Governo esloveno diz que poderá recorrer a "barreiras físicas" se número de chegadas de refugiados continuar crescendo. ONU divulga aumento do fluxo e estimativa de quase 30 mil migrantes em ilhas gregas.
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O Exército da Eslovênia foi convocado para ajudar a polícia fronteiriça a lidar com o crescente fluxo de migrantes provenientes da Croácia. Além disso, o governo do país afirmou que poderá recorrer a "barreiras físicas" como a vizinha Hungria, caso o número de chegadas continue a crescer. As novas medidas de segurança foram divulgadas nesta terça-feira (20/10), depois de uma extensa reunião de emergência durante a madrugada em Liubliana.
Segundo o Ministério do Interior, aproximadamente 19.500 migrantes entraram na Eslovênia desde sexta-feira, quando a Hungria selou sua fronteira ao sul. Com isso, a Eslovênia passou a ser o único ponto de passagem que conecta a rota dos Bálcãs com a Áustria e, consequentemente, a Europa Central.
O governo esloveno pediu ajuda à União Europeia (UE), afirmando que, com sua população de somente dois milhões de habitantes, o país é pequeno demais para lidar com tamanho fluxo de migrantes.
Ao ser questionado se o país poderia construir uma cerca igual à da Hungria, o secretário do Interior, Bostjan Sefcic, afirmou que não poderia excluir a possibilidade de "proteger os postos de travessia com obstáculos físicos". Sefcic acrescentou que 140 soldados foram enviados à fronteira para cooperar com a polícia.
As tentativas da Eslovênia de controlar o fluxo de migrantes desde que a Hungria fechou sua fronteira com a Croácia desencadeou um efeito dominó através dos Bálcãs, com milhares de migrantes impossibilitados de seguir viagem e presos nas fronteiras. Além dos mais de dez mil refugiados na Sérvia, segundo estimativas do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), outros 2.500 migrantes estão desalojados entre Sérvia e Croácia.
Quase 30 mil em ilhas gregas
A situação tende a piorar: as Nações Unidas divulgaram ter testemunhado um aumento nas chegadas de migrantes à Europa nos últimos dias. Segundo relatório publicado nesta terça-feira, ao menos 27.500 refugiados estão espalhados pelas ilhas gregas, à espera de seguir rumo ao norte.
Um funcionário do alto escalão da polícia grega disse que das oito mil pessoas que chegaram à Grécia na segunda-feira, cinco mil desembarcaram na já superlotada ilha de Lesbos.
Em anos anteriores, o número de pessoas que atravessam o Mar Mediterrâneo para a Europa caía bruscamente com o inverno europeu se aproximando, mas a Organização Internacional para a Migração (IOM) disse que a atual chegada média de nove mil migrantes por dia superou os picos registrados durante o verão.
"Estamos alarmados com o quanto isso [chegada de migrantes] está continuando com o tempo frio", disse o porta-voz da IOM, Joel Millman.
Segundo cálculos da Acnur, mais de 643 mil refugiados atravessaram o Mar Mediterrâneo desde janeiro. Deles, 140 mil chegaram à costa italiana, o resto desembarcou na Grécia. A maioria dos refugiados provém da Síria (280 mil pessoas), seguidos por cerca de 77 mil migrantes do Afeganistão. O órgão da ONU divulgou também que 3.135 pessoas morreram na travessia do Mediterrâneo desde o começo do ano.
PV/afp/rtr/dpa
As fronteiras mais protegidas do mundo
Elas não dividem apenas países, mas separam pais de filhos, ricos de pobres, cristãos de muçulmanos. Conheça algumas das fronteiras mais vigiadas e controversas.
Foto: Wualex
Sérvia-Hungria: coração da rota dos Bálcãs
Numa imagem simbólica da atual crise, migrantes entram na União Europeia ao cruzarem trilhos entre a Sérvia e a Hungria. Em setembro, a fronteira foi fechada, obrigando os refugiados a buscarem novas rotas. Em agosto deste ano, a quantidade de pessoas detectadas nas fronteiras da Europa ultrapassou o número registrado em todo o ano passado: foram 350 mil, sem contar as que entraram despercebidas.
Foto: DW/J. Stonington
A ponte coreana sem volta
A fronteira entre as Coreias do Sul e do Norte está fechada e altamente militarizada há 62 anos. Esta placa marca uma "ponte sem volta", vista na foto do lado sul-coreano. Desde o fim da década de 1990, cerca de 28 mil norte-coreanos fugiram para o país vizinho. Recentemente, ambos os países concordaram em permitir que familiares se reunissem perto da fronteira.
