1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

11 de setembro

DW (jc/ca)11 de setembro de 2008

Sete anos após os atentados de 11 de setembro de 2001, especialistas europeus sugerem aos EUA maior confiança nas leis e aliados e advertem Europa da coleta excessiva de informação no combate ao terrorismo.

Instalação luminosa lembra sétimo aniversário de 11 de setembro em Nova YorkFoto: AP

Enquanto o mundo lembra o sétimo aniversário dos ataques a Nova York e Washington, em 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos estão mais divididos do que nunca a respeito da eficácia da resposta dada pela administração Bush ao terrorismo islâmico.

Alguns norte-americanos ousaram até mesmo questionar se o medo da Al Qaeda não teria sido exagerado – salientando a pouca probabilidade estatística de alguém morrer de ato terrorista fora do Iraque ou Afeganistão.

Será que especialistas europeus em terrorismo, cujo continente é freqüentemente acusado de antiamericanismo, também defendem a opinião de que a administração Bush criou e, talvez, explorou conscientemente a idéia do medo de forma gratuita?

Big Bangs e trauma

Maior segurança nos aeroportos é realidadeFoto: AP

De forma alguma, diz o professor Paul Wilkinson, ex-diretor do Centro de Estudo sobre Terrorismo e Violência Política da Universidade de St. Andrews na Escócia. "Acho que a maioria das pessoas tem uma visão bastante equilibrada, porque notam que grandes ataques terroristas não acontecem tão freqüentemente nos países ocidentais. A ocorrência de mortes em acidentes de trânsito é bem maior", explica o professor à DW-WORLD.DE.

Wilkinson acresce, no entanto, "que ataques daquele tipo são um tema de menor importância. Eu diria que, relativamente, os EUA estão agora mais seguros que na época do 11 de setembro, devido a fatores como melhor segurança aérea".

Ralf Tophoven, um dos diretores do Instituto de Pesquisas sobre Terrorismo e Política de Segurança, sediado em Essen, é da opinião que há razões para temer ataques no estilo do 11 de setembro – mesmo que não tenha havido nenhum deste tipo em solo americano nos últimos sete anos.

Tophoven explica que "a Al Qaeda quer claramente um big bang nos EUA, algo com dimensões semelhantes. Eles não estão interessados em matar três pessoas no metrô de Nova York, mesmo que isso também seja uma barbaridade". O especialista acredita que a corrente política governamental norte-americana nem sempre foi racional: "Acho que a administração de Bush foi traumatizada pelo terrorismo. E muitas medidas, como Guantánamo, foram extremamente exageradas devido a este trauma".

Desvios perigosos

Muita gente acredita que os EUA desrespeitaram seu próprio sistema legalFoto: AP

Wilkinson também vê o desrespeito ao sistema legal norte-americano como um dos dois maiores erros: "Um país que sempre foi conhecido pelo orgulho de seu sistema jurídico, mas que não segue estes princípios ao lidar com suspeitos da Al Qaeda, enfraquece sua credibilidade aos olhos de muitas pessoas do mundo muçulmano". Ele salienta ainda que a Guerra do Iraque foi um desvio de recursos que deveriam ter ido para o Afeganistão – e que recentemente fortaleceu a Al Qaeda.

O professor explica que tais posturas norte-americanas deram a radicais muçulmanos um tremendo impulso de propaganda. Eles passaram a dizer: 'Olha, nós somos os verdadeiros defensores do Islã'. E usaram isto para recrutamento de pessoal e para levantar fundos. O conflito no Iraque lhes deu uma imensa variedade de alvos".

Ralf Tophoven também sublinha a necessidade de um pensamento global na campanha contra o terrorismo, incluindo uma maior cooperação e uma maior confiança na Europa.

O diretor do instituto de Essen acentua que, "devido à grande população muçulmana da Europa, temos um potencial bem maior de terroristas locais, mesmo que 99% dos muçulmanos europeus sejam pacíficos". Tophoven salienta que as autoridades alemãs se vêem, às vezes, impedidas de perseguir suspeitos de terrorismo, porque o serviço norte-americano de inteligência retém as informações necessárias alegando razões de segurança nacional."

O acirramento das leis alemãs

Quanto à questão da segurança na Alemanha, as opiniões se dividem. O porta-voz de política interna da bancada social-democrata no Parlamento alemão, Dieter Wiefelspütz, explica que, em Berlim, os cidadãos vivem de forma mais segura que em Londres ou Nova York. Os fatos lhe dão razão: até agora não houve nenhum atentado terrorista de grandes proporções na Alemanha.

Desde 11 de setembro de 2001, muitas leis foram acirradas no país. Com a retirada do assim chamado "privilégio religioso", proibiu-se muitas organizações islâmicas consideradas receptáculos de terroristas em potencial. Promotores públicos tiveram direito de acesso aos dados sobre viagens aéreas, comunicações e finanças de pessoas físicas. Documentos de identidade passaram a conter dados biométricos, como a íris.

O acirramento das leis alemãs é defendido por políticos conservadores, entre eles pelo vice-líder da bancada democrata-cristã, Wolfgang Bosbach. "Conseguimos impedir sete atentados na Alemanha. Alguns destes não aconteceram por pura sorte. O fato de as malas-bomba não terem explodido há dois anos não se deveu ao sucesso das investigações policiais, mas à falta de habilidade de seus construtores", explicou.

Especialistas advertem, no entanto, da competição territorial e da coleta de informação excessiva entre polícia e Estado: "Todos os países da Otan têm problemas de coordenação de suas agências de inteligência, incluindo o trabalho destas agências com a polícia", conclui Wilkinson.

Pular a seção Mais sobre este assunto

Mais sobre este assunto

Mostrar mais conteúdo
Pular a seção Manchete

Manchete

Pular a seção Outros temas em destaque