Escritor sírio Abud Said mostra seu estilo provocador em SP
Danielle Balensifer6 de julho de 2016
Vaiado durante debate na Flip, autor radicado em Berlim estará no Instituto Goethe da capital paulista para apresentar o seu primeiro livro, "O cara mais esperto do Facebook".
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O sírio Abdul Said conta que não pretendia ser escritor, mas que acabou se tornando um quase que por acaso. Sua "revolução pessoal" começou em 2009, ao compartilhar relatos do cotidiano e textos poéticos de sua autoria no Facebook.
Alguns desses textos eram críticos e provocativos a ponto de chamarem a atenção de escritores e intelectuais, e ele acabou compilando parte deles no livro O cara mais esperto do Facebook.
Ao falar com humor negro sobre seu cotidiano, sua mãe, a dependência do cigarro, dúvidas da vida e mesmo sobre a situação de seu país, Said ultrapassou barreiras da língua e também fronteiras.
Agora seu o livro está sendo lançado em português, no Brasil, onde Said foi um dos autores convidados da Festa Literária de Paraty (Flip). Nesta quinta-feira (07/07), ele estará apresentando e comentando a obra no Instituto Goethe, em São Paulo.
Nascido em 1983 na cidade de Manbij, na província síria de Aleppo, Said concluiu o ensino fundamental e passou a aprender funilaria, trabalhando por três anos em uma fábrica no Líbano. Chegou a ingressar na universidade para estudar economia, mas o curso foi suspenso por causa da guerra civil no país.
Seu livro, que reúne textos escritos entre 2009 e 2013, acompanha a vida do autor na Síria antes da guerra civil iniciada em 2011 e continua pelos primeiros anos do conflito, até chegar a 2013, quando a fama virtual de Said deu origem a um e-book, lançado primeiramente na Alemanha.
O evento de lançamento do seu primeiro livro permitiu que Said escapasse da Síria e fosse para a Alemanha, onde ele vive como asilado político. Ele também escreve colunas para um site e um jornal alemão.
As observações e opiniões do autor abordam temas como guerra, amor, solidão e injustiça. Seu estilo foge do politicamente correto, sendo irônico e sarcástico. Sua postura de anti-herói e suas críticas ácidas acabaram rendendo a ele vaias e aplausos em terras brasileiras.
Durante a Flip, na mesa de discussão "Síria mon amour", o autor criticou a cobertura midiática sobre guerra e a "turma dos direitos humanos", que, para ele, é doente e precisa de ajuda. "Não quero falar sobre a Síria, os refugiados e a guerra não me interessam. Não falo sobre assuntos sérios, comecei a escrever para me divertir", afirmou, segundo o jornal O Globo.
O público reagiu a esses comentários com vaias e ofensas, mas antes o escritor havia sido aplaudido, ao demonstrar uma irreverência que provocara risos.
Nesta quinta-feira, a partir das 19h30 no Instituto Goethe, Said falará com Leonardo Gandolfi, escritor e professor de literatura portuguesa na Unifesp. O evento, com entrada franca, é mediado pelo poeta, tradutor e editor Cide Piquet.
Dez clássicos da literatura alemã
De "Fausto" à "História sem fim", de Thomas Mann a Günter Grass, a literatura alemã inclui obras para todos os gostos. Selecionamos dez.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Endig
"Fausto"
Dividido em duas partes, o poema trágico de Johann Wolfgang von Goethe, de 1808, "Faust – eine Tragödie" é considerado uma das obras-primas da literatura alemã. Insatisfeito com a própria vida e sedento de conhecimento, o cientista Heinrich Fausto acaba fazendo um pacto com o diabo, Mefisto, prometendo-lhe sua alma. Na foto, a tragédia é interpretada pelos atores Bruno Ganz e Robert Hunger-Bühler.
Foto: picture-alliance/dpa/Expo_2000
"A Montanha Mágica"
Uma das obras mais conhecidas de Thomas Mann, "Der Zauberberg", de 1924, é considerado um retrato da sociedade europeia antes da Primeira Guerra Mundial. O romance aborda a estadia do jovem Hans Castorp, oriundo de uma tradicional família de Hamburgo, num sanatório, nos Alpes suíços, de 1907 a 1914. O romance foi transformado em filme pelo diretor Hans W. Geissendörfer, em 1982 (foto).