Foto: Edward N. Johnson
A longa fronteira entre EUA e México
Muros e cercas protegem um terço de toda a fronteira, ou 1.126 quilômetros, depreciativamente chamados de "parede de tortilla" pelos americanos. Com 18.500 oficiais posicionados ao longo dela, a fronteira é uma das mais vigiadas do mundo. Mesmo assim, milhões tentam a sorte nos Estados Unidos. Em 2012, 6,7 milhões de mexicanos viviam no país vizinho como imigrantes ilegais.
Foto: Gordon Hyde
700 deportações por dia
A fronteira entre EUA e México é fonte de atritos políticos e de profundas tensões. Esta cena pacífica, no lado mexicano, ilude. A cada dia, 700 pessoas são deportadas de volta para o México. Para aqueles que passaram muitos anos em território americano, não é fácil se readaptar à velha casa.
Foto: DW/G. Ketels
Marrocos-Espanha: Pobreza e campos de golfe
Duas realidades econômicas distintas se chocam nos enclaves espanhóis de Melilla e Ceuta, que fazem fronteira com o Marrocos. Refugiados de toda a África buscam uma maneira de colocar os pés num país europeu para ali pedirem asilo. Muitos tentam pular as cercas ao redor dos enclaves. Com uma série de barreiras e o Marrocos agindo de forma mais ativa, menos cenas como esta têm ocorrido.
Foto: picture-alliance/dpa
Brasil-Bolívia: qual lado é menos verde?
De acordo com imagens de satélite, o limite do desmatamento brasileiro é definido pela fronteira com a Bolívia. Nos últimos 50 anos, o Brasil desmatou, legal e ilegalmente, 20% da Floresta Amazônica no país. Contudo, a Bolívia também está ameaçada pelo desmatamento e precisa ser estudada com mais profundidade, segundo cientistas.
Foto: Nasa
Haiti-Rep. Dominicana: Uma ilha, dois mundos
Apesar de ambos os países dividirem a mesma ilha, a realidade entre eles é bem distinta. A República Dominicana é um paraíso turístico, enquanto o Haiti é um dos países mais pobres do planeta. Logo, muitos haitianos se mudam para o país vizinho. Em 2015, o governo dominicano enrijeceu as leis de migração, fazendo com que cerca de 40 mil haitianos voltassem para casa.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Bueno
Tensão entre Egito e Israel
Com deserto de um lado e uma aglomeração urbana do outro, a fronteira entre Egito e Israel separa uma maioria islâmica de uma maioria judaica. A paz que reinou na região por mais de 30 anos foi substituída recentemente por violência, militarização e tensões diplomáticas. No fim de 2013, Israel conclui a construção de uma cerca dividindo os dois territórios.
Foto: NASA/Chris Hadfield
Paquistão-Índia: 'linha de controle'
Durante o primeiro conflito armado entre Paquistão e Índia, entre 1947 e 1949, a região da Caxemira foi dividida por uma "linha de controle" entre a parte paquistanesa, com maioria muçulmana, e a parte indiana, de maioria hindu e budista. A linha, contudo, não impediu ataques terroristas que visavam instaurar uma Caxemira islâmica – resultando na morte de cerca de 43 mil pessoas desde 1993.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Singh
Saara Ocidental: o muro marroquino
Até 1976, o Saara Ocidental era uma colônia espanhola. Para reivindicar o território, o rei do Marrocos enviou 350 mil pessoas à região. Os nativos, porém, iniciaram um movimento de independência chamado de Frente Polisário. O conflito dividiu o Saara Ocidental entre a República Árabe Saaraui Democrática e o Marrocos. Entre os dois territórios há uma barreira de areia, altamente militarizada.
Foto: Getty Images/AFP/P. Hertzog
Israel-Cisjordânia: Conflito sob pedras
Desde 2002, foram construídos muros e cercas controversas, que já atingem uma extensão de 759 quilômetros. Em áreas densamente povoadas, como nesta foto, de Jerusalém, um muro de concreto de nove metros de altura fortifica a fronteira entre Israel e a Cisjordânia. Em 2004, a Justiça decidiu que a construção de um muro nas áreas palestinas não é compatível com as leis internacionais.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Sultan
Três países, uma só fronteira
Em algumas partes do mundo, as fronteiras não são demarcadas por patrulhas, cercas ou muros. Esta pedra com três faces sinaliza a divisa entre três países: Alemanha, Áustria e República Tcheca – parte do espaço Schengen. O trânsito livre entre essas fronteiras só foi limitado recentemente por causa da crise dos refugiados na Europa.