Espanha tem protestos após morte de gay de origem brasileira
6 de julho de 2021
Auxiliar de enfermagem de 24 anos morreu após ser violentamente agredido em frente a uma casa noturna em Corunha, norte do país. Ativistas LGBTQ denunciam mais um caso de homofobia.
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Milhares de pessoas saíram às ruas de grandes cidades espanholas na noite desta segunda-feira (05/07) para manifestar sua indignação pela morte de um homem no final de semana na região da Galícia, no que os manifestantes e familiares da vítima afirmam ser um ataque homofóbico.
Na madrugada de sábado, o auxiliar de enfermagem Samuel Luiz Muñiz, de 24 anos, foi espancado nas proximidades de uma casa noturna em Corunha, cidade no norte da Espanha. Samuel nasceu no Brasil e chegou à Espanha quando tinha 1 ano.
Ao jornal espanhol El Mundo, amigos da vítima disseram que os suspeitos começaram a atacar Luiz, que estava em uma videochamada com um amigo, por acharem que ele estava tentando filmá-los. Os agressores teriam ainda usado palavras depreciativas para homossexuais.
Samuel Luiz não resistiu aos ferimentos e morreu mais tarde no hospital.
Protestos em todo o país
O acontecimento provocou comoção não só em Corunha, cenário do crime, como também em Barcelona, Madri e Valência, onde foram convocadas manifestações por ativistas LGBTQ.
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Boletim de Notícias (06/07/2021)
Em Madri, milhares de manifestantes se reuniram na Puerta del Sol e exibiram cartazes e faixas contra a homofobia. Em Barcelona, ativistas também marcharam por uma rua importante entoando slogans e agitando cartazes e bandeiras com as cores do arco-íris.
O chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, afirmou que a Espanha não vai tolerar um crime como esse. "Espero que a investigação da polícia em breve encontre os autores do assassinato de Samuel e esclareça os fatos", escreveu Sánchez numa rede social. "Foi um ato selvagem e cruel."
Polícia ainda investiga
A polícia está revendo imagens de câmeras de vigilância e interrogando suspeitos e testemunhas que estavam do lado de fora da casa noturna no momento do crime, disse o delegado do governo na região noroeste da Galícia.
"Estamos nos estágios iniciais, e apenas a investigação vai nos dizer se foi um crime homofóbico ou não", disse o delegado José Minones, acrescentando que nenhuma prisão foi feita até agora e pedindo prudência na descrição dos acontecimentos.
Dados do Ministério do Interior da Espanha mostram que, no ano de 2019, foram registrados 278 crimes de ódio relacionados à orientação sexual ou identidade de gênero na Espanha, um aumento de 8,6% em relação ao ano anterior. Mas segundo a Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia, apenas uma pequena fração dos crimes de ódio são denunciados à polícia.
ip/as (Reuters, Lusa, AP)
Países do mundo que legalizaram o casamento gay
A Austrália é o país mais recente do mundo a permitir legalmente o casamento de pessoas do mesmo sexo. Conheça alguns países onde a união homoafetiva é garantida por lei.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/O. Messinger
2001, Holanda
A Holanda foi o primeiro país do mundo a permitir o casamento de pessoas do mesmo sexo depois que o Parlamento votou a favor da legalização, em 2000. O prefeito de Amsterdã, Job Cohen, casou os primeiros quatro casais do mesmo sexo à meia-noite do dia 1º de abril de 2001 quando a lei entrou em vigor. A nova norma também introduziu a permissão para que casais homoafetivos adotassem crianças.
Foto: picture-alliance/dpa/ANP/M. Antonisse
2003, Bélgica
A Bélgica seguiu a liderança do país vizinho e, dois anos depois da Holanda, legalizou o casamento de pessoas do mesmo sexo. A lei deu a casais homoafetivos muitos direitos iguais aos dos casais heterossexuais. Mas, ao contrário dos holandeses, os belgas não deixaram que casais gays adotassem. Esse direito foi garantido apenas três anos depois pela aprovação de uma lei no Parlamento.
