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EUA mediam

DW/Agências (jbn)28 de janeiro de 2009

Grande parte de especialistas alemães está otimista quanto ao mediador americano pela paz no Oriente Médio, George Mitchell. Para alguns, a diplomacia baseada no diálogo pode trazer avanços nos conflitos da região.

George Mitchell está encarregado das negociações de paz no Oriente MédioFoto: AP / DW

"O presidente Obama fez tudo certo. Ele e Hillary Clinton nomearam um excelente enviado", disse o Presidente da Sociedade Alemã-Israelense, Manfred Lahnstein. Segundo ele, a atenção de Mitchell estará de acordo com o tom, a direção e o tempo necessários para permitir uma aproximação entre israelenses e palestinos.

O jornalista e especialista em Oriente Médio, Michael Lüders, também acredita que Mitchell será um bom mediador devido à sua experiência diplomática e também porque o político obtém a confiança dos dois lados do conflito.

Especialista diz que escolha de Clinton e Obama para o enviado foi excelenteFoto: AP

Porém, o que mais chamou a atenção de Lüders foi a decisão de viajar primeiro ao Cairo para encontrar o presidente do Egito, Hosni Mubarack. "É também um sinal interessante, que [Mitchell] tenha escolhido como prioridade a viagem ao Cairo e não a Jerusalém, como tipicamente se faria", explicou.

O Egito tem importante papel de mediação entre Israel e o Hamas. Após o encontro com o presidente Mubarack, Mitchell prometeu "que os Estados Unidos vão sustentar um compromisso ativo para alcançar o objetivo de os dois Estados conviverem lado a lado em paz e com segurança."

Novo governo, nova diplomacia

Este é o momento propício para o início de negociações com o novo governo dos Estados Unidos, apontou Lüders, pois, com o presidente Obama, as negociações estão sendo baseadas em escutar e conversar.

Segundo o jornalista, no passado, as mobilizações realizadas no Oriente Médio eram conduzidas de cima para baixo. Em outras palavras, se dizia aos protagonistas da região como eles tinham que ver as coisas.

Para Lahnstein, da Sociedade Alemã-Israelense, a nomeação de Mitchell foi uma boa escolha para a nova estratégia, pois além de sua experiência diplomática, Mitchell "é determinado e paciente e, no Oriente Médio, determinação e paciência são extremamente necessárias."

Já o responsável por assuntos de Israel e Palestina da Fundação Friedrich Ebert, Knut Detlefsen, diz esperar de Mitchell e do governo americano uma iniciativa rápida, pois "escutar não levará a nada."

Mitchell esteve no Egito para encontrar o presidente Hosni MubarackFoto: AP

Detlefsen defende que o governo americano impulsione uma política mais equilibrada e não baseada em partidos. Ele deseja que "o governo americano fomente um governo unificado entre o Fatah e o Hamas, para que haja avanços políticos."

Paz no Oriente Médio: missão impossível?

Se Mitchell realmente conseguirá resolver este conflito que há anos faz parte do cenário internacional, não se sabe. Mas ele mesmo se mostra confiante: "Tenho a convicção de que não há conflito que não se possa resolver."

Foi este otimismo que o levou à maior vitória de sua carreira diplomática, não no Oriente Médio, mas na Irlanda do Norte. Na década de 90, Mitchell foi enviado pelo então presidente Bill Clinton para intermediar as negociações entre católicos e protestantes no país.

Depois de anos de negociações, veio o histórico dia do Acordo de Belfast, também conhecido como Acordo de Sexta-Feira-Santa, que tinha como objetivo o fim dos conflitos entre os dois grupos religiosos. Na época, muitos viram em Mitchell um candidato ao prêmio Nobel da Paz.

Indagado sobre como ajudou a resolver o conflito na Irlanda do Norte, Mitchell respondeu que somente escutou. "Dizem que sou um bom ouvinte. Eu ouvi, ouvi e depois ouvi de novo e depois ouvi um pouco mais", resumiu ele modestamente o seu trabalho.

A estratégia é condizente com a política proposta por Obama para a região. Segundo o jornalista Lüders, o presidente americano tem sido visto como um "ser iluminado no Oriente Médio". Mas ele adverte que Obama "não pode funcionar como um Messias no Oriente Médio, pois ele lida com instituições e protagonistas que não necessariamente querem estabelecer a paz e tampouco assumir compromissos."

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