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Esperando o grande estouro

Jutta Wasserrab / av27 de junho de 2003

Em quase todo o mundo os preços do mercado imobiliário estão em alta. Sua temida queda poderá provocar turbulências na economia mundial. Estamos diante de uma terrível ameaça financeira?

Morar bem na Alemanha tem seu preçoFoto: Illuscope

“Bolha de sabão dos imóveis ameaça economia mundial”, anunciou recentemente a conceituada revista inglesa The Economist. O continuado boom dos preços criou uma “bolha” no setor, a qual pode estourar a qualquer momento. Sobretudo nos países de economia fraca, isso poderá levar à recessão. Uma situação semelhante já ocorreu no Japão, no início dos anos 90. Em Tóquio, Osaka e Kyoto, os preços das casas galgaram as alturas, para então se precipitar no abismo. Será que a grande explosão também ameaça o setor imobiliário de outros países?

Primeiro as ações, depois os imóveis?

A economia mundial ainda sofre os efeitos do estouro da “bolha” do mercado de valores: fortunas bilionárias foram pulverizadas e, por conseguinte, retiradas de circulação nos mercados. Segundo Tobias Just, da Deutsche Bank Research, o fim da quimera imobiliária poderá ser ainda mais danoso: “A população alemã investiu quase a metade de seu patrimônio em imóveis. Se este setor sofrer restrições agora, a situação financeira dos particulares naturalmente se alterará, levando a uma diminuição do consumo”.

Em outras palavras: se os preços dos imóveis caírem, os proprietários passarão a gastar menos. E as más perspectivas não se aplicam apenas à Alemanha: em outras partes da Europa o investimento em bens imóveis chega até a ser porcentualmente mais elevado.

Boom so setor

Há já alguns anos o mercado imobiliário floresce em todo o mundo, excetuada a Alemanha e o Japão. Em menos de dez anos, o aumento dos preços chegou a exceder os 50%, em numerosas nações européias, permanecendo em torno de 30% nos Estados Unidos. Um apartamento de dois quartos com cerca de 100 metros quadrados custa em Nova York e Londres em torno de 800 mil dólares – duas vezes mais do que em Frankfurt.

Alguns analistas são de opinião que os imóveis não valem mais o seu preço. Pois, da mesma forma que o valor de uma ação deve corresponder à perspectiva de dividendos, o preço dos imóveis é subordinado aos futuros ganhos com seu aluguel. E, na maioria dos casos, o preço da casa própria cresceu muito mais rápido do que os aluguéis.

Os pessimistas prevêem que, sobretudo na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, em breve os investidores irão reconhecer essa contradição. Porém nete ponto Tobias Just tem uma visão mais positiva: “Ocorreu uma supervalorização de 5% a 10%. Esta será provavelmente compensada. Mas consideramos improvável que a bolha de sabão venha a estourar”.

Alemanha é exceção

Just acrescenta que não deverá haver qualquer perigo para a Alemanha – um efeito positivo da reunificação do país. Na expectativa de que esta fosse seguida de um segundo “milagre econômico”, construiu-se com afã, tanto no leste como no oeste. Na antiga Alemanha comunista já existem atualmente 1,3 milhão de casas vazias. “Assim, não há empuxo inflacionário, já que é relativamente fácil encontrar moradia”, conclui o funcionário da DB Research.

Isso quer dizer que os bancos alemães podem respirar aliviados? Por enquanto, pelo menos. Eles não têm motivo para temer créditos duvidosos, construídos para o financiamento de imóveis. Pois, enquanto o valor da dívida corresponder ao valor estimado do imóvel, o crédito estará coberto. Contudo os bancos alemães também investem somas consideráveis em fundos imobiliários – naturalmente não apenas dentro do país, mas cada vez mais no exterior. E por esse caminho o estouro da bolha de sabão também poderá chegar até a Alemanha.

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