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SaúdeChina

Covid: especialistas estimam 9 mil mortes por dia na China

30 de dezembro de 2022

Empresa de dados britânica projeta pico de mortes no fim de janeiro, com 25 mil óbitos por dia em território chinês. Casos de coronavírus podem chegar a 3,7 milhões por dia na segunda semana de 2023.

Pessoas de máscara em cadeiras de hospital recebendo soro
Hospitais na China enfrentem superlotaçãoFoto: HECTOR RETAMAL/AFP/Getty Images

Especialistas do Reino Unido estimam que cerca de 9 mil pessoas estejam morrendo por dia na China em decorrência da covid-19. A informação é da empresa de dados Airfinity e foi divulgada nesta quinta-feira (29/12). O número é quase o dobro do estimado na semana passada.

As infecções por covid-19 começaram a se espalhar pela China em novembro e aceleraram em dezembro, após o governo abolir a política de "zero covid", com o fim de testes em massa, quarentenas e confinamentos. Na semana passada, o governo divulgou que, a partir de 8 de janeiro, vai voltar a emitir passaportes de viagem ao exterior.  

Embora o governo chinês tenha parado recentemente de publicar dados oficiais sobre a pandemia, a Airfinity estima que, desde 1º de dezembro, cerca de 100 mil pessoas tenham morrido devido à doença no país asiático – os casos chegam a 18,6 milhões.

A empresa afirma que suas projeções são baseadas em dados de províncias chinesas antes que as recentes mudanças nas notificações fossem implementadas.

A Airfinity projeta que o pior na China ainda está por vir: o número de infecções pode chegar ao pico de 3,7 milhões por dia em 13 de janeiro, e o de mortes, a 25 mil óbitos diários em 23 de janeiro – com o total de mortes chegando a 584 mil desde dezembro.

A Airfinity estima ainda 1,7 milhão de mortes em toda a China até o final de abril de 2023, de acordo com seu comunicado.

Dados oficiais

Antes de parar de publicar os dados sobre o coronavírus, a China vinha relatando cerca de 10 mortes por dia devido à doença, cifra amplamente criticada por especialistas por estar fora da realidade, em um momento que o país vive superlotação de hospitais, saturação de crematórios e falta de medicamentos para febre nas farmácias – chegando ao ponto de o governo confiscar a produção de analgésicos de algumas farmacêuticas.

Como justificativa para os baixos números oficiais, as autoridades de saúde chinesas disseram que definem uma morte por covid-19 como um indivíduo que morre de insuficiência respiratória causada pela enfermidade, excluindo mortes por outras doenças e condições, mesmo que a vítima tenha testado positivo para o vírus – como fazem a maioria dos países.

"A China sempre publicou os seus dados sobre mortes e casos graves de covid-19 num espírito de abertura e transparência", disse Jiao Yahui, funcionário da Comissão de Saúde chinesa, na quinta-feira à noite, citado pela agência de notícias estatal Xinhua.

Em 28 de dezembro, o número oficial de mortes por covid-19 na China era de 5.246 desde o início da pandemia. O país é o mais populoso do mundo, com 1,4 bilhão de habitantes e é onde o vírus começou a circular no final de 2019.

O epidemiologista-chefe da China, Wu Zunyou, disse na quinta-feira que uma equipe do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças planeja contabilizar as mortes de maneira diferente.

A equipe medirá a diferença entre o número de óbitos na atual onda de infecções e o número de mortes esperadas se a epidemia nunca tivesse ocorrido, explicou Wu a repórteres.

Assim, ao calcular o chamado "excesso de mortalidade", a China seria capaz de descobrir o que poderia ter sido potencialmente subestimado, disse Wu.

Metade dos viajantes vindos da China que chegaram ao aeroporto de Malpensa, em Milão, estava infectadaFoto: Maule Maurizio/IPA/ABACA/picture alliance

OMS defende exigência de testes

Também nesta quinta-feira, o diretor-geral da Organizaço Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, defendeu as medidas de proteção adotadas por alguns países em meio à explosão de casos de covid-19 na China.

"Na ausência de informações completas da China, é compreensível que os países estejam adotando medidas que acreditam proteger o seu povo", disse, em postagem no Twitter.

Tedros lembrou que já tinha alertado que, para fazer uma avaliação de risco abrangente da situação de covid-19 na China, são necessárias "informações mais detalhadas".

"Continuamos preocupados com a evolução da situação e continuamos incentivando a China a rastrear o vírus da covid-19 e a vacinar as pessoas de maior risco. Continuamos oferecendo o nosso apoio para o atendimento clínico e proteção do seu sistema de saúde", ressaltou.

Os Estados Unidos e países asiáticos como Japão, Coreia do Sul, Índia e Taiwan estão exigindo testes de covid-19 aos viajantes provenientes da China.

Na Europa, a Itália passou a exigir testes e pressiona para que a União Europeia faça o mesmo. Segundo as autoridades italianas, mais de 50% das pessoas rastreadas na chegada ao aeroporto de Malpensa, em Milão, estavam infectadas com o coronavírus.

le/ek (Reuters, Lusa)