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Esquenta o debate sobre ingresso da Turquia na UE

Estelina Farias24 de fevereiro de 2004

Sob protestos da oposição alemã, premier Schröder apóia um breve ingresso da Turquia na União Européia e o comissário da ampliação da UE adianta parecer positivo.

Schröder (d) com o premier turco Recep Tayyip ErdoganFoto: AP

A visita do chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder, à Turquia, que se encerra nesta terça-feira (24), esquentou ainda mais o debate em Berlim sobre uma integração de Ancara na União Européia. Líderes do maior partido oposicionista democrata-cristão (CDU) voltaram a rejeitar um início em breve das negociações sobre o possível ingresso da Turquia na comunidade européia.

O comissário encarregado da ampliação da UE, o alemão Günter Verheugen, ao contrário, disse que a opinião generalizada na Europa é de que o país islâmico possivelmente cumprirá os critérios para a sua integração até o final do ano.

Günter VerheugenFoto: AP

A Turquia mudou muito - Para maior irritação da oposição, Verheugen anunciou que provavelmente apresentará, até o fim de 2004, um relatório favorável sobre os esforços de integração da Turquia. Ele adiantou sua posição positiva, dizendo que não teria aceito a tarefa, "se acreditasse estar completamente fora de cogitação que a Turquia atenderia os critérios para ingressar na UE". O comissário destacou que "o país mudou mais nos últimos dois anos do que nos 80 anos de sua história moderna".

"Obviamente que não basta mudar as coisas só no papel", acrescentou Verheugen se referindo às reformas sobre liberdade de religião, proscrição da pena de morte e da tortura, bem como concessão de direitos à minoria curda na Turquia. Ele prometeu apreciar exatamente, em seu relatório, se tais mudanças são dignas de crédito na prática. "Esta questão será, provavelmente, decisiva", concluiu.

Angela MerkelFoto: AP

Oposição x opinião pública

- A visita de Schröder à Turquia, acompanhado por empresários de proa, aconteceu dias depois que a presidenta e líder da União Democrata Cristã (CDU), Angela Merkel, aconselhou o governo do premier Recep Tayyip Erdogan a esquecer o pedido de ingresso da Turquia na UE e, em troca, aceitar uma parceria privilegiada. Os esforços de Ancara datam de 1963, quando manifestou o desejo de tornar-se membro da UE. O pedido foi formalizado em 1987 quando o país assinou um acordo de associação com a comunidade em Bruxelas.

Não só o governo, mas também a opinião pública turca recebeu Schröder com grande simpatia por causa do apoio declarado do seu governo de coalizão social-democrata e verde. A opinião predominante no gabinete em Berlim é de que, além das reformas democráticas, Ancara está facilitando uma solução para o conflito de Chipre, embora a contenda histórica por causa desta ilha divida entre turcos e gregos não tenha nada a ver com os critérios para ingresso na UE. A parte sul ocupada por gregos será membro da UE a partir de 1º de maio, juntamente com Malta e outros oito países do Leste Europeu. O norte de Chipre, ocupado pelo Exército turco em 1974, permanecerá fora da UE. Ainda estão estacionados na região 30 mil soldados turcos.

A tendência da Comissão Européia (braço executivo da UE) é dar-se por satisfeita se a Turquia corresponder às expectativas nas questões de democracia e direitos humanos. Em caso positivo, Ancara receberá sinal verde no final do ano para iniciar as negociações com Bruxelas.

Vantagens políticas e econômicas

- Durante a visita de Schröder, o premier turco Erdogan chamou atenção para os sinais psicológicos positivos e créditos para a Turquia que as negociações gerariam junto aos investidores estrangeiros. Com um volume de negócios de 14 bilhões de euros por ano, a Alemanha é o maior parceiro comercial da Turquia.

Schröder e Erdogan inauguram, nesta terça-feira (24), a usina hidrelétrica mais moderna da Turquia, com tecnologia alemã, em Iskenderum. A usina Isken custou 1,5 bilhão de euros, tem capacidade de 1.200 megawatts e vai cobrir 7% das necessidades de energia elétrica no país.

Mas os maiores interesses dos dois países não se concentram só nas vantagens econômicas recíprocas. Berlim considera que um país com população islâmica e democracia orientada pelos valores e normas européias contribuiria para uma estabilidade no mundo islâmico.

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