Após primeiro caso de contaminação pelo vírus fora da África, autoridades de saúde internam em Madri marido da paciente, enfermeira e homem que voltou recentemente da Nigéria. Outras 52 pessoas estão sendo monitoradas.
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Um dia após a confirmação de que uma enfermeira espanhola foi contaminada por ebola, tornando-se a primeira pessoa fora da África a contrair o vírus, outras três foram hospitalizadas na Espanha nesta terça-feira (7/10) para observação.
Além da auxiliar de enfermagem, os médicos do hospital Carlos 3º, em Madri, tratam como casos suspeitos o marido dela, que não tem apresentado sintomas da doença; uma enfermeira; e um homem que voltou recentemente da Nigéria.
Também estão sendo monitorados 30 funcionários do setor sanitário da instituição e 22 pessoas que tiveram contato com a paciente. Esses 52, entretanto, não estão isolados: têm a temperatura medida duas vezes por dia para que sejam acompanhados eventuais sinais de infecção.
A enfermeira infectada trabalha no próprio hospital Carlos 3º, onde morreram dois missionários com ebola repatriados da África Ocidental. As autoridades espanholas estão trabalhando para descobrir como se deu o contágio.
“Todos estão apavorados. Nós não conseguimos entender como uma pessoa que estava usando uma roupa de dupla proteção e dois pares de luvas pode ter sido contaminada”, disse uma cardiologista à agência de notícias AFP.
OMS: "Mais casos são inevitáveis"
Nesta terça-feira, a Comissão Europeia anunciou que escreveu ao ministro da Saúde espanhol exigindo explicações. A Organização Médica Colegial de Espanha (OMCE) divulgou um comunicado para garantir tranquilidade aos cidadãos.
Na nota, a principal organização espanhola de médicos assegura que mantém comunicação constante com o Ministério de Saúde desde que foi conhecido o caso da auxiliar de enfermagem.
“Os protocolos estabelecidos pela OMS [Organização Mundial de Saúde] e implementados pelo Ministério de Saúde com as Secretarias de Saúde das Comunidades Autônomas são os adequados e devem ser seguidos estritamente por todos os agentes envolvidos", diz o texto.
Em entrevista à agência de notícias Reuters na segunda-feira, a diretora da OMS para Europa, Zsuzsanna Jakab, disse que mais casos de contágio por ebola no continente são inevitáveis.
"Tais casos importados e eventos similares ao que aconteceu na Espanha também vão acontecer no futuro, muito provavelmente", disse Jakab. "Sobretudo devido ao grande número de viagens tanto da Europa para os países afetados, como no sentido inverso."
NM/afp/lusa/lusa
Maior surto de ebola da história
A África enfrenta a pior epidemia de ebola. Não existem medicamentos ou vacina para conter a doença. Perante surto, a Organização Mundial da Saúde liberou o uso de substâncias experimentais em pacientes infectados.
Foto: Reuters
Conhecido desde 1976
O vírus do ebola foi descoberto em 1976 na República Democrática do Congo por uma equipe de pesquisadores da Bélgica. A doença foi batizada com o nome do rio que passa pelo vilarejo onde ela foi identificada pela primeira vez. Desde então, já houve 15 epidemias nos países africanos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Foto: Reuters
Chances mínimas
Há diversas variações do vírus, e apenas algumas causam a febre hemorrágica. Ainda não há vacina ou medicamentos aprovados para combater o ebola. A doença é fatal na maioria dos casos: a taxa de mortalidade é de 90%. O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais.
Foto: AFP/Getty Images
Sintomas
Os sintomas, que aparecem entre 2 e 21 dias após a infecção, são fraqueza, dores de cabeça e musculares, calafrios, falta de apetite, dor de estômago e de garganta, diarreia, vômitos e febre hemorrágica. As principais regiões do corpo afetadas são o aparelho digestivo, o baço e o pulmão.
Foto: picture alliance/AP Photo
Contágio
A transmissão do ebola ocorre apenas através de fluídos corporais, ou seja, deve haver contato direto entre as pessoas ou animais infectados, e também por meio do contato com ambientes contaminados. Ele se propaga, por exemplo, em hospitais, entre enfermeiros e médicos que tratam de pessoas infectadas. Além disso, pode ser transmitido ao se tocar no corpo de pessoas que morreram dessa doença.
Foto: Reuters/Unicef
De animais para humanos
Animais infectados também transmitem a doença. O ebola foi introduzido na população humana através de contato com sangue, secreções, órgãos e fluídos corporais de animais que carregavam o vírus. Morcegos, por exemplo, são hospedeiros do vírus, mas eles não adoecem e podem carregar o ebola consigo até o fim da vida.
Foto: picture-alliance/dpa
Informação é o melhor remédio
Campanhas de esclarecimentos sobre o ebola são fundamentais para conter o avanço da epidemia. A única maneira de evitar uma infecção são medidas preventivas, como melhores condições de higiene nos hospitais, uso de luvas e a quarentena.
Foto: Sia Kambou/AFP/Getty Images
Atual epidemia
Os primeiros casos do atual surto de ebola foram confirmados em março deste ano na Guiné. Desde então, a pior epidemia dessa doença da história já se alastrou por seis países africanos. Casos já foram registrados na Libéria, em Serra Leoa, na Guiné, na Nigéria, na República Democrática do Congo e no Senegal.
Foto: picture-alliance/dpa
Fronteiras fechadas
Os governos de Serra Leoa, Libéria e Nigéria decretaram estado de emergência devido à epidemia. O surto levou alguns países africanos a colocar em quarentena regiões fortemente atingidas pela doença. Além disso, para tentar evitar a propagação da epidemia, países como Guiné, Libéria e Costa do Marfim fecharam suas fronteiras.
Foto: Reuters
Mais de mil mortes
A OMS considerou o atual surto de ebola com o maior e pior da história. Desde março, mais de 3 mil casos da doença já foram confirmados e mais de 1.500 pessoas morrem de ebola. Entretanto, a agência teme que mais de 20 mil pessoas possam ser infectadas até que a epidemia seja controlada.
Foto: DPA
Vida em risco
No atual surto há uma elevada taxa de infecção entre profissionais de saúde que cuidam de pacientes com ebola. Mais de 240 médicos e enfermeiros já foram infectados e mais de 120 morreram. A falta de roupas de proteção e o cansaço após jornadas exaustivas de trabalho são as razões para essas infecções. Alguns deles estão recebendo o tratamento em países europeus e nos Estados Unidos.
Foto: Getty Images/Afp/Seyllou
Medicamentos experimentais
O médico americano Kent Brantly foi tratado nos Estados Unidos com o soro experimental ZMapp. Após três semanas de isolamento ele foi curado. Mas a eficácia desse medicamento é controversa. Um padre espanhol tratado com esse soro não sobreviveu. Perante a gravidade da crise, a OMS aprovou em meados de agosto a utilização de substâncias experimentais contra o ebola.