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Esqueleto encontrado em estacionamento é do rei inglês Ricardo 3º

4 de fevereiro de 2013

"Meu reino por um cavalo!", brada o monarca corcunda pouco antes de morrer, na tragédia de William Shakespeare. Segundo historiadores, imagem de supervilão é injusta e fruto de campanha de difamação póstuma.

Foto: Reuters

Está confirmado que o esqueleto encontrado sob um estacionamento na cidade de Leicester, no centro da Inglaterra, pertence mesmo ao rei Ricardo 3º (1452-1485). Segundo cientistas da universidade local, o DNA dos restos mortais de 500 anos coincide com o do carpinteiro Michael Ibsen, nascido no Canadá, descendente de 17ª geração da irmã do rei.

"É uma conclusão acadêmica da Universidade de Leicester, acima de qualquer dúvida razoável, que o indivíduo exumado em Greyfriars em setembro de 2012 é, de fato, Ricardo 3º, o último rei da Inglaterra da linhagem dos Plantagenet", declarou o arqueólogo Richard Buckley numa entrevista à imprensa, nesta segunda-feira (04/02).

Suas palavras foram recebidas com aplausos. Respeitando a prática arqueológica, os despojos reais serão sepultados na catedral de Leicester, que é o local consagrado mais próximo, acrescentou Buckley. A notícia foi confirmada pelo prefeito da cidade, Peter Soulsby. Anteriormente, ocorrera polêmica sobre o destino dos ossos, pois certas instâncias desejavam que fossem enterrados na cidade de York, base do reinado de Ricardo.

Arqueologista Richard Buckley anunciou descoberta na Universidade de LeicesterFoto: Getty Images

Shakespeare e a campanha de difamação

Segundo os cientistas, o esqueleto tem a espinha curvada e exibe oito ferimentos no crânio e dois no corpo. Ao ser encontrado durante as escavações do mosteiro medieval sob o estacionamento, ele trazia uma flecha nas costas. O achado provocou enorme entusiasmo nos meios historiográficos, por finalmente fornecer evidências concretas sobre uma personagem rodeada por controvérsia desde sua morte, aos 32 anos de idade.

Ricardo 3º foi o último soberano inglês a perecer em combate. Na peça teatral epônima, o dramaturgo William Shakespeare o faz bradar a famosa frase: "Meu cavalo, meu cavalo, meu reino por um cavalo!", antes do duelo final. Consta que após a Batalha de Bosworth, em 1485, o corpo despido e sangrento do rei foi exibido pelas ruas, para só então ser depositado numa sepultura sem nome, no mosteiro de Greyfriars.

Em seguida, a coroa da Inglaterra passou a Henrique 8º e os monarcas da Casa de Tudor. Com o auxílio de Shakespeare, estes cunharam, com sucesso, a imagem do rei corcunda como um dos piores vilões da história, não hesitando em trair e matar em sua campanha pelo poder. Entre suas vítimas constariam dois sobrinhos, assassinados na Torre de Londres.

Para diversos historiadores, essa fama é injusta. Eles esperam que a descoberta dos restos mortais lhes vá permitir dispersar alguns dos mitos em torno de Ricardo 3º. E examinar mais objetivamente as conquistas que alcançou em seus dois breves anos de regência – as quais incluem o estabelecimento de um sistema de fiança e assistência legal.

AV/afp/ap/dpa
Revisão: Alexandre Schossler

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