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Espanha liberta escritor alemão detido a pedido da Turquia

20 de agosto de 2017

Autor de origem turca Dogan Akhanli fora detido quando passava férias em Granada, com base em mandado de prisão emitido pelo governo turco através da Interpol. Caso acirra tensões entre Berlim e Ancara.

Dogan Akhanli
Foto: picture-alliance/dpa/H. Kaiser

O autor alemão de origem turca Dogan Akhanli foi libertado de uma prisão espanhola, afirmou neste domingo (20/08) o advogado dele, Ilias Uyar, após uma audiência judicial em Madri.

"A luta valeu a pena. Dogan Akhanli está sendo libertado", afirmou Uyar em uma postagem no no Facebook, acrescentando que Akhanli sai da prisão sob a condição de permanecer em Madri.

O escritor, de 60 anos, foi detido na manhã de sábado quando passava férias na cidade espanhola de Granada. As autoridades espanholas agiram cumprindo um mandado de prisão – uma chamada "difusão vermelha" (red notice, em inglês) – expedido pela Turquia através da Interpol.

Genocídio armênio

Não foi divulgado o porquê de as autoridades turcas terem emitido o mandado de prisão, mas Uyar sugeriu em uma publicação no Facebook no sábado que a Turquia alveja o autor, radicado na Alemanha, por sua defesa do reconhecimento do genocídio armênio.

O Parlamento alemão aprovou no ano passado a denominação de "genocídio" para o massacre, a deportação e a morte por inanição de até 1,5 milhão de armênios durante os dias últimos dias do Império Otomano. Como Estado sucessor do Império Otomano, a Turquia nega que os "acontecimentos de 1915" tenham sido um genocídio e critica países que reconheceram oficialmente o termo.

Motivação política

As autoridades alemãs, incluindo o ministro do Exterior, Sigmar Gabriel, que está em Barcelona para homenagear as vítimas dos ataques terroristas desta semana, classificaram o mandado de prisão como politicamente motivado.

Gabriel também pressionou seus homólogos espanhóis para libertar Akhanli e não extraditá-lo para a Turquia, onde o Estado de direito se deteriorou sob o governo autoritário do presidente Recep Tayyip Erdogan.

Akhanli vive na Alemanha desde que fugiu da Turquia em 1991 e possui somente a cidadania alemã. Ele tem escrito extensivamente sobre o histórico de direitos humanos da Turquia e o genocídio armênio.

Ele também foi detido em agosto de 2010 por acusações de homicídio e roubo, quando viajara a Istambul, mas foi libertado em dezembro daquele ano.

O relacionamento entre Ancara e Berlim se tornou cada vez mais tenso após o fracassado golpe do ano passado. Sob estado de emergência decretado pelo governo, as autoridades demitiram ou suspenderam cerca de 150 mil funcionários públicos e prenderam mais de 50 mil pessoas.

MD/ep/dpa

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