Washington é o primeiro estado dos EUA a aprovar lei que permite que cidadãos tenham a opção de serem transformados em adubo após a morte. Processo é alternativa sustentável a enterro e cremação. Igreja condena prática.
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Washington se tornou o primeiro estado dos Estados Unidos a legalizar a compostagem humana, depois de seu governador, o democrata Jay Inslee, assinar um projeto de lei na tentativa de reduzir as emissões de carbono geradas pela prática de enterrar e cremar cadáveres.
De acordo com a nova lei, que entra em vigor em maio de 2020, as pessoas que morrerem naquele estado terão a opção de ter seus corpos transformados em solo humífero adequado para a jardinagem em um processo chamado de recomposição.
"A recomposição oferece uma alternativa ao embalsamento, ao enterro e à cremação que é natural, segura, sustentável e irá resultar em economias significativas de emissões de carbono e de uso da terra", defende Katrina Spade, fundadora da Recompose, uma empresa baseada em Seattle que deve ser a primeira a oferecer o serviço nos Estados Unidos.
"A ideia de retornar à natureza de uma forma tão direta e de voltar ao ciclo da vida e da morte é realmente muito bonita", disse ela à agência de notícias AFP.
Sua técnica de recomposição – desenvolvida com apoio da Universidade Estadual de Washington, que fez testes clínicos com corpos de doadores – consiste em colocar um cadáver num recipiente de aço hexagonal contendo lascas de madeira, alfafa e palha. Esse recipiente é fechado, e o corpo é decomposto por micróbios dentro de 30 dias.
O produto final é um solo seco, macio e rico em nutrientes, semelhante àquele comprado em casas de jardinagem e indicado para hortas de vegetais.
"Tudo – incluindo ossos e dentes – é recomposto", afirma Spade. "Isso porque nosso sistema cria o ambiente perfeito para micróbios termofílicos (ou seja, que gostam do calor) e bactérias benéficas para destruir tudo bem rapidamente."
O processo utilizado pela Recompose é o mesmo usado há décadas com animais de fazenda. Testes clínicos realizados pela universidade em Washington concluíram que ele é seguro também para ser usado com corpos de seres humanos.
A nova lei vem num momento em que se busca alternativas para lidar com o pouco espaço em cemitérios urbanos, bem como com a emissão de gases de efeito estufa gerada pela cremação. Segundo a AFP, mais da metade dos americanos opta por ser cremada. No estado de Washington, essa porcentagem pula para 75% das pessoas.
As tradições relacionadas à morte estão mudando rapidamente nos Estados Unidos, e alternativas ecologicamente sustentáveis estão "crescendo em popularidade entre os consumidores", afirmou a Associação Nacional de Diretores de Funerárias dos Estados Unidos.
Segundo uma pesquisa feita em 2018 pelo órgão, quase metade dos entrevistados expressou interesse em explorar alternativas mais verdes no pós-morte. Entre as opções que ganham popularidade, estão caixões feitos de materiais orgânicos.
Mas nem todos são favoráveis à ideia de transformar o corpo humano em adubo, especialmente a Igreja Católica, que denunciou a técnica como indigna e questionou seu impacto ambiental.
"A prática de enterrar os corpos de pessoas que faleceram mostra uma maior estima pelo falecido", diz Joseph Sprague, diretor executivo da Conferência Católica do Estado de Washington, em uma carta ao comitê legislativo que analisou a lei assinada pelo governador na terça-feira (21/05).
Sprague acrescentou que usar restos mortais para fazer compostagem comum é contra a doutrina da Igreja. "A Igreja Católica acredita que eliminar restos humanos de tal maneira significa não mostrar respeito suficiente pelo corpo do falecido", afirma.
Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir.
Foto: picture-alliance/dpa
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Foto: picture-alliance/dpa
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Foto: Mobisol
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Foto: Gemeinde Saerbeck/Ulrich Gunka
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Foto: 350.org/Linda Choritz
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Foto: DW/G. Rueter
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen
Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
Foto: Getty Images/J. Sullivan
Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Foto: imago/R. Lueger
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Foto: Oliver Ristau
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.