1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

"Estado Islâmico" captura quartel-general curdo em Kobane

10 de outubro de 2014

Jihadistas já controlam 40% da cidade, apesar de ataques aéreos. Enviado da ONU para Síria pede que Ancara permita ida de voluntários a Kobane e apoie coalizão internacional.

Foto: picture-alliance/AA/M. Kula

Após severos combates, a milícia radical islâmica "Estado Islâmico" (EI) capturou o quartel-general das milícias curdas em Kobane, cidade síria na fronteira com a Turquia, informou nesta sexta-feira (10/10) o Observatório Sírio dos Direitos Humanos. Segundo a entidade, os jihadistas já controlam 40% da cidade.

Desde segunda-feira, Kobane – também chamada de Ayn al-Arab em árabe – é palco de severos combates em que os jihadistas conseguem ganhar terreno, apesar dos ataques aéreos internacionais. Nesta quinta-feira, eles tomaram um posto de segurança que abriga a sede da polícia curda, assim como o centro de comando das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG) e a prefeitura local, localizado na área central de Kobane.

O Observatório Sírio, baseado no Reino Unido, afirmou ainda que o EI está tentando "a todo custo" capturar a borda da cidade mais próxima à Turquia, no esforço para cortar a única linha restante de comunicação de Kobane com o mundo exterior.

Há semanas membros das forças curdas YPG, com menos armas e em menor número que o EI, pediam suporte aéreo, ainda enquanto lutavam contra os jihadistas nas regiões rurais em torno de Kobane. Eles também acusam a Turquia de impedi-los de reabastecer suas forças, afirmando que estão com pouca munição.

Motocicletas para fugir dos bombardeios

A Turquia tem tropas estacionadas na fronteira, mas até agora não interveio. Sem o envio de tropas terrestres, Kobane parece que não resistirá. Embora tenham ocorrido novos ataques aéreos da coalizão internacional liderada pelos EUA no sul e no leste da cidade na madrugada de quinta para sexta-feira, de acordo com o Observatório Sírio, estes parecem ter efeito limitado. Segundo o Observatório, os jihadistas passaram a se mover com motocicletas para transportar munição e escapar de ataques aéreos.

Protestos de curdos na Turquia causaram ao menos 31 mortosFoto: Getty Images/Afp/Adem Altan

O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, apelou para que a Turquia permita "pelo menos" que refugiados curdos passem para o outro lado da fronteira, para que possam participar da defesa de Kobane. Ele também exortou Ancara a apoiar a coalizão militar internacional a partir de seu próprio território.

Apelo à Turquia

Mistura alertou que os 700 habitantes restantes da área central da cidade, em sua maioria idosos, assim como cerca de 12 mil outros civis que habitam as áreas periféricas, estão ameaçados de sofrer um "massacre", caso os islamistas conquistem Kobane.

O pronunciamento é tido como pouco comum dentro de uma instituição como a ONU, que normalmente procura permanecer neutra em conflitos. Mistura explicou que o apelo se deve à situação precária da cidade fronteiriça.

O ministro do Exterior da Turquia, Mevlut Cavusogl, disse "não ser realista" esperar que a Turquia inicie sozinha uma operação militar terrestre contra os jihadistas.
Enquanto isso, a coalizão internacional realizou 28 ataques aéreos em torno de Kobane nesta quarta-feira e ao menos 14 nesta quinta-feira, de acordo com o Comando Central dos EUA.

Na Turquia, milhares de curdos foram às ruas protestar contra a política turca com relação a Kobane. De acordo com o ministro do Interior turco, Efkan Ala, ao menos 31 pessoas morreram desde segunda-feira em confrontos com a polícia, incluindo tanto islamistas quanto nacionalistas. Segundo ele, 360 outras ficaram feridas, incluindo 139 policiais. De acordo com esse primeiro balanço oficial, mais de mil manifestantes foram detidos.

MD/afp/dpa

Pular a seção Mais sobre este assunto

Mais sobre este assunto

Mostrar mais conteúdo