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Criminalidade

Espírito Santo indicia 703 policiais militares

10 de fevereiro de 2017

Em meio a paralisação que já dura uma semana e provocou onda de violência, PMs são acusados de crime de revolta e podem ser condenados a até 20 anos de prisão. Esposas dos militares também podem enfrentar processo civil.

Espírito Santo
Familiares de PMs e policiais civis em frente à saída de um batalhão da polícia militar, em VitóriaFoto: Reuters/P. Whitaker

Após sete dias de paralisação da Polícia Militar (PM) no Espírito Santo, 703 policiais foram indiciados pelo crime de revolta nesta sexta-feira (10/02). Se condenados, os PMs podem receber pena de 8 a 20 anos de detenção em presídio militar e serem expulsos da corporação. Os 703 PMs não vão receber salário até que voltem a trabalhar. O secretário de Segurança Pública, André Garcia, disse que eles foram indiciados pelo crime militar de revolta por estarem armados e aquartelados nos batalhões.

Leia mais: Segurança não pode depender apenas da PM

Segundo o coronel Nylton Rodrigues, comandante-geral da PM, o número de indiciamentos "com certeza" vai aumentar. Segundo ele, os homens que estão participando do movimento grevista são os que têm menos tempo de serviço na corporação. "Esse movimento é realizado pelos praças [soldado, cabo, sargento e subtenente]. Não é um movimento dos oficiais", afirmou. "Nossa tropa escolheu a forma errada [de negociação]. Não se negocia com a arma na cabeça."

A paralisação dos PMs provocou uma onda de violência no estado, com alta incidência de saques e homicídios. O movimento teve início na sexta-feira passada, com familiares dos policiais, em especial mulheres, ocupando o portão de saída de uma companhia militar e impedindo a saída de viaturas.

Identificação de parentes

Segundo Garcia, o governo está identificando, por meio de imagens, os parentes dos policiais que estão participando das manifestações e que bloqueiam a entrada dos quartéis para evitar a saída das viaturas. O objetivo é responsabilizar os familiares, que podem enfrentar um processo civil, afirmou o secretário. A relação dos familiares que estão à frente do movimento será encaminhada ao Ministério Público Federal.

Mulheres de policiais deram início a movimento grevista, impedindo saída de viaturas dos batalhõesFoto: Getty Images/AFP/V. Moraes

"Essas pessoas vão pagar os custos da mobilização das tropas federais do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. O recado está dado para os familiares. Não sairão isentos desse processo", disse Garcia. Ele não descartou a possibilidade de que as Forças Armadas e a Força Nacional sejam mobilizadas para remover as mulheres que bloqueiam os batalhões.

Após dez horas de negociações, um encontro entre os secretários do governo do Espírito Santo e representantes das mulheres e das associações de classe dos policiais militares terminou sem acordo no início da madrugada desta quarta-feira. Os policiais, proibidos por lei de fazer greve, reivindicam melhores salários e condições de trabalho.

Desde segunda-feira, as Forças Armadas e a Força Nacional estão encarregadas do patrulhamento no estado. A força-tarefa conta com 1.783 homens e deve receber reforço, chegando a 3 mil homens no fim de semana. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, as ruas da região metropolitana de Vitória permaneciam vazias na manhã desta sexta-feira. O transporte coletivo ainda não foi retomado, e, aos poucos, o comércio volta a abrir as portas.

LPF/abr/ots

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