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Espanha

25 de maio de 2010

Continua o temor nos mercados financeiros de que o euro despenque ainda mais. A cada plano de salvação numa capital europeia, surge o próximo da fila. Onda de fragilidade financeira assola a UE.

'Europa tem que apertar o cinto', alerta especialistaFoto: DW

Depois do pacote de salvação da Grécia, no valor de 120 bilhões de euros, e das medidas de proteção do euro, no montante de 750 bilhões de euros, "a Europa tem que apertar os cintos o máximo possível", declarou Olli Rehn, comissário de Assuntos Econômicos e Monetários da União Europeia (UE), durante o Fórum Econômico de Bruxelas nesta terça-feira (25/05).

"A tendência que irá se impor em toda a Europa será a de redução de gastos e de duras reformas estruturais", ressalta o comissário. Isso enquanto o euro cai ao nível mais baixo registrado nos últimos oito anos.

Pouco antes da intervenção estatal na CajaSur, instituição de poupança espanhola, temia-se que Madri pudesse seguir o caminho de Atenas. E que a onda não acabasse aí, porque, mesmo que a instituição em questão seja pequena, a intervenção deixa clara a debilidade do setor e alimenta a dúvida se mais bancos irão também necessitar de ajuda.

Plano de austeridade

Sede da CajaSur em CórdobaFoto: cc-by-sa/Rafaelij

A Espanha apresentou seu plano de austeridade, que prevê uma redução de gastos da ordem de 15 bilhões de euros para o período 2010-2011, com cortes nos vencimentos do setor público e o congelamento de aposentadorias. Enquanto isso, paira no ar se ao "caso grego" seguirá o "caso espanhol".

"Os mercados financeiros estão muito inquietos porque não sabem se há outros países na Europa também extremamente endividados. Os mercados financeiros necessitam de uma visão a longo prazo, mas não a temos", explica à DW-WORLD Dennis Snower, presidente do Instituto de Economia Mundial, sediado em Kiel.

Mesmo que o Fundo Monetário Internacional (FMI) tenha, em relatório recente apresentado em Madri, aplaudido as "medidas ambiciosas" para reduzir o déficit fiscal espanhol, o órgão adverte que essa redução tem que ser acompanhada de reformas estruturais, como, por exemplo, no mercado de trabalho.

Apesar de toda a crise, o déficit orçamentário da Espanha diminuiu nos primeiros meses de 2010. "O FMI quer, no momento, criar uma regra para a cota de endividamento", afirma Snower, para quem o melhor seria, no entanto, que cada país implementasse uma comissão fiscal reguladora de endividamentos. "Com isso, os mercados financeiros ficariam mais tranquilos", opina o economista.

Da recessão à depressão?

"Tenho medo. Se países como a Grécia, Espanha, Portugal e Irlanda se veem obrigados a tomar medidas drásticas para regular seus orçamentos, suas economias poderão passar de uma recessão a uma depressão. Isso poderá causar mais danos ainda ao euro", diz Snower, no mesmo dia em que o Reino Unido usava a crise do euro, moeda não adotada pelo país, para legitimar os planos de austeridade anunciados pelo governo em Londres.

"O ponto vulnerável na Europa é que temos uma regra para o endividamento. A dívida pública pode subir até o marco do Pacto de Estabilidade, que é de 60% do PIB. O que não temos é um mecanismo que implemente essa estabilidade", explica Snower.

Comissão reguladora

Olli Rehn, comissário da UE para assuntos econômicos e monetáriosFoto: AP

A criação de uma comissão encarregada de regular a dívida pública é, para o economista, uma instância que deveria ser criada em cada país e com urgência: "Algo parecido aconteceu nos anos 1980, quando tivemos uma inflação extremamente alta. Foram criados bancos centrais independentes, que tinham como objetivo combater a inflação", lembra Snower.

E neste ínterim, unindo-se à "onda que assola toda a Europa", como definiu o comissário Olli Rehn, a Itália também anunciou cortes orçamentários a fim de minimizar a especulação sobre os mercados vulneráveis da zona do euro.

"Se tivéssemos uma comissão de endividamento, que tivesse como objetivo manter a cota da dívida pública onde ela deveria ficar, o problema estaria resolvido. Esta é a solução: essa comissão tem de ser implementada", sugere Snower com persistência.

Autora: Mirra Banchón (sv)

Revisão: Roselaine Wandscheer

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