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Especialistas alemães tentam definir museu ideal

Birgit Görtz (sv)13 de abril de 2013

Embora a escolha sobre qual museu visitar seja absolutamente subjetiva, especialistas apontam, com opiniões surpreendentemente unânimes, as características do que se pode chamar de "museu moderno".

Foto: dapd

A gama de museus existentes na Alemanha é enorme: no país há milhares deles, de A (Museu dos Aliados) a Z (Museu Zoológico), passando por curiosos, como o Museu do Botão e o Museu do Penico. Recentemente, um pesquisador descobriu que um visitante gasta em média 11 segundos para contemplar um objeto exposto num museu.

Ou seja, do ponto de vista meramente matemático, o Museu Histórico Alemão, com suas 700 mil peças, requereria 2.139 horas do visitante. Como isso vai além da capacidade humana, é preciso definir critérios: como um museu deve ser organizado hoje? E o que o visitante pode esperar dele?

A historiadora e especialista em mídia Beate Schreiber, da agência Facts & Files, presta serviços para organizadores de exposições. A empresa fornece consultoria nos setores de pesquisa e preparação de conteúdos históricos, tendo trabalhado, entre outros, na mostra Tutancâmon, que rodou o mundo.

"São os museus que precisam contribuir com algo, não os visitantes", reza o credo de Schreiber, para quem um museu moderno é aquele que atrai público e não aquele que aspira ser uma instituição educativa. Segundo a especialista, as exposições hoje têm muito mais um caráter de mediação do que de formação educacional, como antigamente. "Às pessoas, sobretudo às mais jovens", é preciso primeiro contar os fatos. "Por isso os museus não podem, de imediato, se aprofundar", diz.

Anja Hoffmann é presidente da Confederação Alemã de Pedagogia de Museus. Ela tem em mente os interesses e necessidades dos visitantes de museus e defende um trabalho conjunto entre historiadores, curadores, expositores e pedagogos. "Na prática, isso acaba não acontecendo. O curador é quem dá as cartas: 'Quero expor 300 peças'. Quem monta exposições tem em foco determinados pontos de vista estéticos. Nós, pedagogos, nos esforçamos para atrair as pessoas e o interesse delas", diz Hoffmann.

Museu Histórico Alemão, em BerlimFoto: picture-alliance/dpa

A palavra-chave dos pedagogos de museus é a "orientação do visitante". Para eles, a função do profissional desta área é construir pontes para que tanto os objetos expostos quanto suas mensagens cheguem ao observador.

O que caracteriza a "modernidade" de um museu?

Joachim Scholtyseck é professor de História da Universidade de Bonn. Ele acredita que o conceito de "moderno" hoje seja, em primeira linha, no contexto de uma exposição, a presença de constatações científicas recentes: "A objetividade e a veracidade da apresentação precisam estar garantidas. Além disso, é preciso apresentar as coisas e a história a partir de diversas perspectivas", diz o historiador. O visitante deve, ele próprio, formar sua opinião, completa o historiador. Embora "seja também bom deixar questões em aberto", acrescenta. O visitante deve ser incentivado a se esforçar intelectualmente e não apenas a se curvar perante a exposição, diz Scholtyseck.

Casa da História, em BonnFoto: picture-alliance/dpa

Judith Behmer é especialista em mídia do Instituto Rheingold, situado em Colônia, no oeste alemão. Para ela, um museu moderno precisa contar não apenas com um setor multimídia, mas precisa também de um ambiente agradável: um café para passar o tempo, uma loja que venda catálogos e suvenires, além de visitas guiadas curtas e informativas. "Uma boa exposição deverá me levar a ver o cotidiano com outros olhos: como se vivia antigamente e o que isso tem a ver comigo hoje", diz Behmer. Segundo ela, a visita ao museu só impressiona o visitante quando permite a ele transpor suas próprias experiências e hábitos.

Os museus prediletos dos especialistas

O favorito de Beate Schreiber é o Museu Judaico de Berlim. Segundo ela, "o princípio didático" do museu é bom. "Eles informam primeiro as bases, os fatos", diz ela. Já para a especialista em mídia Judith Behmers os destaques ficam por conta do Museu Histórico Alemão, também localizado em Berlim, e da Casa da História, em Bonn. Behmers elogia sobretudo a apresentação multimídia dos temas.

Museu Judaico de BerlimFoto: AP

Joachim Scholtyseck visitou há pouco o Tränenpalast, em Berlim, onde ficou impressionado com o saguão do antigo ponto de passagem entre Leste e Oeste da capital alemã na Friedrichstrasse, na antiga República Democrática Alemã, onde as pessoas tanto de um lado quanto de outro do muro se despediam em lágrimas. "Um clássico é naturalmente o Museu Alemão" de Munique, diz Scholtyseck.

A pedagoga de museus Anja Hoffmann recomenda visitas não guiadas somente a grandes instituições, como a Casa da História ou o Museu Histórico Alemão. "Sou fã de museus municipais, que fazem um trabalho in loco e muito valioso", diz. "Ali, as pessoas podem experimentar algo em relação ao espaço onde vivem, localizando-se nele, a fim de entenderem melhor sua história e seu presente", completa.

Melhorias possíveis

Na opinião de Beate Schreiber, há na Alemanha um excesso de exposições rotativas por ano. "Com cinco ou seis mostras diferentes por ano, as pessoas não conseguem acompanhar", diz ela. Schreiber aposta primeiro na qualidade das exposições e nas necessidades de visitantes de fora do país.

Tränenpalast, em BerlimFoto: picture-alliance/dpa

Entre outros problemas, a qualidade dos áudios em língua estrangeira é consideravelmente deficitária – mesmo em Berlim. Também no que diz respeito à presença na web, haveria muito que melhorar: "Principalmente para grupos de escolares e para um público jovem é importante que possam se preparar antes e participar depois da visita à mostra", completa Schreiber.

Judith Behmer alerta, contudo, que não se deve exagerar. "Deveria ser chamada a atenção para o material exposto, para que o visitante o observe e não assista apenas a filmes", fala a especialista. Ela não acredita, portanto, que o museu virtual venha algum dia a substituir o museu real. "O mais interessante é o contato direto com os objetos. Uma caneta-tinteiro usada pelo Imperador Guilherme 2° tem uma qualidade material e exerce um fascínio diferente do que sua reprodução na internet", conclui Behmer.

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