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Estado de saúde de Mandela concentra atenções na África do Sul

Ludger Schadomsky, de Pretória (av)28 de junho de 2013

Primeiro presidente negro do país e líder da luta contra o regime segregacionista do apartheid está internado com problemas pulmonares há 20 dias. Sul-africanos e estrangeiros acompanham desenvolvimento com apreensão.

Foto: Reuters

O hospital Mediclinic Heart, em Pretória, está parcialmente interditado e é estritamente vigiado por forças de segurança sul-africanas. Do lado de fora, dezenas de cidadãos rezam pela recuperação de Nelson Mandela, ícone anti-apartheid e o primeiro presidente negro da África do Sul após o fim do regime segregacionista liderado pela minoria branca no país entre 1948 e 1994. Mandela, de 94 anos, foi internado em 08/06 com uma infecção pulmonar e seu estado de saúde é considerado crítico.

Vez por outra, um ou outro dos presentes espontaneamente entoa um canto – entre outros, o hino Ga a yo o tshwanang le yena ("Não há ninguém como ele").

Enfeitando a cerca da instituição hospitalar, buquês de próteas, a flor nacional da África do Sul, ursinhos de pelúcia e desenhos infantis. "Nós te amamos, tata (pai)", dizia o cartaz de uma classe escolar. Entre outras homenagens, um negociante local mandou soltar 100 pombas brancas no céu de Pretória, a capital executiva da África do Sul, em reconhecimento ao trabalho de reconciliação do fundador da chamada "Nação do Arco-Íris" – com o fim do apartheid, o país deveria se transformar em "colorido" em vez de "preto e branco".

Nesta sexta-feira (28/06), a ex-esposa de Mandela, Winnie Madikizela-Mandela, deu declaração à imprensa do lado de fora do hospital. "Em comparação com o que vimos há alguns dias, o estado de saúde dele apresentou grande melhora", afirmou.

Herói nacional

Nos últimos dias, segundo o jornal The Citizen, baseado em declarações de familiares, o primeiro presidente negro a África do Sul estaria respirando por meios artificiais e apresentaria insuficiência renal.

Vigilância rigorosa na Mediclinic de PretóriaFoto: DW/L. Schadomsky

Em Soweto, gigantesca favela na periferia da capital econômica sul-africana, Johannesburgo, a antiga residência de Mandela se tornou uma espécie de local de peregrinação nos últimos dias. A preocupação com o estado de saúde de "Madiba" (nome de clã de Mandela, carinhosamente usado pelos sul-africanos) leva muitos cidadãos e também turistas a prestarem homenagens ao herói nacional.

Na quinta-feira (27/06), alunos do ensino primário visitaram a casa de Mandela em Johannesburgo. "Ele nos libertou, e queremos dizer a ele que o amamos muito", conta um dos alunos. "Ele é meu herói. Ele lutou pela nossa liberdade", completa outro. "Por isso, ele é como um pai para mim."

De acordo com os responsáveis pelo museu, o número de visitantes à Mandela House (Casa de Mandela) aumentou nos últimos dias.

Atenção mundial

Desde o final de 2012, Nelson Mandela foi internado quatro vezes, a última em 8 de junho, com uma infecção pulmonar que pode ter sido originada pela tuberculose que Mandela contraiu durante os quase 18 anos que ficou preso na Ilha de Robben, no litoral da Cidade do Cabo. Ao todo, foram 27 anos de detenção do líder da luta contra o apartheid.

Palavraas de apoio chegam de todo o mundo à Africa do SulFoto: DW/L. Schadomsky

A atenção dedicada a Mandela nos últimos dias poderia ser comparada a 1990, ano em que o prisioneiro político mais famoso do mundo foi libertado. Mandela acabou saindo de Soweto porque ficou incomodado com a presença constante da imprensa e de curiosos. "Por isso, a casa virou um museu", afirma Jane Monakwane, guia no local.

Brian, um australiano, deixou de ir a uma reunião de negócios para visitar a Mandela House. "Pessoas de todo o mundo estão prestando homenagens a ele. Mandela é reconhecido em todo o mundo pela sua luta pela liberdade. Ele se empenhou pelo tratamento igual de negros e brancos. Rezo por ele e por sua família."

O alemão Jochen Ritzmann, outro visitante do museu, também acompanha o estado de saúde de Mandela. "Espero que ele não esteja sofrendo."

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