Espanha retoma controle de fronteiras
29 de abril de 2012A Espanha retomou provisoriamente o controle de suas fronteiras com a França. A medida foi tomada, segundo o governo, para prevenir a entrada no país de manifestantes violentos, que irão se dirigir a Barcelona por ocasião do encontro do Conselho do Banco Central Europeu (BCE), a ser realizado na próxima quinta-feira (03/05) na cidade.
Na fronteira de La Jonquera, nas proximidades de Gerona, há congestionamento no trânsito. Nos aeroportos, foi também retomado o controle de passaportes. As autoridades espanholas temem que sobretudo manifestantes italianos e gregos se dirijam a Barcelona para protestar durante o encontro do BCE.
A retomada do controle de fronteiras até a próxima sexta-feira implica em uma suspensão do Acordo de Schengen, vigente em grande parte da União Europeia. O tratado garante a liberdade de locomoção na Europa, sem controle nas fronteiras entre os países signatários.
Apenas em ocasiões especiais, como, por exemplo, antes de jogos de futebol ou de encontros de cúpula, é que as fronteiras dos Estados signatários de Schengen podem ser ocasionalmente controladas. Um controle constante e acirrado não é, porém, permitido pelo acordo, do qual fazem parte 22 países da UE, além da Noruega, Islândia, Suíça e Lichtenstein.
Crise da Espanha: tema de encontro do BCE
O Conselho do BCE reúne-se regularmente fora de sua sede, em Frankfurt. No encontro em Barcelona, deverão ser tratados temas como a atuação do BCE no mercado de títulos públicos. A Espanha, assolada pela crise de endividamento e dos bancos, está na mira do BCE, o que acarreta um risco ainda maior para os títulos públicos do país.
O rebaixamento do país pela agência de rating Standard & Poor´s também contribuiu para novas turbulências nos mercados financeiros. Especialistas acreditam que o presidente do BCE, Mario Draghi, não vá conseguir mais manter sua postura de contenção com relação ao mercado de títulos públicos.
Desde maio de 2010, o BCE comprou títulos no valor total de aproximadamente 214 bilhões de euros – a compra foi justificada sob o argumento de que ela contribuiu para a estabilização dos mercados.
As ações acabam, de fato, beneficiando países endividados, como a Itália e a Espanha. Os juros de títulos públicos destes países abaixam nos mercados em consequência das intervenções do BCE. Como a compra dos títulos também é internamente polêmica, por ser associada à prática de financiamento de Estados, medida vetada à instituição, o BCE suspendeu as compras nas últimas sete semanas.
SV/dapd, dpa
Revisão: Marcio Damasceno