Estátuas de monarcas britânicas são derrubadas no Canadá
2 de julho de 2021
Manifestantes destruíram monumentos em meio à revolta e comoção causadas pelo descobrimento de restos mortais de mais de 1.100 pessoas em locais onde funcionavam internatos para crianças indígenas.
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Manifestantes derrubaram estátuas da Rainha Victoria e da Rainha Elizabeth 2ª na cidade canadense de Winnipeg nesta quinta-feira (01/07), em meio a crescente revolta da população após a descoberta de restos mortais de 1.100 pessoas localizados onde funcionavam internatos de crianças indígenas.
Uma multidão gritou "nenhum orgulho no genocídio" antes de derrubar as estátuas das monarcas.
A ação aconteceu no Dia do Canadá, o feriado que lembra a fundação do país, quando três colônias britânicas se uniram, em 1867. Na data, tradicionalmente ocorrem comemorações em todo o país. Este ano, no entanto, muitas cidades cancelaram os eventos, à medida que o escândalo sobre as crianças indígenas fez os canadenses confrontarem sua história colonial. O primeiro-ministro Justin Trudeau disse que o dia seria "um momento para reflexão".
Os centenas de túmulos não marcados foram encontrados em um espaço de cinco semanas em internatos na Columbia Britânica e em Saskatchewan que eram financiados pelo governo - 70% deles era dirigidos pela igreja católica.
Até 1996, o governo canadense separava à força as crianças indígenas de suas famílias e as obrigava a viver em internatos. Muitos deles era mal construídos, frios e pouco higiênicos. Há vários relatos de maus-tratos, desnutrição e abuso físico e sexual. Além disso, as crianças não podiam falar suas línguas nativas e nem preservar suas tradições. Muitas delas nunca mais voltaram às suas comunidades.
Em 2015, a Comissão de Verdade e Reconciliação classificou a situação como "genocídio cultural" e, em 2019, revelou que mais de 4 mil crianças morreram nestes centros. Especialistas, porém, acreditam que o número deva ser superior a 6 mil.
Em Winnipeg, uma multidão aplaudiu quando a estátua da Rainha Vitória tombou. Algumas pessoas chutaram a estátua e dançaram ao redor dela. O pedestal e a estátua foram pintados com marcas de mão de tinta vermelha.
Elizabeth 2ª é a atual chefe de estado do Canadá, enquanto Victoria reinou de 1837 a 1901, quando o Canadá fazia parte do Império Britânico.
Protestos em apoio às crianças indígenas ocorreram na quinta-feira em Toronto, o centro financeiro do Canadá. Já na capital, Ottawa, uma marcha atraiu milhares de pessoas em apoio às vítimas e sobreviventes do sistema de internatos.
Vigílias e comícios foram realizados em outras partes do país. Muitos participantes usavam roupas laranja, cor que se tornou símbolo do movimento.
Em sua mensagem no Dia do Canadá, Trudeau disse que as descobertas dos restos mortais das crianças nas antigas escolas "pressionaram justamente a refletir sobre os fracassos históricos de nosso país". Ele reforçou que ainda existem injustiças com os povos indígenas e muitos outros no Canadá.
Um porta-voz do primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse que o governo condena qualquer desfiguração das estátuas da rainha.
"Nossos pensamentos estão com a comunidade indígena do Canadá após essas trágicas descobertas", disse ele.
Após o descobrimento dos túmulos, ao menos oito igrejas foram incendiadas no país. Ainda não está claro se os restos mortais encontrados são de crianças que viviam nos internatos.
le (reuters, ots)
Dez fatos sobre a rainha Elizabeth 2ª
Conheça dez curiosidades sobre a monarca, que nunca foi à escola, mas tinha seu próprio estilista.
Foto: Getty Images/Y. Mok
1. Ela celebrava o aniversário duas vezes ao ano
A rainha Elizabeth 2ª nasceu em 21 de abril de 1926, mas as comemorações oficiais acontecem sempre no segundo sábado de junho. A tradição foi iniciada em 1748 pelo rei George 2º, cujo aniversário era em novembro, outono no hemisfério norte, Como o tempo não era proprício a celebrações públicas, ele simplesmente decidiu celebrar em uma época do ano melhor.
