"Estágio" para desenvolver habilidades sociais
12 de março de 2006Falta tempo para conversas no "mundo dos números"
Bärbel Hann, chefe de equipe da DeTeImmobilien, em Berlim, participa do projeto Seitenwechsel ("mudança de lado") – um programa de treinamento social para líderes de empresas. Durante uma semana, os chefes se engajam numa causa social e adquirem, a partir desta experiência, uma forma bastante diferente de ver as relações de trabalho.
É o caso de uma líder empresarial de 43 anos que visita uma comunidade para deficientes mentais. Por uma semana, Bärbel fará um estágio como ajudante de deficientes. Seu trabalho: conversar e ouvir.
"Nosso mundo é outro, é o mundo dos números. Aqui, o contato social é extremamente importante. Tempo e paciência é o que eu preciso dedicar àqueles que vivem aqui. Mas na empresa é bastante diferente. Lá, eu espero que todos entendam exatamente o que eu digo ou o que quero, sempre. Aqui, a coisa muda de figura: eu preciso ouvir com atenção, eu preciso acompanhar o que eles dizem", conta Bärbel.
Mais habilidades sociais, melhores relacionamentos na empresa
O objetivo do programa é que os empresários aperfeiçoem suas habilidades sociais. A idéia, que foi concebida na Suíça, é utilizada em várias cidades alemãs. Mara Höhl, da associação Forum Berufsbildung de formação profissional, informa os empresários sobre o programa Seitenwechsel.
Ela costuma receber poucas respostas negativas sobre o objetivo do projeto, mas precisa lidar com outra sorte de problemas, como a falta de tempo dos participantes, e, principalmente, o medo do distanciamento de suas obrigações regulares de trabalho.
Até hoje, 14 empresários já participaram do programa em Berlim. Suas empresas os liberam por uma semana e pagam cerca de 2000 euros aos organizadores. Desta quantia, 600 euros são pagos às causas sociais. O resultado costuma ser positivo:
"As pessoas realmente precisam se esforçar para ter tempo de ouvir onde estão os problemas, assim como elas fazem em seus compromissos. É necessário estabelecer um horário para estar em contato com os funcionários, para conversar com eles individualmente. As pessoas se sentem mais importantes quando tratadas pessoalmente do que quando vêem o chefe somente em reuniões. E qual é o papel do maestro sem a orquestra? É realmente nisso que temos que pensar. Quando os empregados não se engajam, não se obtém nenhum resultado", analisa Bärbel Hann.