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Esquerda da Alemanha em alta nas pesquisas após caso AfD

12 de fevereiro de 2020

Crise provocada por eleição de governador da Turíngia com votos de populistas de direita derruba popularidade de partido de Merkel no estado. Socialistas crescem oito pontos percentuais, segundo sondagem.

Pessoas levantam cédulas de papel na frente de grande placar em vermelho com letras  brancas, escrito "Linke"
Convenção do partido A Esquerda na Turíngia: socialistas avançam no estadoFoto: Picture-Alliance/dpa/M. Schutt

Uma nova pesquisa realizada na sequência do escândalo provocado pela direita numa eleição para governador na Turíngia aponta um aumento sensível do apoio aos socialistas do partido A Esquerda e uma queda dos conservadores da chanceler federal alemã, Angela Merkel, naquele estado no leste da Alemanha.

De acordo com a sondagem, realizada pela agência Infratest Dimap e encomendada pela emissora pública MDR, A Esquerda subiu para 39%, crescendo oito pontos percentuais em relação ao resultado de outubro. Já a União Democrata Cristã (CDU) de Merkel caiu aproximadamente na mesma proporção, passando de 21,7% para 13%.

O Partido Liberal Democrático (FDP), cujo candidato a governador da Turíngia, Thomas Kemmerich, esteve no centro do escândalo, caiu para apenas 4%, resultado que impossibilitaria os liberais de formarem uma bancada na assembleia estadual, caso haja nova eleição regional.

Talvez o mais surpreendente, no entanto, seja que, apesar dos protestos, o apoio à Alternativa para a Alemanha (AfD) melhorou ligeiramente, de 23,4% para 24%.

A CDU foi acusada de conluio com os populistas de direita da AfD na Turíngia, para eleger na semana passada Kemmerich, do FDP, para o governo do estado e derrotar o candidato à reeleição, o socialista Bodo Ramelow, numa votação realizada na assembleia regional.

Kemmerich foi eleito com votos de legisladores da CDU, FDP e AfD. Essa colaboração de membros de CDU e FDP com a ultradireitista AfD provocou indignação em todo o país, sendo considerada uma quebra de um tabu na política alemã. Dias depois, o recém-eleito chefe de governo renunciou, e ainda permanece indefinido se haverá nova eleição na Turíngia.

O ocorrido fez com que Merkel imediatamente desaprovasse o comportamento de seus colegas de partido no estado, acusando-os de abandonarem "valores partidários" e dizendo ser "imperdoável" a eleição do governador com apoio da AfD. O caso também levou a premiê a demitir o secretário de Estado parlamentar, encarregado do governo alemão para os estados do Leste do país, Christian Hirte. Também vice-presidente do partido na Turíngia, ele foi duramente criticado por parabenizar Kemmerich no Twitter.

O escândalo é tido ainda como um dos motivos que levou a presidente nacional da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer, arenunciar ao cargo. Designada por Angela Merkel para ser sua sucessora, ela também anunciou sua desistência da candidatura para chanceler federal.

MD/afp/dpa

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