Foto: picture-alliance/dpa
2. Ela nunca foi à escola
A princípio, isso pode parecer tentador para crianças que preferem ficar em casa e brincar o dia todo. Mas a rainha tinha professores particulares que ensinavam história constitucional, direito e francês. Mesmo assim, muitas vezes ela lamentou não ter tido uma educação formal.
Foto: AFP/Getty Images
3. Ela era parente de seu marido
O falecido príncipe Philip era primo de terceiro grau da rainha Elizabeth 2ª — ambos eram tataranetos da rainha Vitória. Elizabeth se apaixonou pelo príncipe quando tinha apenas 13 anos e os dois se casaram em novembro de 1947. Para comprar o tecido de seu vestido de noiva, a rainha usou cupons que havia guardado depois da guerra.
Foto: Imago/ZUMA/Keystone
4. Ela tinha um estilista particular
Norman Hartnell (1901-1979) foi o estilista da família real durante anos. Foi ele que desenhou, entre outras coisas, os vestidos de casamento e coroação da princesa Elizabeth. De acordo com a revista Vogue britânica, Hartnell desenhou nove versões do vestido de coroação. A rainha acabou optando por um bordado com emblemas florais para cada um dos países do Reino Unido, assim como da Commonwealth.
Foto: picture-alliance/Heritage Images
5. Ela jamais usou a coroa
O diamante "Koh-i-noor" (persa para "luz do mundo") é um assunto delicado para muitos indianos. Dizem que ele foi roubado do Punjab, que então pertencia ao Reino Unido, pelos governantes coloniais britânicos. O diamante de 108 quilates é uma das joias da coroa britânica e está em exibição na Torre de Londres.
Foto: picture-alliance/AP Photo/File
6. Ela governou por mais tempo
Elizabeth se tornou rainha em 6 de fevereiro de 1952, logo após a morte de seu pai, o rei George 6º. Ela governou por 70 anos, mais tempo do que sua tataravó, a rainha Vitória, que ocupou o trono por 63 anos, de 1837 a 1901.
Foto: picture alliance/Photoshot
7. Ela não precisava de passaporte
Como o passaporte britânico foi emitido em nome de Sua Majestade, não é necessário que a rainha tenha um, de acordo com o site oficial da família real britânica. Todos os outros membros da realeza, no entanto, têm passaportes. Ela também era a única pessoa no Reino Unido que não precisava de carteira de motorista.
Foto: Reuters/F. Bensch
8. Ela era fã da raça corgi
Elizabeth 2ª gostava de corgis há muitos anos. O caso de amor da rainha com essa raça de cães começou na década de 1930, quando seu pai ganhou um que batizou de "Dookie". A favorita de Elizabeth, no entanto, era "Susan", de quem ela não desgrudava e cujos descendentes foram responsáveis por oito felizes décadas de corgis na família real.
Foto: picture-alliance/dpa
9. Ela também foi uma estrela de cinema
Segundo o site de classificação de filmes IMDb, a rainha Elizabeth 2ª já apareceu em mais de 225 documentários e filmes de ficção e séries de televisão. Ela também ganhou um prêmio BAFTA em 2013 "em reconhecimento ao seu patrocínio notável na indústria do cinema e da televisão". A imagem acima mostra uma foto da série da Netflix "The Crown", com a atriz britânica Claire Foy no papel da monarca.
O patrimônio líquido da rainha foi estimado pela revista Forbes em 350 milhões de libras. Isso pode parece muito, mas é bastante modesto se comparado ao duque de Westminster: Earl Grosvenor tem um saldo de mais de 10 bilhões de libras (cerca de 77 bilhões de reais) em sua conta. No Top mil dos super-ricos britânicos do Sunday Times, Elizabeth 2ª aparece "apenas" na 372ª posição.