Espanha tem primeiro governo majoritariamente feminino
7 de junho de 2018
Gabinete do primeiro-ministro Pedro Sánchez, formado por 11 mulheres e seis homens, presta juramento diante do rei Felipe 6°. Executivo espanhol é o mais feminino da história do país e da União Europeia.
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Os 17 ministros e ministras que formam o governo do socialista Pedro Sánchez tomaram posse nesta quinta-feira (07/06), diante do rei Felipe 6°. O novo gabinete é formado por 11 mulheres e seis homens: o Executivo mais feminino da história da Espanha e da União Europeia (UE).
Assim como Sánchez, os ministros romperam com a tradição de prestar juramento sobre a Bíblia e renunciaram a símbolos religiosos na cerimônia, realizada no palácio de La Zarzuela, em Madri.
A primeira ministra a assumir o cargo foi a de Justiça, Dolores Delgado, que logo em seguida assumiu o posto de tabeliã da cerimônia, na presença de Sánchez. Em seguida, foi a vez de Carmen Calvo, que será ministra da Igualdade.
Carmen assumiu o desafio de levar a política de igualdade aos departamentos ministeriais do novo governo. "Faremos políticas sempre olhando para a melhoria dos direitos da metade da população, as mulheres", afirmou, em entrevista antes da posse.
O novo governo espanhol é formado por técnicos com uma média de idade de 54 anos, o que lhe da uma solidez que poucos acreditavam inicialmente. Mulheres foram escolhidas para comandar ministérios importantes, como Defesa e Economia.
Sua composição o torna o Executivo da UE com a maior proporção de ministras, passando a Suécia, que possui 12 mulheres e 11 homens no comando de ministérios. Quando apresentou a sua equipa na quarta-feira, Sánchez sublinhou que o seu governo era um "fiel reflexo" do movimento feminista que germinou há três meses e marcou "um antes e um depois" na sociedade espanhola.
Um dos nomes mais inesperados escolhido pelo premiê foi o de Pedro Duque, um astronauta que viajou duas vezes ao espaço (1998 e 2003) e que será o novo ministro da Ciência, Inovação e Universidades.
Com minoria parlamentar, o governo depende da margem de manobra que será permitida pelo Podemos, os nacionalistas bascos e os separatistas catalães, entre outros partidos regionais para aprovar medidas. Todos estes partidos se uniram ao Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) para aprovar a moção de censura que derrubou o governo do conservador Mariano Rajoy.
Sánchez se tornou premiê por uma peculiaridade da Constituição espanhola, que visa evitar vácuos de poder: o autor de um pedido bem-sucedido de moção de censura pode ser nomeado novo chefe de governo.
CN/efe/lusa/afp
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Os rastros do ETA na sociedade espanhola
Durante quase 60 anos, grupo separatista basco executou assassinatos, sequestros e atentados. Alguns desses ataques deixaram feridas profundas na Espanha.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/J. Diges
Dissolução
Em carta aberta enviada a diversas instituições, a organização terrorista basca tornou oficialmente pública sua dissolução em 2 de maio de 2018. O texto anuncia o fim de seu "ciclo histórico e sua função" e informa que o ETA desmantelou "completamente todas as suas estruturas".
Foto: picture-alliance/dpa/epa/J. Diges
Surpresa
A organização foi fundada no final dos anos 50. As primeiras mortes causadas pelo grupo foram registradas na década de 60, mas o primeiro grande ataque ocorreu em 20 de dezembro de 1973. O atentado a bomba em Madri contra o carro em que estava Luis Carrero Blanco matou o então chefe do governo do país e amigo do ditador Francisco Franco, além de duas outras pessoas.
Foto: picture-alliance/dpa
Atentado contra centro comercial
Em 19 de junho de 1987, 21 pessoas morreram e 45 ficaram feridas na explosão em um shopping center da empresa Hipercor, em Barcelona. Embora o ETA tenha anunciado previamente o ataque, a tragédia não pôde ser evitada. A explosão causou um incêndio, destruiu o primeiro andar da garagem e deixou um buraco no chão.
Foto: picture alliance/dpa
Danos colaterais
Em 17 de outubro de 1991, Irene Villa, de 12 anos, sobreviveu gravemente ferida a um atentado. No caminho para a escola, uma bomba presa ao carro onde viajava com sua mãe explodiu. Aparentemente, o alvo do atentado era o parceiro da mãe, um inspetor de polícia.
Foto: Reuters/P. Sanchez
Sequestro mais longo
Em 17 de janeiro de 1996, o guarda penitenciário José Antonio Ortega Lara foi sequestrado em sua garagem. Em troca de sua libertação, o ETA exigiu que os prisioneiros da organização terrorista fossem transferidos para as prisões bascas. Depois de 532 dias, a polícia conseguiu libertá-lo. Os quatro sequestradores foram presos.
Foto: picture-alliance/Zumapress/L. Carnero
Mudança de percepção
O sequestro e assassinato do deputado espanhol Miguel Ángel Blanco, em 12 de julho de 1997, mudou a percepção da opinião pública sobre o grupo, cuja oposição à ditadura franquista garantia a simpatia de muitos espanhóis. O ETA deu ao governo um ultimato de 48 horas para que membros presos fossem transferidos para prisões bascas. Diante da negativa do governo, o refém foi assassinado.
Foto: picture-alliance/dpa/J. J. Guill
Trégua
Em 2006, o ETA anunciou um "cessar-fogo permanente". Mas em 30 de dezembro, a organização terrorista matou dois equatorianos num ataque a bomba no aeroporto de Madri. A foto mostra os dois membros do ETA Igor Portu e Diego Armando Estacio durante julgamento. O assassinato pôs fim à trégua.
Foto: picture alliance/dpa/S. Barrenechea
Fim das atividades armadas
Em 20 de outubro de 2011, o ETA anunciou o fim de suas atividades armadas. Numa carta, a organização se diz disposta a superar o conflito armado e, ao mesmo tempo, oferece aos governos de Espanha e França um "diálogo direto" para encontrar uma solução para o conflito.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Entrega simbólica de armas
Em abril de 2017, o ETA encenou uma controversa entrega de armas na cidade francesa de Bayonne, que não é reconhecida por Madri. A organização terrorista entregou às autoridades francesas uma lista de oito depósitos secretos de armas. A entrega foi realizada sob a supervisão da Comissão Internacional de Verificação (CIV), que foi criada em 2011 após o término da atividades armadas.
Foto: Getty Images/AFP/I. Gaizka
Pedido de perdão
Numa declaração datada de 20 de abril de 2018, o ETA assumiu a responsabilidade direta e pediu desculpas pelo "sofrimento excessivo causado à sociedade basca". O texto foi duramente criticado, já que a organização apenas pediu perdão às vítimas que "não estavam diretamente envolvidas no conflito".
Foto: Reuters/V. West
Mais de 7 mil vítimas
Segundo o Ministério do Interior da Espanha, o ETA fez 7.265 vítimas, entre feridos e mortos. Dos 864 mortos oficiais, quase 40% eram da população civil. A grande maioria das vítimas foi atingida durante os tempos de democracia.