Especialistas defendem mudança na lei antidrogas da Alemanha
18 de maio de 2015
Política focada na proibição e repressão falhou em coibir o consumo e proteger as pessoas, afirma relatório, que sugere controle estatal da distribuição de maconha e ampliação das salas de consumo supervisionado.
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Especialistas e ONGs alemãs pediram nesta segunda-feira (18/05) uma reforma na lei sobre narcóticos da Alemanha, argumentando que a atual legislação – que foca na proibição e na repressão – fracassou no seu objetivo de proteger as pessoas e a sociedade das consequências do consumo de drogas.
"Desde 1971, o consumo e a dependência de drogas aumentaram de forma anteriormente inimagináveis, causando graves riscos para a saúde, principalmente no grupo dos dependentes de heroína", afirma um relatório divulgado pelas ONGs e apresentado como alternativa ao relatório oficial do governo, que será divulgado na quinta-feira.
O documento afirma ainda que a atual legislação não apenas fracassou nos seus objetivos – coibir o consumo e proteger a sociedade dos riscos –, como também impede a adoção de medidas para limitar os danos causados pelas drogas.
Estima-se que na Alemanha haja cerca de 10 milhões de pessoas com um "consumo perigoso de drogas", afirma o especialista Heino Stöver, da Universidade de Ciências Aplicadas de Frankfurt. Esse número abrange tanto o consumo de drogas ilegais, como maconha, cocaína ou heroína, quanto de legais, como álcool, tabaco e medicamentos. A própria classificação de drogas legais e ilegais é totalmente arbitrária, criticou Stöver.
Para os especialistas, proibição e punição não solucionam o problema. Eles sugerem medidas alternativas, como a distribuição controlada de maconha pelo Estado ou a liberação dos testes de drogas, que permitem aos usuários identificar a presença de substâncias que podem causar envenenamento e levar à morte.
Outra medida sugerida é a ampliação das salas de consumo supervisionado de drogas. Nesses locais, usuários contam com o acompanhamento de especialistas, o que minimiza os riscos de overdose e de transmissão de doenças. Esses locais existem em 6 dos 16 estados alemães.
Os especialistas sugerem ainda definir as quantidades máximas, válidas para todos os estados, que uma pessoa pode portar para consumo próprio sem o risco de ir para a cadeia.
O relatório afirma também que a ilegalidade muitas vezes impede os usuários de pedir ajuda em casos de overdose ou envenenamento, por temerem a polícia. A atual política antidrogas não oferece possibilidade de diálogo aos usuários, afirmam os especialistas.
O documento lembra ainda que o tratamento de dependentes não foca mais na redução total do consumo, mas na possibilidade de se levar uma vida o mais saudável possível à medida que o consumo da substância é reduzido, prolongando os períodos de abstinência.
CN/dpa/epd/kna
Sete fatos e um mito sobre o álcool
Carnaval é, para muitos, um momento de tomar umas a mais. Boa hora para conferir um estudo científico sobre o assunto. Que traz notícias nem tão alegres...
Foto: picture-alliance/dpa
Me engana que eu gosto
Há décadas a ciência vinha oferecendo perspectivas reconfortantes aos amigos do copo: álcool em quantidades moderadas – um ou dois copos de vinho por dia, por exemplo – faz bem à saúde e até prolonga a vida, dizem. Infelizmente, tal bonança acabou: entre outras revelações, um relatório do "British Medical Journal" apresenta um convite à revisão radical dos hábitos etílicos.
Foto: picture-alliance/dpa
Fato 1: Os europeus bebem mais do que os outros
Consumindo 11,8 e 11,6 litros de álcool puro por ano, respectivamente, os alemães e os britânicos ocupam uma posição mediana entre os grandes bebedores – ao contrário do que se poderia imaginar. Porém, no geral, está comprovado que os nativos do Velho Continente tendem a se embriagar mais do que os da América do Norte ou da Ásia.
Foto: picture-alliance/dpa
Fato 2: Mas ninguém bebe mais do que um bielorrusso
A ex-república soviética Belarus ocupa o topo absoluto na lista dos países mais beberrões do mundo: a média do consumo de álcool puro entre sua população é de 17,5 litros por ano. E a Rússia vem cambaleando logo atrás, com 15,1 litros. Ou seja: mesmo com a contínua alta dos preços, o império de Vladimir Putin segue sendo o paraíso da vodca.
Foto: picture-alliance/dpa
Fato 3: Olhos puxados e álcool não combinam
Ou, em termos um tanto mais científicos: grupos étnicos como os asiáticos dispõem de quantidades menores das enzimas que metabolizam o álcool. É uma questão de genética. Talvez por isso o turista japonês da foto, flagrado na Oktoberfest de Munique, já pareça estar antecipando a ressaca.
Foto: dpa
Fato 4: Beber não é coisa para mulher
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mulheres bebem menos da metade do álcool que os homens. Não é uma questão de machismo, é um mero fato fisiológico. Entre os fatores em jogo estão a diferença de tamanho e a composição do corpo feminino, cujo maior teor de gordura tende a concentrar o álcool. Já os homens apresentam mais água no corpo, o que favorece a difusão da substância.
Foto: Fotolia/Kitty
Fato 5: A prosperidade faz o beberrão
Nos países em desenvolvimento, como a China e a Índia, o consumo alcoólico está em alta. Homens e mulheres da classe média em expansão têm agora meios para adquirir boas bebidas importadas, como cerveja alemã ou vinho francês. Ou fazer como as jovens indianas da foto: viajar até a Oktoberfest de Munique para provar a típica cerveja bávara.
Foto: DW/I. Moog
Fato 6: Embriaguez é também questão religiosa
O menor consumo do mundo é registrado no Norte da África e no Oriente Médio. No Paquistão, Kuwait, Líbia e Mauritânia, só se ingere 0,1 litro de álcool puro por ano. É que, para a religião muçulmana, essa substância é "haram" – impura, e, portanto, proibida para os fiéis. Nesses países, a bebida mais popular é o chá.
Foto: picture-alliance/dpa
Fato 7: Álcool mata. Mesmo
E agora é que a coisa começa a ficar sem graça. A OMS alerta: o consumo etílico está relacionado a mais de 200 enfermidades e condições crônicas. Essa lista, que inclui o câncer e a cirrose, mata 3,3 milhões de amigos do copo por ano – o equivalente a cerca de 6% do número global de óbitos. Mas... só se a pessoa beber muito, não é mesmo?
Foto: Getty Images
O mito: Um copo de vinho ao dia prolonga a vida
Errado. O relatório do "British Medical Journal" aponta falhas técnicas nos estudos anteriores que aconselhavam o consumo alcoólico moderado. Como eles não distinguiam entre não bebedores e os menos saudáveis ex-bebedores, os antigos cálculos não são confiáveis. Portanto, a forma mais saudável de beber, é mesmo não beber uma só gota.
Foto: DW/D. P. Lopes
A solução?
Para quem acredita cem por cento nos pesquisadores britânicos e quer ter vida longa a todo custo, só resta seguir o exemplo do Paquistão. Como mostra a foto, a república islâmica destrói regularmente, em massa, as garrafas que apreende, contrabandeadas de sua vizinha, a emergente e cada vez mais alcoólica Índia. Algum candidato a adotar solução tão radical? Quem sabe em 2016?