarem professores que se posicionam contra eles.
A decisão de rejeitar o filho do político foi condenada pela secretária de Educação de Berlim, Sandra Scheeres (SPD). De acordo com o jornal local Berliner Zeitung, a social-democrata disse que a administração da escola foi convocada para esclarecer o assunto.
Detlef Hardorp, porta-voz da política de educação das escolas Waldorf na área de Berlin-Brandemburgo, também foi citado pelo Berliner Zeitung como crítico da decisão. "Pessoas de todas as convicções políticas devem poder mandar seus filhos para as escolas Waldorf", disse.
No entanto, ele ressaltou que a escola tinha 140 inscrições para apenas 30 vagas e que, por isso, foi obrigada a recusar a maioria delas.
O político da AfD cujo filho foi rejeitado lamentou a decisão ao diário Berliner Kurier. "Nós gostamos muito desta escola. Como podemos agora explicar ao nosso filho que os amigos dele poderão se juntar à Waldorf no ano que vem, mas que nós não somos bem-vindos lá?", questionou. Mantido em anonimato por razões de privacidade, ele disse ainda querer manter sua vida política separada de sua vida privada.
Na Alemanha, as escolas particulares são regidas pelos mesmos regulamentos das escolas públicas, mas, por sua vez, têm o direito de selecionar alunos desde que não violem a legislação antidiscriminação.
Entre os 94 parlamentares eleitos para o Parlamento alemão pelo partido populista de direita há vários nomes que chamara a atenção por declarações polêmicas.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Stratenschulte
Alice Weidel
Antes de ser escolhida para encabeçar a lista de candidatos da AfD, em abril de 2017, esta consultora de empresas de 38 anos era praticamente desconhecida no cenário político alemão. Ela é natural de Gütersloh e vive com a parceira e os dois filhos desta na Alemanha e na Suíça. Weidel trabalhou como analista para gestão de patrimônio no banco Goldman Sachs, em Frankfurt.
Foto: Reuters/A. Schmidt
Alexander Gauland
Até 2013, o jurista Alexander Gauland, de 76 anos, foi membro da CDU. Natural de Chemnitz, este conservador-nacionalista ficou conhecido por comentários xenófobos. Ele disse que ninguém gostaria de ter alguém como o jogador negro Jérôme Boateng como vizinho e sugeriu que a encarregada do governo para assuntos de integração, Aydan Özoguz, perdesse a cidadania alemã e fosse "descartada" na Anatólia.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gambarini
Beatrix von Storch
Beatrix Amelie Ehrengard Eilika von Storch é uma advogada de 46 anos e nasceu numa família nobre, a Casa de Oldenburg, em Lübeck, no norte da Alemanha. Ela é uma das poucas mulheres da AfD no Bundestag. Esta fundamentalista cristã é contra o aborto e causou polêmica com a sugestão de atirar contra refugiados, inclusive mulheres e crianças, que tentarem cruzar a fronteira da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Murat
Wilhelm von Gottberg
Este ex-policial de 77 anos chegou a ser prefeito pela CDU no leste da Alemanha, mas deixou o partido em 2011. Ele foi por muito tempo vice-presidente da associação dos alemães que, com o fim da Segunda Guerra, foram expulsos dos antigos territórios alemães no Leste Europeu e chamou o Holocausto de "instrumento eficaz para a criminalização dos alemães e de sua história".
Foto: picture-alliance/dpa/T. Brakemeier
Petr Bystron
Este consultor de empresas de 44 anos é natural da antiga Tchecoslováquia e, até 2013, integrava o Partido Liberal Democrático. Embora seja considerado um moderado, ele é, até onde se sabe, o único político da AfD que é vigiado pelo serviço secreto interno da Alemanha. O motivo: sua proximidade com o Movimento Identitário, que defende a preservação das "identidades nacionais europeias".
Foto: picture-alliance/dpa/A. Weigel
Mariana Harder-Kühnel
Em seu site, esta advogada de Hessen defende a "proteção do cidadão, o fortalecimento da família e a restauração do Estado de Direito". Na página do escritório de advocacia de seu marido, onde ela trabalha, o currículo dela não menciona a militância na AfD.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Leif-Erik Holm
Este ex-radialista (ao centro na foto) de 47 anos é natural de Schwerin, no nordeste da Alemanha, e considerado um moderado. Ele já foi o assessor da agora também deputada federal pela AfD Beatrix von Storch. Até esta eleição, ele foi o líder da bancada da AfD em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, onde o partido é a principal força de oposição ao governo estadual.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Bockwoldt
Martin Hohmann
Este político de 69 anos, natural de Fulda, é o único deputado da AfD que já ocupou um mandato no Bundestag, na época pela CDU. Em 2003, no Dia da Unidade Alemã, ele fez um discurso que foi considerado antissemita. Como consequência, acabou excluído da bancada da CDU no Parlamento alemão e, mais tarde, do partido. Ele é frequentemente associado à ala ultradireitista da AfD.
Foto: Imago/Hartenfelser
Jens Maier
Este juiz do Tribunal Regional de Dresden tem 55 anos. Referindo-se ao polêmico deputado estadual Björn Höcke, líder da AfD da Turíngia, ele mesmo se considera "o pequeno Höcke". Maier defende o fim do que chama de "culto da culpa" dos alemães e adverte contra a "criação de povos misturados", pelo que foi repreendido pela corte onde trabalha.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Kahnert
Armin-Paul Hampel
Este político de 60 anos foi jornalista da emissora pública ARD. É amigo de Alexander Gauland e, na condição de membro da cúpula nacional da AfD, votou contra a exclusão de Björn Höcke por sua crítica ao Memorial do Holocausto, em Berlim. Ele mantém ligações com organizações de ultradireita na Alemanha, como uma que é vigiada pelo serviço secreto interno.
Foto: Reuters/W. Rattay
Frauke Petry
A co-presidente e rosto mais conhecido da AfD anunciou, logo após a eleição, que não integrará a bancada dos populistas no Bundestag e, um dia depois, que deixará o partido, mas sem definir data. Esta química de formação foi casada com um pastor evangélico, com quem tem quatro filhos e de quem se separou em 2015. Ela casou de novo e teve um quinto filho. Petry é associada à ala moderada da AfD.