Foto: imago/United Archives
"O tambor"
"Die Blechtrommel", de 1959, trouxe reconhecimento internacional ao futuro Nobel Günter Grass e projeção à literatura alemã do pós-guerra. O romance pertence à chamada "Trilogia de Danzig", que lida com a culpa da Alemanha pelo nazismo e a memória do Terceiro Reich. A versão para o cinema da obra, dirigida por Volker Schlöndorff, foi a primeira produção alemã do pós-Guerra a conquistar um Oscar.
Foto: ullstein - Tele-Winkler
"O perfume"
O bestseller de Patrick Süskind, "Das Parfum – Die Geschichte eines Mörders" foi publicado em 1985 e, em 2006, ganhou versão cinematográfica (foto). A história se passa na França no século 18 e tem como protagonista Jean-Baptiste Grenouille, cujo próprio corpo não tem cheiro, mas que é dotado de um olfato fora do comum. Obcecado em criar o perfume perfeito, ele se transforma num assassino.
Foto: picture-alliance/dpa
"O lobo da estepe"
O clássico "Der Steppenwolf" foi publicado por Hermann Hesse (foto) em 1927. Em plenos anos 1920, em Zurique, o protagonista Harry Haller vive uma crise existencial em meio à devastação do pós-guerra e descreve a si mesmo como "o lobo da estepe". Ao conhecer Hermínia, ele começa a ver o mundo de outra maneira. O livro foi o primeiro de Hesse a ser traduzido para o português, em 1935.
Foto: picture-alliance/Sven Simon
"Os bandoleiros"
O drama de Friedrich Schiller "Die Räuber", de 1781, tem como tema as tramas criminosas da nobreza, mais especificamente a rivalidade entre os irmãos Karl e Franz von Moor. Os dois brigam pelo reconhecimento do pai, concorrem pela mesma mulher e lutam por poder e influência. O clássico acaba de ser adaptado para o cinema no ano passado (foto), codirigido por Pol Cruchten e Frank Hoffman.
Foto: Coin Film Francois Fabert
"A honra perdida de Katharina Blum"
"Die verlorene Ehre von Katharina Blum" foi publicado pelo Nobel de Literatura Heinrich Böll em 1974. O autor tematiza a imprensa sensacionalista e suas possíveis consequências por meio da história da dona de casa Katharina Blum e do assassinato do jornalista Werner Tötges. O romance foi adaptado para o cinema em 1975 (foto), sob a direção de Volker Schlöndorff e Margarethe von Trotta.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
"O Leitor"
"Der Vorleser", publicado por Bernhard Schlink em 1995, gira em torno do amor de Michael Berg, de 15 anos, por Hanna, 21 anos mais velha. Numa espécie de ritual romântico, ela sempre lhe pede que leia para ela. Até que Hanna desaparece. Anos depois, Michael a reconhece entre os acusados num processo para julgar crimes do nazismo. O romance transformou-se em filme em 2008 (foto).
Foto: Studio Babelsberg AG
"A história sem fim"
"Die unendliche Geschichte", publicado por Michael Ende em 1979, não pode faltar nas estantes das crianças na Alemanha. Todas conhecem as aventuras do jovem Bastian no país Fantasia, que ganharam projeção internacional desde que "A história sem fim" chegou aos cinemas, em 1984 (foto). O romance fascina não somente o público infantil, mas também adulto.
Foto: picture-alliance/dpa
"Contos de Grimm"
A coletânea dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm "Kinder- und Hausmärchen" foi publicada entre 1812 e 1858, e é considerada a obra alemã mais disseminada no mundo, depois da Bíblia de Lutero. Incluindo clássicos como "Rapunzel", "Chapeuzinho Vermelho" (foto) e "Branca de Neve", os contos já foram traduzidos para mais de 160 idiomas e inspiraram filmes, peças de teatro, desenhos animados e quadrinhos.