Esfaqueamento de 28 pessoas choca berlinenses
27 de maio de 2006A população de Berlim está perplexa com o banho de sangue causado por um jovem de 16 anos, que esfaqueou 28 pessoas, por volta de 23h30min desta sexta-feira (26/05), após a cerimônia de inauguração da estação central de trens da capital alemã, a maior da Europa.
Vinte e quatro pessoas tiveram de ser hospitalizadas, seis delas com ferimentos graves. Outras nove precisaram apenas de um tratamento ambulatorial. "Levamos o caso muito a sério, mas estamos satisfeitos com o fato de que todas as vítimas puderam ser atendidas rapidamente", disse o porta-voz da polícia de Berlim, Bernhard Schodrowski, neste sábado.
Interrogatório e prisão
O agressor foi identificado como um homem residente em Neukölln, distrito de 300 mil habitantes ao sul de Berlim, com um grande contingente de imigrantes. Ele foi detido na hora por seguranças particulares. Nos primeiros interrogatórios feitos pela polícia, ele negou a autoria do crime ou pelo menos não pode se lembrar do ocorrido, informaram as autoridades.
No final da tarde deste sábado, a Promotoria Pública de Berlim decretou a prisão do jovem, acusado de tentativa de assassinato. Segundo a polícia, ele estava embriagado na hora em que atacou pedestres aleatoriamente. As autoridades de segurança disseram que ele não tem registros anteriores de ligação com a extrema-direita.
"Isso aqui é o inferno"
O ataque aconteceu entre o Reichstag (sede do Parlamento alemão) e a Luisenstrasse, uma rua por onde voltavam para casa milhares de pessoas que haviam assistido ao show pirotécnico da inauguração da estação de trem. Devido ao grande público presente no local, o trânsito de pedestres era bastante lento e chegou a parar várias vezes.
Cerca de 500 mil pessoas assistiram a um concerto e ao show de fogos de artifício. A poucas centenas de metros do local do banho de sangue, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, haviam pronunciado algumas horas antes discursos na inauguração da obra .
O ataque provocou pânico na multidão, que se aglomerava nas proximidades do Parlamento. Cerca de 100 policiais e 45 bombeiros e médicos acorreram ao local. Eles prestaram os primeiros socorros no meio-fio e nas portas de casas. "Isso aqui é um inferno", disse um porta-voz da polícia em meio ao tumulto.
Segurança na Copa
A ação violenta, que aconteceu após uma série de supostos ataques de motivação racista contra imigrantes no leste da Alemanha, pode aumentar os temores sobre a segurança dos turistas no país às vésperas da Copa do Mundo.
A chanceler federal alemã Angela Merkel classificou o ataque como "terrível", mas não o considera um motivo para tornar mais rigoroso o esquema de segurança do Mundial de Futebol. O coordenador de segurança da Copa, Helmut Sphan, anunciou "conseqüências sérias".
"Teremos de conversar sobre o ataque de Berlim", disse Sphan. Ele acrescentou, porém, que não há motivos para pânico. O Sindicato da Polícia Alemã pediu controle de entrada nos locais onde os jogos da Copa serão transmitidos por telões.