Pequeno país alpino reabre fronteiras e diz que surto de covid-19 está sob controle em seu território, tornando-se a primeira nação europeia a declarar o fim da epidemia. Especialistas contestam avaliação do governo.
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A Eslovênia se tornou o primeiro país europeu a declarar o fim da epidemia de covid-19 em seu território. O governo do Estado-membro da União Europeia (UE) afirmou nesta sexta-feira (15/05) que a doença está sob controle e que, portanto, não há mais a necessidade de medidas extraordinárias de saúde.
"Hoje a Eslovênia tem a melhor situação da epidemia na Europa, o que nos permite cancelar o alerta de epidemia geral", disse o primeiro-ministro Janez Jansa, dois meses após a declaração de epidemia.
Segundo o governo esloveno, os residentes da UE poderão, a partir de agora, cruzar livremente a fronteira do país a partir da Áustria, Itália e Hungria em postos de controle predeterminados, enquanto a maioria dos cidadãos não europeus deverá adotar uma quarentena de 14 dias.
O primeiro caso de coronavírus na pequena nação alpina de dois milhões de habitantes foi registrado em 4 de março. No dia 12 do mesmo mês, foi declarada epidemia nacional. O país soma hoje 1.464 casos confirmados e 103 mortes por covid-19, segundo contagem da Universidade Johns Hopkins.
Com a diminuição no ritmo das infecções, o governo decidiu optar pela abertura das fronteiras. Entretanto, algumas medidas de prevenção ainda permanecem válidas, como a proibição de aglomerações públicas e a manutenção das regras de distanciamento social e do uso de máscaras de proteção.
Na próxima semana, será permitida a reabertura de alguns centros de compras e hotéis. As competições de futebol e outros esportes coletivos serão permitidas a partir de 23 de maio.
Apesar do anúncio do governo, alguns especialistas alertaram para a presença do coronavírus no país. "Nenhuma outra nação europeia até agora declarou o fim da epidemia, então temos de ser cautelosos", observou a especialista em doenças infecciosas Mateja Logar a uma emissora pública. "O vírus ainda está presente."
Vírus por toda parte! Talvez no tomate, no pacote do correio, até no próprio cão de estimação? O Departamento de Avaliação de Risco da Alemanha esclarece o que se sabe sobre o Sars-Cov-2.
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Maçanetas contaminadas
Os coronavírus conhecidos permanecem infecciosos em superfícies como maçanetas por quatro a cinco dias, em média. Como todas as infecções por gotículas, o Sars-Cov-2 se propaga por mãos e superfícies tocadas com frequência. Embora seja ainda relativamente desconhecido, os especialistas partem do princípio que os conhecimentos sobre as variedades já estudadas se aplicam ao novo coronavírus.
Por isso é necessário certo cuidado durante o almoço no refeitório do trabalho – se ainda estiver funcionando. Em princípio, coronavírus contaminam pratos ou talheres se alguém infectado espirra ou tosse diretamente neles. No entanto, o Departamento Federal alemão de Avaliação de Riscos (BfR) enfatiza que "até agora não se sabe de infecções com o Sars-Cov-2 por esse meio de transmissão".
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Medo de importados?
Ainda segundo o BfR, os pais não precisam temer um contágio através de brinquedos importados. Até o momento não pôde ser comprovado nenhum caso desses. Os estudos sugerem que o novo coronavírus seja relativamente instável em termos ambientais: os patógenos permaneceriam infecciosos durante vários dias sobretudo a temperaturas baixas e alta umidade atmosférica.
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Vírus pelo correio?
Em geral, coronavírus humanos não são especialmente resistentes sobre superfícies secas. Como sua estabilidade fora do organismo humano depende de diversos fatores ambientais, como temperatura e umidade, o BfR considera "antes improvável" um contágio por pacotes de correio – embora ressalvando ainda não haver dados mais precisos sobre o Sars-Cov-2.
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Pingue-pongue entre cão e dono?
Meu cachorro pode me contagiar e eu a ele? Também o risco de contaminação de animais domésticos é considerado muito baixo pelos especialistas, embora não o descartem. Os próprios animais não apresentam sintomas patológicos. Caso infectados, contudo, é possível transmitirem o coronavírus pelas vias respiratórias ou excreções.
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Verduras assassinas?
Igualmente improvável é a transmissão do Sars-Cov-2 através de alimentos contaminados, na avaliação do BfR, não sendo conhecidos casos comprovados. Lavar cuidadosamente as mãos antes do preparar da refeição continua sendo mandatório nos tempos da covid-19. Como os vírus são sensíveis ao calor, aquecer os alimentos pode reduzir ainda mais o risco de contágio.
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Longa vida no gelo
Embora os coronavírus Sars e Mers conhecidos até o presente reajam mal ao calor, eles são bastantes resistentes ao frio, permanecendo infecciosos a -20 ºC por até dois anos. Também aqui, contudo, não há qualquer indício de cadeias infecciosas do Sars-Cov-2 por meio do consumo de alimentos, mesmo supercongelados.
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Animais silvestres são tabu
Um efeito positivo do surto de covid-19 é a China ter proibido o consumo de carne de animais selvagens. Há fortes indícios de o novo coronavírus ter sido transmitido aos seres humanos por um morcego. O animal, porém, não teve qualquer culpa: ele foi possivelmente servido como iguaria, certamente contra a própria vontade. E agora os seres humanos amargam a "maldição do morcego que virou sopa"...