Após onda de saques e violência em meio à paralisação da Polícia Militar, autoridades afirmam que ordem foi restaurada no estado. Mais de 1.200 policiais voltam a patrulhar as ruas, e lojas e escolas abrem as portas.
Anúncio
Após dez dias de paralisação da Polícia Militar, o governo do Espírito Santo informou que o expediente nas repartições públicas voltará ao normal nesta segunda-feira (13/02), assim como as aulas nas escolas da rede estadual e o atendimento em postos de saúde.
Os ônibus do Sistema Transcol também voltam a operar em horário normal na região metropolitana de Vitória nesta segunda-feira, com exceção de algumas linhas e do serviço noturno.
As lojas devem voltar a abrir as portas. Na semana passada, shopping centers e grandes redes de supermercados funcionaram em horário reduzido. Durante a paralisação da PM, centenas de estabelecimentos foram saqueados, e o prejuízo total do comércio foi estimado em cerca de 300 milhões de reais.
Após um acordo entre associações de policiais militares e o governo estadual, PMs começaram a retornar ao trabalho no sábado. A Secretaria de Segurança Pública do estado informou neste domingo que 1.236 voltaram a patrulhar as ruas. Em dias normais, o policiamento é feito por 2 mil PMs.
No total, a corporação conta com 10 mil homens. Os agentes que voltaram ao serviço no fim de semana, atendendo ao chamado do Comando-Geral, se somaram aos cerca de 3 mil homens das Forças Armadas e da Força Nacional convocados em meio à crise.
"Vida bem mais tranquila"
Neste domingo, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que a ordem e a segurança pública haviam sido restauradas no ES. Segundo ele, a paralisação da PM estava em declínio, e os homens das forças Armadas permanecerão no estado enquanto for necessário.
"A grande Vitória está levando uma vida bem mais tranquila [...] A determinação do presidente da República, de recuperar a ordem, está sendo atendida", afirmou Jungmann.
A PM, com o apoio do Exército, retirou de helicóptero, neste domingo, agentes do Batalhão de Missões Especiais, a tropa de elite da corporação no Espírito Santo, para fazer o policiamento ostensivo nas ruas da região metropolitana da capital capixaba. A entrada do quartel continua bloqueada pelas mulheres dos policiais, que deram início ao movimento grevista há dez dias.
No sábado, 70 policiais foram retirados de helicóptero do Quartel do Comando-Geral da corporação em Maruípe, na região central de Vitória. Segundo a SSP-ES, esses PMs queriam voltar ao trabalho e estavam impedidos de sair pelo movimento das mulheres.
O objetivo das mulheres dos PMs é pressionar o governo por melhores salários e condições de trabalho para os policiais. As esposas alegam estar à frente da paralisação, mas autoridades veem uma tentativa de acobertar um motim dos policiais. Por lei, os agentes são proibidos de fazer greve.
Desde o sábado da semana passada, dia 4 de fevereiro, até as 17h deste domingo, 144 homicídios foram registrados no estado. O maior número de mortes violentas, 40, ocorreu na segunda-feira passada.
LPF/abr/ots
Greve da PM gera caos no Espírito Santo
A paralisação dos policiais militares no estado provoca onda de violência, saques e depredação. Mais de cem pessoas morrem de forma violenta na primeira semana do protesto. População vive clima de insegurança nas ruas.
Foto: picture-alliance/Photoshot
Medo de sair às ruas
A paralisação dos policiais militares no Espírito Santo provocou uma onda de violência, saques e depredação. Mesmo patrulhamento ostensivo das Forças Armadas não conseguiu devolver a tranquilidade à população. Mais de cem pessoas foram mortas de forma violenta no estado na primeira semana do protesto, e a população evita sair de casa.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/W. Junior
Bloqueio de batalhões
A greve dos PMs começou de forma inusitada, quando familiares dos policiais, em especial mulheres, ocuparam o acesso de uma companhia militar, impedindo a saída de viaturas. A partir de então, o movimento se espalhou rapidamente, com a criação de grupos de WhatsApp. As portas de praticamente todos os 14 batalhões militares e oito companhias foram ocupadas por famílias de soldados.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Ajuda do Exército e da Força Nacional
Para ajudar a conter a onda de violência, o governo federal liberou as Forças Armadas para atuar no patrulhamento no estado e enviou 200 militares da Força Nacional para a região. Mas a situação continua caótica. Aulas em escolas e atendimentos em postos de saúde continuam suspensos.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/W. Junior
Dificuldade para comprar alimentos
O secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, afirmou, após a chegada das Forças Armadas, que as ocorrências diminuíram, mas números oficiais não foram divulgados. A população enfrenta dificuldades até mesmo para comprar alimentos. Os poucos supermercados abertos lotam, com consumidores disputando mercadorias para estocá-las.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/W. Junior
Paralisação de policiais civis
Em meio ao caos na segurança pública, policiais civis do Espírito Santo fizeram uma paralisação de doze horas nesta quarta-feira (08/02), em protesto pela morte de um investigador na cidade de Colatina. Organizações da classe não descartaram também entrar em greve por reajuste salarial e melhores condições de trabalho.
Roubos, assaltos, saques e atos de vandalismo são registrados em várias regiões do estado. Ônibus da região metropolitana de Vitória chegam a voltar à circulação, mas motoristas interrompem o trabalho horas depois, devido à insegurança, ameaças e após a morte do presidente dos sindicatos dos Rodoviários de Guarapari, Wallace Barão. Ele é achado morto a tiros dentro de um carro em Vila Velha.
Secretários do governo capixaba e representantes das associações de classe de policiais militares iniciaram negociações para acabar com a crise. Segundo o secretário de Direitos Humanos, Julio Pompeu, as lideranças do movimento exigem anistia geral para todos os policiais, que são proibidos de fazer greve, e 100% de aumento para toda a categoria.
Foto: Getty Images/AFP/V. Moraes
Acordo sem efeito
O acordo entre associações de policiais militares e o governo estadual não foi suficiente para pôr fim à paralisação. As mulheres dos policiais não participaram da negociação com o governo. No acordo firmado, o governo não concedeu aumento salarial. Na proposta apresentada pelas mulheres, elas pediam 20% de reajuste imediato e 23% de reajuste escalonado. A segurança continua nas mãos do Exército.