Foto: picture-alliance/dpa/EPA/J. Warnand
2010, Argentina
A Argentina foi o primeiro país da América Latina a legalizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo, quando 33 senadores votaram a favor da lei, e 27 contra, em julho de 2010. Assim, a Argentina se tornou o décimo país do mundo a permitir legalmente a união homoafetiva. Em 2010, Portugal e Islândia também aprovaram leis garantindo o direito ao casamento gay.
Foto: picture-alliance/dpa/EPA/L. La Valle
2012, Dinamarca
O Parlamento dinamarquês votou a favor da legalização do casamento gay em junho de 2012. O pequeno país escandinavo já havia aparecido nas manchetes da imprensa internacional quando se tornou o primeiro país do mundo a reconhecer uniões civis para casais gays, em 1989. Casais formados por pessoas do mesmo sexo também já podiam adotar crianças desde 2009.
Foto: picture-alliance/CITYPRESS 24/H. Lundquist
2013, Uruguai
O Uruguai aprovou uma lei eliminando a exclusividade de direitos de casamento, adoção e outras prerrogativas legais para casais heterossexuais em abril de 2013, um mês antes de o Brasil regulamentar (mas não legalizar) o casamento gay. Foi o segundo país sul-americano a dar esse passo, depois da Argentina. Na Colômbia e no Brasil, o casamento gay é permitido, mas não foi legalizado pelo Congresso.
Foto: picture-alliance/AP
2013, Nova Zelândia
A Nova Zelândia se tornou o 15º país do mundo e o primeiro da região Ásia-Pacífico a permitir casamentos homoafetivos em 2013. Os primeiros casamentos aconteceram em agosto daquele ano. Lynley Bendall (e.) e Ally Wanik (d.) estavam entre esses casais, com a união civil a bordo de um voo entre Queenstown e Auckland. No mesmo ano, a França também legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Foto: picture-alliance/dpa/EPA/Air New Zealand
2015, Irlanda
A Irlanda chamou atenção internacional em maio de 2015, quando se tornou o primeiro país do mundo a legalizar o casamento gay com um referendo. Milhares de pessoas comemoraram nas ruas de Dublin quando os resultados foram divulgados, mostrando quase dois terços dos eleitores optando a favor da medida.
Foto: picture-alliance/dpa/EPA/A. Crawley
2015, Estados Unidos
A Casa Branca foi iluminada com as cores da bandeira do arco-íris em 26 de junho de 2015. A votação no Supremo Tribunal dos EUA decidiu por 5 a 4 que a Constituição americana garante igualdade de casamento, um veredito que abriu caminho para casamentos homoafetivos em todo o país. A decisão chegou 12 anos depois que o tribunal decidiu pela inconstitucionalidade de leis criminalizando o sexo gay.
A Alemanha foi o 15º país europeu a legalizar o casamento gay no dia 30 de junho de 2017. A lei foi aprovada por 393 votos a favor e 226 contra no Bundestag (Parlamento alemão). Houve quatro abstenções. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, votou contra, mas abriu caminho para a aprovação quando, alguns dias antes da decisão, disse que seu partido poderia votar livremente a medida.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/O. Messinger
2017-2018, Austrália
Após uma pesquisa mostrando que a maioria dos australianos era a favor do casamento de pessoas do mesmo sexo, o Parlamento do país legalizou a união homoafetiva em dezembro de 2017. Os casais australianos precisam avisar as autoridades um mês antes do casamento. Assim, muitas pessoas se casaram logo depois da meia-noite de 9 de janeiro (2018), como Craig Burns e Luke Sullivan (na foto).
Foto: Getty Images/AFP/P. Hamilton
E no Brasil?
Na foto, as brasileira Roberta Felitte e Karina Soares posam após casarem em dezembro de 2013, no Rio. Em maio daquele ano, o Brasil regulamentou o casamento gay por meio de uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Mas, apesar de cartórios não poderem se recusar a casar pessoas do mesmo sexo, a norma não tem força de lei e pode ser contestada por juízes.